Capítulo 11

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- O plano -
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Quando Aurora deixou os aposentos particulares de Snape, já passava das dez da noite. Ela saiu da sala tonta e exausta, com os pensamentos confusos e uma fome avassaladora.

Caminhou pelos corredores desertos - àquela hora iluminados apenas por arandelas, que queimavam num fogo eterno - e dirigiu-se até a cozinha, localizada diretamente sob o Salão Principal.

Os elfos domésticos já estavam preparando os pratos para o café da manhã, mesmo assim, sorriram e inclinaram a cabeça quando viram Aurora, rapidamente oferecendo-se para ajuda-la. Todos eles usavam o mesmo uniforme; uma toalha de chá estampada com o timbre de Hogwarts e amarrada como uma toga. E logo, cinco se juntaram para fazer o maior sanduíche de queijo quente que ela já havia visto.

Quando se deu por satisfeita, Aurora voltou para a comunal da Sonserina, torcendo para que Pansy e Daphne já estivessem dormindo. Não queria responder a nenhuma pergunta naquele momento, muito menos explicar o que estava fazendo.

Felizmente os deuses ouviram suas preces, pois quando chegou ao dormitório, o cômodo estava mergulhado na escuridão, e era possível ouvir apenas a respiração suave das duas colegas. Com a cabeça ainda latejando de dor, Aurora deitou-se e logo a exaustão pesou sobre seu corpo, fazendo com que ela dormisse assim que a cabeça tocasse o travesseiro.

Em contra partida, não demorou muito para que pesadelos antigos aparecessem, adicionando mais angústia e desespero aos seus sentimentos usuais.

Mais uma vez, Aurora estava na Mansão Malfoy, atravessando a passagem secreta que levava a uma masmorra. O ar ali era denso e sinistro, pesando sobre os ombros como um manto pesado. Dessa vez, a porta no fim do corredor estava aberta, e lá dentro, diversas pessoas encapuzadas organizavam-se num grande círculo. Todos com a cabeça baixa, imóveis, em um silêncio sombrio.

Aurora aproximou-se com passos lentos, incapaz de controlar as próprias pernas. Ninguém parecia ter notado sua presença, e por um momento, ela pensou que eles não podiam vê-la. Mas então, uma das figuras encapuzadas deu um passo a frente, revelando seu rosto.

Os olhos inconfundíveis de Arcturus piscaram para ela. O belo rosto era quase um espelho do seu, exceto pelo medo e assombro que transformavam as feições dela.

Não... — sussurrou Aurora, com dor na voz.

— Esse é o seu destino. Esse é o nosso legado. Não há como escapar. — disse Arcturus, o tom suave e manso como veludo. — Junte-se a nós.

Aurora deu um passo para trás, em pânico, suas mãos tremiam assim como o resto do corpo. Tentou se afastar lentamente, mas sentiu o corpo chocar-se contra algo sólido.

Ela congelou. A respiração ficou presa na garganta, o medo penetrou os ossos. Era possível sentir uma sombra volumosa erguendo-se às suas costas. E ao olhar sobre os ombros, ela o viu. Um ser alto e esguio, com uma frieza gélida que emanava do corpo. Um rosto desfigurado, inumano, semi coberto por um manto preto. Pele cinza e escamosa, olhos vermelhos irreais, visíveis até na mais profunda escuridão.

Aurora recuou, gritando, os olhos arregalados. Tropeçou nos próprios pés e sentiu o corpo cair no vazio, os braços estendidos, tentando agarrar qualquer coisa que a impedisse de despencar  naquele abismo. De repente, seu corpo bateu contra a cama novamente e o choque a fez acordar aos berros.

— Não! Não, por favor! — gritou ela, esperneando e chutando os cobertores para longe. — Não!

Mãos geladas a seguravam de todos os lados, tentando agarra-la. Leva-la de volta para aquele inferno.

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