Capítulo 5 - Fuga da Cidade / Parte 1/2

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    A noite continuava fria e densa, mas nem mesmo o frio era o bastante para suprimir as chamas que destruíam a cidade. Pessoas corriam gritando em desespero pelas ruas, crianças choravam enquanto suas casas eram queimadas e homens tentavam a todo custo suprimir as chamas com baldes de água.

    Contrastando com o amarelo vivo da chama que destruía a cidade, duas chamas azuis voavam sobre as cinzas dos casarões já destruídos, essas chamas portavam as almas de seres tão antigos quanto a própria grande guerra. Finalmente achando aquele que seria seu hospedeiro, uma das chamas azuis impulsionou-se ao solo invadindo o corpo de uma das pessoas que estavam correndo pela rua abaixo. A outra chama azul, também impulsionou-se ao solo, invadindo o corpo da pessoa mais próxima da que a primeira chama invadiu.

    — Aaaaahhhhh! Vivo! Finalmente vivo! — falou a primeira chama levantando os braços depois de dominar por completo seu hospedeiro.

    — Estamos de volta, irmão — disse a segunda chama depois de dominar seu hospedeiro e olhar o caos a sua volta, exibindo um sorriso satisfeito no rosto. — Sheilak fez um bom trabalho — completou.

    — A nossa irmãzinha sempre foi louca por destruição, e esse caos combina muito bem com ela —  falou a primeira chama azul desinteressadamente enquanto examinava o corpo que dominou.

    — Você não fica muito atrás sobre gostar de destruição, Sanuk.

    — Você tem razão, Sunek, e esse novo corpo vai me ajudar a rachar muitos crânios.

    Os dois irmãos eram gêmeos em sua vida há muito tempo passada, e seus corpos refletiam muito bem que tipo de personalidade cada irmão tinha. O corpo que Sanuk dominou era de um jovem no auge de seus dezessete anos, com um metro e noventa centímetros de altura, propenso naturalmente para batalhas físicas. Já Sunek, não ligava muito para que corpo carregaria sua alma, visto que seu hospedeiro era fraco e de pouca estatura, mas sua habilidade natural controlando as chamas era tão forte, que suprimia qualquer desvantagem física existente.

    — Certo, para onde vamos agora, Sunek?

    — Acho que seria bom encontrarmos algum jeito de achar nossos outros irmãos.

    — E como faremos isso, irmão?

    — Fazendo bastante barulho para que todos eles possam nos ouvir — disse Sunek terminando sua fala com um sorriso malicioso no rosto.

    — Adorei a ideia — completou Sanuk invocando uma esfera de fogo em uma de suas mãos.

...

    Uma mulher com roupas parcialmente queimadas, andava pelas ruas repletas de terror de Karian. Apesar de seu corpo físico estar pela faixa dos quarenta anos, a mulher era extremamente bonita, e seu longo cabelo preto juntamente com seu olhar afiado, se encaixava perfeitamente com seu caminhar digno de uma rainha.

    — Que bela festa de boas vindas, irmãzinha Sheilak, me sinto lisonjeada — sussurrou a mulher para si mesma, respirando fundo as cinzas das chamas enquanto olhava para o céu, abrindo seus braços no processo.

    A mulher começou a saltitar e rodopiar, enquanto murmurava uma canção. A dança que a mulher reproduzia, contrastava perfeitamente com o caos que a cidade estava imersa, e as labaredas das casas quase totalmente queimadas davam à dança da mulher um cenário perturbador, mas ao mesmo tempo lindo.

    Explosões foram ouvidas pela mulher, e pessoas correndo em sua direção atrapalharam a sua "dança".

    — Corra, senhorita! Demônios estão atacando a cidade! — alertou um homem à mulher, enquanto corria em desespero.

    — Demônios, é? — disse a misteriosa mulher abrindo um sorriso em seu rosto.

    Andando contra a multidão de pessoas que corriam para além dela, a mulher caminhou lentamente até o foco das explosões que estavam tumultuando as pessoas. Ao chegar aonde queria, a mulher notou que a causa das explosões era exatamente o que ela pensava, acabando por acenar para si mesma, satisfeita por causa da sua perfeita dedução.

    — Vocês já estão bem grandinhos para fazerem tanta bagunça, irmãos — disse a mulher enquanto lançava um olhar provocativo para os dois irmãos gêmeos.

    — Kailak... — sussurrou Sunek enquanto abria um sorriso perturbador em seu rosto.

    — Irmãzona! — gritou Sanuk correndo para cima de Kailak com uma adaga em mãos, que encontrou presa em sua cintura.

    Lembrando de uma sensação nostálgica, Kailak concentrou o calor das chamas a sua volta em sua própria mão, formando uma esfera de fogo pulsante. Manipulando a bola de fogo produzida, a majestosa mulher a impulsionou em um ataque na direção de Sanuk, que avançava ferozmente para cima dela. O ataque acertou Sanuk fazendo-o voar para um dos casarões em chamas ao lado da rua.

    — Forte como sempre, irmã — afirmou Sunek produzindo uma bola de fogo em cada mão.

    — Forte o bastante para sempre te derrotar, irmão — respondeu Kailak à provocação do seu irmão produzindo suas próprias bolas de fogo no processo.

    Uma batalha frenética se iniciou entre os dois irmãos. Bolas de fogo voavam em todas as direções, e os casarões já parcialmente destruídos pelo fogo, ficavam agora totalmente em destroços pelos intensos ataques lançados em meio à luta. Os ataques lançados por Sunek, sobrepujavam aos poucos os de Kailak, que recuava perante o grande poder de seu irmão.

    — Meu poder é bem maior que o seu, maldita!

    O grito proferido por Sunek, foi alto o bastante para ser ouvido por sua irmã em meio ao barulho dos ataques.

    Percebendo que perderia aquele embate se não agisse rápido, Kailak esquivou para o lado evitando ataques de fogo que vinham em sua direção. Sunek se preparava para lançar outra rajada de ataques contra Kailak, mas essa age rápido. Percebendo um homem se escondendo entre os destroços de uma casa, tentando a todo custo se proteger dos ataques perdidos que vinham da batalha entre os dois irmãos, Kailak correu para onde ele estava. Vendo a mulher se aproximar de si, o homem colocou as mãos em defesa na frente do rosto enquanto se agachava, tentando se proteger de alguma forma da mulher.

    — Por favor, não me machu…

    Antes de terminar sua súplica por piedade, o homem foi pego pela garganta por Kailak que o queimou até a morte, mas a impiedosa mulher tratou de não queimar o corpo todo, para que assim seu plano pudesse ser executado.
    — Correndo e se escondendo de mim, irmã? Isso não faz seu tipo! — disse Sunek esbanjando uma expressão confiante em seu rosto.

    Colocando o corpo na frente de si para usá-lo como escudo, Kailak avançou até onde seu irmão estava. Olhando confuso para o corpo que sua irmã carregava, Sunek o ignorou e começou a lançar ataques de fogo na direção de Kailak. Avançando o mais rápido que podia, Kailak diminuiu drasticamente a distância entre ela e seu irmão, enquanto este atacava em massa o corpo que ela segurava, queimando até os ossos a carcaça do homem já morto. Rolando para o lado, a mulher impiedosa deixou o corpo destruído pelas chamas desabar no chão, avançando para cima de seu irmão no processo. Antes que Sunek pudesse mudar a direção de seus ataques, é atacado por um forte soco desferido por Kailak. Devido ao corpo fraco, Sunek caiu facilmente no chão, tendo sua visão borrada enquanto sentia uma forte dor na cabeça. Se agachando sobre o corpo de seu irmão caído no chão, Kailak disse:

    — Seu poder pode ser um pouco maior que o meu, mas sua arrogância sobre o mesmo o faz perder facilmente para mim, irmão.

    Kailak terminou sua fala oferecendo sua mão, para que Sunek pudesse se levantar.

    Sunek aceitou a ajuda de sua irmã, exibindo insatisfação em seu rosto por ter perdido a luta entre eles. Os dois irmãos observaram Sanuk sair dos escombros em que foi lançado, enquanto esse avançava correndo até eles.

    — Me acertou em cheio, irmãzona!

    — Tente usar mais suas chamas e não depender somente de seu corpo físico, seu idiota, vai acabar sendo morto logo depois de voltar a vida se continuar desse jeito.

    — Os humanos são muito frágeis, se eu usar as chamas todas as vezes em uma luta, nunca terei uma luta decente.

    Kailak respirou fundo enquanto balançava negativamente a cabeça, reprovando o que o irmão disse.

    — Faça como quiser, mudando de assunto, vocês já acharam Sheilak ou algum de nossos outros irmãos?

    — Estávamos tentando chamar a atenção dela, destruindo a cidade e fazendo bastante barulho — disse Sunek ainda amargurado pela derrota que sofreu.

    — Isso não vai ser o suficiente para encontrá-los.

    — E o que você sugere, irmãzona? — perguntou Sanuk.

    Olhando para a bandeira iluminada pelo fogo que destruía a cidade no topo do palácio, Kailak disse:
    — É bem óbvio onde nossa irmãzinha estaria em uma hora dessas, ela é do tipo que derruba o rei antes mesmo de passar por seus peões.

...

    — Você sabe para onde está indo, velhote!?

    — É claro que sei, garoto!

    Correndo pelo complexo de corredores que davam ao palácio um certo toque de labirinto, os quatro sobreviventes do massacre na sala do conselho procuravam desesperadamente uma saída do imenso palácio.

    — A esquerda, vire à esquerda — disse Karoc apoiado em Doran enquanto usava as poucas forças que tinha para falar.

    Virando a esquerda no cruzamento de corredores à sua frente, Friedrich que liderava o grupo tentava se manter em movimento, mas Kael que estava sobre seu ombro o socou no rosto, obrigando o homem trajado com a armadura de fênix a soltá-lo abruptamente. Caindo no chão, o príncipe rapidamente se levantou e correu para onde Karoc estava com Doran.

    — Karoc!

    Vendo o príncipe se aproximar, o capitão de guarnição dispensou educadamente o braço de Doran que lhe dava apoio, e se sentou no chão com as costas apoiadas no corredor.

    — Meu príncipe, me perdoe... — falou Karoc chorando enquanto olhava para o jovem na sua frente. — Eu nada pude fazer para salvar seu pai, não mereço ser capitão se nem mesmo posso salvar o meu rei.

    O príncipe com o rosto repleto de lágrimas se ajoelhou na frente de Karoc, encostando sua testa na testa do capitão.

    — Eu vou matá-lo, Karoc, matarei aquele maldito Modag e vingarei meu pai.

    O rosto do príncipe era puro ódio enquanto proferia sua promessa de vingança.

    — Não foi o chefe alquimista que matou seu pai, Kael, a morte do rei foi consumada por um ser antigo e não humano. — Karoc enxugou as lágrimas de seu rosto, voltando a expressão habitualmente séria de um soldado.

    — Não humano?

    O príncipe parecia confuso diante das palavras proferidas pelo capitão.
    Antes que Karoc pudesse lhe explicar, Friedrich se aproximou dos dois tomando a fala e massageando o local onde recebeu o golpe de Kael.

    — Então você também sabe o que são aquelas coisas.

    O capitão se surpreendeu pelo homem de armadura na sua frente também ter conhecimento sobre a verdadeira identidade dos assassinos do rei.

    — É complicado de explicar como eu sei, mas sim, eu sei algumas coisas sobre eles. Eles são descendentes do fogo, poderosos inimigos que a humanidade teve que enfrentar na antiga grande guerra.

    — Você está certo — disse Friedrich concordando com a explicação do homem ferido no chão. — Primeiramente temos que arranjar um jeito de sair deste palácio, para que assim possamos reunir as informações que conseguirmos para contra-atacar eles.

    — Quando eu vim entregar o cavalo a um dos capitães da guarda real que o comprou, eu vi um estábulo na área leste do jardim perto da entrada do palácio, poderíamos pegar alguns cavalos de lá — sugeriu Doran tentando ajudar de alguma forma, mesmo não entendendo o que aqueles homens na sua frente estavam falando.
— O estábulo que deixamos nossos cavalos fica a oeste, que é de onde vinhemos, então definitivamente não podemos voltar para lá — disse Doran à Friedrich, que por sua vez concordou com a cabeça.

    — Você está certo, garoto — O homem ferido no chão apontou para trás de Doran. — Se seguirmos por este caminho reto e dobrarmos a esquerda no primeiro cruzamento, chegaremos ao jardim que você falou, depois é só irmos até o estábulo na área de treinamento dos soldados.

    — Não podemos fugir! Temos que enfrentar aqueles desgraçados! — gritou o príncipe frustrado por sua impotência.

    Karoc levantou debilmente do chão, apoiando suas duas mãos nos ombros do príncipe em seguida.

    — Pense, garoto! Você viu o que aqueles demônios fizeram com os três lordes de cidade com maior maestria com a espada, você viu o que eles fizeram com o seu pai!

    O capitão de guarnição gritava com o príncipe, enquanto este cerrava os punhos tentando suprimir sua raiva por sua fraqueza.

    — Devemos nos reagrupar em outro lugar como esse homem disse. — Karoc tirou uma de suas mãos dos ombros de Kael e apontou para Friedrich. — E pensar em algum modo de derrotar esses demônios.

    O príncipe concordou relutantemente com o capitão, e após isso todos seguiram para os estábulos na esperança de encontrarem cavalos para fugirem do palácio.
    No caminho para os estábulos, os quatro sobreviventes notaram que dezenas de soldados corriam para a sala onde o rei foi assassinado, e deduziram que o barulho vindo das explosões causadas pelas bolas de fogo anteriormente, alertou toda a guarda do palácio que estava fervorosa, e logo não só a guarda, mas todo o reino descobriria que seu rei já não mais estava entre os vivos.

    Chegando no jardim, a visão era de uma tragédia. O majestoso jardim real, aclamado como uma das joias de Karian, estava agora em chamas, sendo reduzido a cinzas aos poucos pelo fogo que tudo consumia. Apesar da raiva evidente no rosto de Kael por ver sua casa sendo destruída aos poucos, o príncipe continuou seguindo para o estábulo junto com o resto do grupo que lhe acompanhava.

    — Trinta homens para o portão norte! Vinte homens para o oeste do palácio! Mexam-se seus estrumes de cavalo!

    Quando o grupo chegou à área de treinamento dos guardas do palácio, a voz de um dos capitães da guarda real pode ser ouvida acima do barulho de dezenas de soldados marchando para diferentes posições.

    — Raritof!

    Karoc chamou o capitão que dava as ordens, e apesar do barulho naquela área ser intenso, o capitão ouviu sua voz.

    — Capitão de guarnição Karoc! — O capitão Raritof saudou o homem que o chamou com uma continência militar.

    — Karoc, onde está o rei? Enviei dezenas de soldados à sua procura, mas nenhum deles voltou.

    — O rei está morto... — disse Karoc com uma expressão angustiante em seu rosto.

    — Demônios que invocam fogo de suas mãos, mataram nosso rei.

    O homem de meia idade com um rosto cansado chamado Raritof, procurou sinais de mentira na face de Karoc pelo que ele disse, mas passado algum tempo, tirou seu elmo colocando-o próximo ao peito, em sinal de respeito pela morte do rei ao perceber que era verdade o que Karoc disse.

    — Meu rei... meu rei está morto... — sussurrou o capitão da guarda para si mesmo, ainda incrédulo. — Que Primardia guarde sua alma para todo o sempre, até o dia em que nos reencontraremos.

    Raritof caminhou até Kael, que permaneceu imerso em seus próprios pensamentos conturbados por causa da morte de seu pai.

    — Eu lhe juro minha espada, eu lhe juro minha lealdade, eu lhe juro meu coração, juro até mesmo minha vida se assim meu rei precisar — proferiu Raritof se ajoelhando perante Kael, enquanto entoava o tradicional juramento para novos reis de Karendol.

    — Eu não posso... eu não mereço... — falou Kael desviando seu rosto, não conseguindo olhar nos olhos de Raritof para concluir sua parte no juramento.

    — Diga, garoto! Seu pai iria querer isso! — gritou Karoc tentando motivar o príncipe de alguma forma em meio a tragédia que estava sendo aquela noite.

    — Eu lhe juro minha liderança, eu lhe juro minha sabedoria, eu lhe juro minha misericórdia, juro até mesmo minha vida se assim a grande Karendol precisar.

    Kael proferiu cada palavra do juramento enquanto mantinha seus punhos cerrados e lágrimas escorrendo pelo rosto. Até mesmo os soldados que marchavam ali perto, pararam para ver o nascimento do novo rei na mesma noite em que o antigo morria. Dezenas de homens foram ao chão proferindo o mesmo juramento que seu capitão, jurando sua lealdade ao novo rei.

    — Seja um bom rei, jovem Kael — disse Raritof com um sorriso acolhedor.

    Com o rosto ainda cheio de lágrimas, Kael se restringiu a apenas acenar em concordância para o capitão. Interrompendo a cena que se passava na sua frente, Friedrich disse:

    — Devemos nos apressar até o estábulo, temos que ir agora.

    — Eu não entendi muito bem quem são esses demônios que mataram nosso rei e estão destruindo nossa cidade, mas darei o meu máximo para segurá-los enquanto vocês fazem o que precisam fazer — falou Raritof enquanto olhava para o grupo na sua frente. — O destino de nosso reino está em suas mãos, meu rei, tome cuidado em sua jornada — completou o capitão olhando para Kael.

    Depois de Karoc se despedir de Ratorif, os quatros saíram em direção ao estábulo.

    — Achei! — gritou Doran depois de ter tomado a frente do grupo como batedor, para encontrar o estábulo mais rápido.

    Tanto Friedrich quanto Kael, que ajudava o ferido Karoc a andar, foram até a direção de onde a voz de Doran veio.

    — Você sabe selar um cavalo, garoto?

    — Claro que sei, Harud me ensinou tudo sobre cavalos — disse Doran, convencido de suas habilidades.

    — Me ajude a selar quatro cavalos então.

    Enquanto o garoto de cabelos negros e o homem de armadura com a fênix preparavam os cavalos, Karoc e Kael ficavam de guarda na entrada do estábulo, até que um baixo barulho vindo do fundo do estábulo deixou todos tensos, o que fez Friedrich e Doran entrarem em posição de luta. Kael e Karoc também percebendo o barulho vindo do fundo do estábulo, também se prepararam para lutar. Saindo de onde estavam escondidos, Rarog e sua sobrinha Adalia entraram no campo de visão do grupo.

    — Que coincidência Primardia permitir que nos reencontremos novamente em meio a todo esse caos, general Kondoim.

    — Uma agradável coincidência, meu bom senhor — falou Friedrich abaixando a guarda e percebendo seus companheiros fazendo o mesmo.

    — Vejo que vocês também tem pretensão de fugir desse inferno — afirmou o velho homem apontando para todos do grupo. — Creio que seria vantajoso se todos fugíssemos juntos.

    — Não fugiremos! Nos reagruparemos em outro local e planejaremos um contra-ataque! — gritou o príncipe em direção a Rarog.

    — Perdão, príncipe, não quis lhe deixar com raiva, certamente seu pai resolverá toda essa situação que sua cidade se encontra — falou o homem tentando apaziguar a raiva de Kael.

    — Meu pai está morto — Kael desviou seu olhar frustrado de Rarog.

    — Perdão, como disse? — perguntou o velho homem confuso.

    — Não temos tempo para explicações, meu senhor, temos que sair deste palácio o quanto antes, e ficaríamos felizes se vocês dois nos acompanhassem.

    O homem chamado Rarog parecia confuso, mas concordou com o que Friedrich disse, e em questão de minutos seis cavalos estavam selados e preparados para partir. Galopando por dentro do palácio, o grupo agora com seis pessoas se dirigia rapidamente ao sul do jardim real, que era onde ficava a saída mais acessível e sem tumulto de guardas. Chegando ao grande portão de madeira que indicava a saída, Karoc pediu aos dois guardas que guardavam o portão para abri-lo, mas antes que assim fizessem, o gigantesco portão de madeira explodiu, lançando estilhaços de madeira para todo lado.

    — O que está acontecendo? — gritou Doran se protegendo dos estilhaços de madeira, que voavam até ele e seus companheiros.

    — Você sabe como fazer uma entrada triunfal, irmãzona.

    — Minha explosão seria bem mais forte.

    Sanuk e Sunek alternavam suas falas enquanto seguiam a mulher na sua frente.

    — Não eram vocês que queriam fazer bastante barulho para nossos outros irmãos ouvirem?

    A mulher de cabelos negros e andar digno da realeza, avançou pelos portões destruídos, impedindo que o grupo de Friedrich fugisse do palácio.

    Todos os seis esbanjaram expressões que iam desde raiva e frustração, até cautela e medo, perante as três figuras que se aproximavam.

    — Mamãe...?

    O olhar de Doran parecia perdido enquanto olhava para a mulher que destruiu o portão.

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