Capítulo 5 - Fuga da Cidade / Parte 2/2

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    — Mamãe, o que você está fazendo aqui? — O garoto desceu de seu cavalo e começou a caminhar até a mulher de olhar afiado e roupas parcialmente queimadas.

    Percebendo para qual direção Doran caminhava, Friedrich também desceu de seu cavalo e foi correndo de encontro ao garoto.

    — O que você está fazendo!? — gritou Friedrich, interceptando Doran antes que chegasse até a mulher.

    — Ela... ela é minha mãe, velhote — disse Doran com prenúncias de lágrimas em seus olhos.

    — Ela não é mais quem você conheceu, garoto! Sua alma já foi devorada pelas chamas! — insistiu Friedrich, mas o jovem só queria chegar àquela que outrora foi sua mãe.

    — Que emocionante, quer dizer que a antiga dona desse corpo era sua mãe? — falou Kailak demonstrando falsa empatia para com Doran. — Vejamos... Doran seu nome, né? Abandonado em um orfanato aos oito anos de idade... provável filho de uma prostituta... essa mulher guardou segredos terríveis de você, meu jovem, segredos que você não faz nem ideia — disse Kailak enquanto mantinha seus olhos fechados e relembrava memórias da antiga dona de seu corpo.

    — Devolva a minha mãe! — gritou Doran se afastando de Friedrich e correndo até a mulher.

    Percebendo a rápida aproximação do jovem, Kailak levantou uma barreira de fogo do chão impedindo o avanço de Doran. Fechando seus olhos e deixando o nandar da visão fluir pelo seu corpo, Doran focou seu poder em seus pés, Impulsionando seu corpo no processo e saltando sobre a barreira de fogo erguida à sua frente, caindo assim próximo a Kailak.

    — Devolva... a minha.... mãããe! — gritou Doran pulando em cima da mulher, que não teve tempo de reagir diante o ataque recebido.

    Sendo jogada ao chão por Doran, Kailak abriu uma expressão severa em seu rosto.

    — Eu estou realmente irritada, moleque,  abaixei a guarda para você uma vez, e isso não vai acontecer novamente — afirmou Kailak levantando do chão, enquanto invocava bolas de fogo das suas mãos.

    Uma sequência de ataques de fogo vindos em direção a Doran, deixou o garoto encurralado, e a mesma sensação que sentiu na noite uma semana atrás quando era espancado por Jorin e Jakah, voltou a assolar sua mente, essa sensação indicava perigo, essa sensação indicava morte. Prestes a receber a rajada de ataques, Doran é salvo no último instante por Friedrich, que se joga na frente do garoto recebendo todo o dano dos ataques em sua armadura.

    — Velhote!

    Depois de ser levado ao chão pela intensidade dos ataques, Friedrich se levantou cambaleando.

    — Eu estou bem, garoto, vá ajudar os outros e me deixe cuidar dessa aqui.

    Doran queria ficar e ajudar Friedrich, mas se reteve a obedecê-lo, correndo para onde Karoc, Kael, Rarog e Adalia estavam.

    — Como você resistiu aos meus ataques? — indagou indignada a mulher que agora enfrentava Friedrich.

    — Os humanos são bem mais fortes do que você imagina.

    Kailak recuou diante da frase dita.

    — Humanos miseráveis, vocês já nos mataram uma vez e isso não vai acontecer novamente!

    Invocando uma espada feita de puro fogo de suas mãos, a mulher avançou para cima de Friedrich, indicando o começo da intensa luta que aconteceria entre eles.

    — Vocês estão bem? — perguntou Doran ofegante após correr de volta até onde seu grupo estava.

    — Você certamente é um louco, plebeu, como pode correr daquele jeito para cima do inimigo sem nem mesmo ter um plano de ataque?

    Doran franziu seu cenho diante da fala do príncipe ao lembrar que Kael fez o mesmo que ele, correndo para salvar o rei depois que foi atacado.

    — Calem a boca, vocês dois! — vociferou Adalia que se manteve calada desde o estábulo. — Tenho certeza que o que aquela mulher fez destruindo o portão e erguendo fogo do chão não é normal, e tenho mais certeza ainda que pular alto daquele jeito não é nem um pouco normal também — disse Adalia indicando Doran ao terminar sua fala.

    — Independentemente do que esteja acontecendo e de quem estamos enfrentando, temos que seguir o plano original e fugir daqui o mais rápido possível, antes que esse palácio seja totalmente engolido pelas chamas — falou Rarog apontando para o jardim em chamas atrás deles.

    — Você tem razão, tio, devemos prosseguir com nossa fug…

    Antes que Adalia terminasse sua fala, as duas figuras que acompanhavam a mulher que agora estava lutando contra Friedrich, se aproximaram de onde eles estavam.

    — Não é apenas nossa irmã que pode se divertir, certo, Sanuk?

    — Você tem toda razão, irmão.

    Falaram os dois irmãos de almas gêmeas, enquanto avançavam até onde Doran e companhia estavam. Sunek tinha uma bola de fogo invocada em cada mão, e Sanuk uma espada longa que pegou de um soldado a caminho do palácio.

    — Quem vai ser o primeiro? — perguntou Sanuk enquanto entrava em posição de luta brandindo sua espada.

    — Jorin? Jakah? O que vocês estão fazendo aqui? — perguntou Doran ao reconhecer as duas figuras que se aproximaram de sua posição.

    — Está louco, humano? Eu nunca lhe vi antes, e não sou esse por quem chama.

    — Ele deve está se referindo às antigas almas donas desses corpos, Sanuk — explicou Sunek a confusão de identidade ao seu irmão. — Parece que as antigas almas destes corpos também eram irmãos, assim como nós, Sanuk... Oh, veja só... as antigas almas tinham uma relação não muito amigável com você — disse Sunek para Doran. — Há uma semana atrás, quase te mataram de tanto que te espancaram, mas não se preocupe, trataremos de concluir o trabalho que eles não terminaram. — Sunek terminou sua fala lançando um sorriso perverso a Doran.

    — Deixe ele comigo, irmão, preciso me aquecer.

    — Você destruiu todos os soldados que encontramos pelo caminho até o palácio, ainda não está satisfeito? — falou Sunek diante a gula pela batalha de seu irmão.

    A ânsia pela batalha de Sanuk era tão grande, que ele não respondeu ao seu irmão, avançando para cima de Doran com uma velocidade sobre humana sem pensar duas vezes. Rolando para o lado, Doran desviou a tempo de evitar receber um ataque brutal da espada longa de seu adversário, que partiu o chão onde ele estava.

    — Ei, humano! Eu vi você pulando aquela barreira de fogo da irmãzona, nenhum humano normal faria aquilo, você é um daqueles... nandokaranos, certo? — perguntou Sanuk enquanto atacava freneticamente seu adversário, que se desviava com dificuldade de seus ataques.

    — O certo é nandoriano, Sanuk! — gritou Sunek de longe corrigindo a pronúncia do irmão.

    — Nandokarano, nandoriano, eu não me importo, vai estar morto do mesmo jeito daqui alguns minutos.

    Sanuk exibia um sorriso perverso em sua face enquanto andava com sua espada arrastando no chão até Doran, que recuou se preparando para receber a próxima rajada de ataques que viria de seu adversário.

    — Aaaahhhh.

    Com um grito de batalha, Sanuk avançou com tudo novamente para cima de Doran. O garoto queria fugir daquele lugar, correr para bem longe de todo aquele caos, mas não queria abandonar Friedrich que lutava com todas as suas forças contra a mulher que tomou o corpo de sua mãe. O garoto também não queria deixar Adalia para trás, ele sentia algo pela garota, não sabia bem o que era, mas apenas olhar para aqueles olhos, encantavam ele profundamente.

    Confiando mais uma vez no seu poder que descobriu se tratar de uma especialidade apenas para nandorianos como ele, o garoto agiu rapidamente. Fechando seus olhos e concentrando seu nandar em suas pernas novamente, Doran saltou assim como fez pulando a barreira de fogo anteriormente. Seu adversário se surpreendeu pela atitude inusitada do garoto, que saiu de seu campo de visão quando pulou. Tendo em vista que tudo que sobe, desce, com Doran não foi diferente, o garoto mirou seu punho bem no rosto do seu adversário e fechou seus olhos, concentrando seu nandar em seu punho no processo. Sanuk estava atordoado, sem tempo de reação para se defender de um ataque que viria de cima, e o soco de Doran em seu rosto, concentrado com seu nandar mais a força da gravidade devido a queda, fez o garoto acertar em cheio o grandalhão que desabou no chão. O enorme corpo de seu adversário amorteceu a queda do garoto que permaneceu sobre seu corpo nocauteado no chão.

    — Isso é meu, seu desgraçado — disse Doran retirando da cintura de seu adversário sua antiga adaga, roubada na noite em que foi salvo por Friedrich.

    — Ei! Saí de cima do meu irmão, moleque! — gritou Sunek lançando uma bola de fogo na direção de Doran.

    A bola de fogo direcionada à Doran foi interceptada por Kael, que se defendeu do ataque cortando a esfera de fogo com a espada de ferro que pegou emprestado de Karoc.

    — Por mais que eu não simpatize com aquele plebeu que está lutando contra o grandalhão, dois contra um é covardia, e se depender de mim, essa covardia não acontecerá — disse Kael enquanto apontava a espada para Sunek, que tinha uma expressão de surpresa misturada com espanto e raiva em seu rosto.

    — Humano miserável! Como cortou meu ataque com essa espada? — falou Sunek indignado por seu ataque não ter feito qualquer dano em Kael.

    — Você fala demais, baixinho — disse Kael avançando com passos rápidos para cima de Sunek e colocando em prática tudo que aprendeu nas aulas com Karoc.

    Sunek tentou se defender invocando uma barreira de fogo para impedir o ataque do príncipe, mas sua defesa também foi cortada pela espada de ferro.

    — Você descende do fogo, criança? — perguntou Sunek enquanto se distanciava aos poucos do príncipe que tinha clara vantagem naquela batalha.

    — Eu odeio o fogo!

    Com um salto, Kael lançou um ataque vertical com sua espada na direção de Sunek, que defendeu com dificuldade, invocando diversas barreiras de fogo.

    — Ele não é descendente do fogo, irmão, descendentes do fogo não surgem mais nessa era — disse Sheilak surgindo das cinzas que as flores do jardim projetavam. — Ele roubou o poder do nosso primeiro irmão de alguma forma, quando a alma de Donek tentou invadir seu corpo.

    — Essa criança resistiu a dominância da alma de Donek? Como isso é possível? — indagou Sunek ficando cada vez mais curioso com Kael.

    — Não vai dizer nem um oi para sua irmãzinha, Sunek?

    — Vamos acabar mortos antes de nossas chamas atingirem seu ápice novamente, sua idiota — disse Sunek apontando com a cabeça para Doran, que observava a luta de Kael em cima do corpo derrotado de Sanuk.

    — Você pode até não ter seus poderes totalmente no ápice, irmão, mas já eu não passei esses dois anos à toa.

    Sheilak terminou sua fala invocando uma gigantesca bola de fogo em sua mão direita, lançando-a em seguida na direção de Kael.

    — Defenda isso, filho do rei.

    Percebendo que não iria conseguir deter a gigantesca bola de fogo que vinha em sua direção, Kael correu na direção em que Doran estava.

    — Ei, idiota, não venha para cá! — falou Doran ao ver Kael vindo em sua direção junto com a gigantesca bola de fogo  que o seguia.

    — Corre, plebeu!

    Enquanto os dois garotos corriam do ataque de fogo que vinha em direção deles, Doran disse:

    — Faz aquilo de cortar o fogo com a espada como você fez antes!

    — Essa é grande demais! E antes dessa noite eu nem sabia que podia fazer aquilo — falou Kael correndo com todas as suas forças ao lado de Doran.

    — Apenas tente! Eu tenho uma ideia que pode dar certo! — gritou Doran insistindo para o príncipe ao seu lado.

    Mesmo exitante, Kael parou de correr e se posicionou em guarda para cortar a gigante bola de fogo que vinha voando atrás de si. Com um movimento vertical de espada, Kael tentou cortar a esfera de fogo, mas a força que o príncipe aplicou no golpe não era o bastante para deter o ataque, acabando por ser empurrado para trás aos poucos devido à pressão do fogo que repelia sua espada. Quando as esperanças de Kael já estavam se exaurindo completamente, o príncipe percebeu Doran atrás de si, o empurrando para frente e impedindo que a pressão do ataque atuasse sobre si.

    — Vaaaaiiii! — gritou Doran de olhos fechados e nandar ativado com suas mãos apoiadas nas costas do príncipe.

    Focando toda sua força na espada que definiria se ele seria destruído por aquela bola de fogo ou não, Kael inconscientemente fez sua espada ser coberta pelas chamas assim como aconteceu com a luta contra Doran, e isso deu a espada força o suficiente para cortar por inteiro o ataque lançado contra ele.

    — Você conseguiu, seu idiota, mandou bem — disse Doran ofegante, depois de colocar toda sua força para impedir que Kael e ele voassem para longe.

    — Consegui... de alguma forma, eu consegui... — respondeu Kael também ofegante, enquanto olhava para sua espada repleta pelas chamas que ele próprio invocou.

    — Que espetáculo! As crianças da minha era não eram que nem vocês, estou realmente impressionado.

    Assim como sua irmã, Randek também surgiu das cinzas indo em direção aos dois garotos.

    — Modag! Desgraçado! — gritou Kael avançando para cima do homem que matou seu pai.

    Antes que o príncipe atacasse Randek, ele é impedido por Doran que o segurou forte enquanto falou:

    — Plano de ataque, lembra? — disse Doran tentando recordar a Kael o que ele lhe disse mais cedo.

    — Me larga! — Kael agitou seu corpo se soltando de Doran.

    — Temos que dar o fora daqui, agora! — alertou Doran ao príncipe.

    — Fugir? Mas a festa acabou de começar — falou Kailak se aproximando dos dois garotos depois de ter derrotado Friedrich.

    Vendo Friedrich jogado no chão desacordado, Doran notou a mulher que tomou o corpo de sua mãe se aproximar de onde ele e o príncipe estavam, e não só ela, mas também aqueles que tomaram o corpo de Jorin, Jakah e da antiga madame Ladil.

    — Vocês estão cercados agora, crianças — disse Randek também se aproximando dos dois.

    — Algum outro plano estúpido, plebeu?

    — Nenhum que vá realmente funcionar, idiota.

    Falaram os garotos apoiando suas costas um no outro, tentando cobrir o círculo de adversários que estava se fechando ao redor deles. Quando tudo parecia perdido para os dois jovens, um tremor é sentido debaixo de seus pés. Tanto os cinco irmãos, quanto os dois garotos olharam para a origem que provocava o tremor. Um exército de guardas se aproximavam deles pelo jardim, em uma marcha síncrona comandada pelo capitão Raritof.

    — Pelo rei! — bradou o capitão apontando sua espada em direção à Kael.

    Centenas de guardas correram para salvar seu rei que estava encurralado. Os cinco irmãos se prepararam para resistir à investida do exército de guardas, mas a massa de soldados era grande demais.

    — Venha, vamos dar o fora daqui!
    Acenando em concordância, Kael seguiu Doran para longe da batalha que se iniciou em volta deles.

    — Para onde vamos? — perguntou o príncipe enquanto seguia Doran, que por sua vez estava perdido em meio a batalha dos guardas contra os cinco irmãos.

    Olhando a sua volta, Doran se sentiu mal por não achar o local em que Friedrich estava jogado no chão, devido sua visão estar bloqueada por causa da batalha.

    — Aqui!

    Apesar do grito de Adalia ter sido abafado pelo barulho dos ataques de fogo lançados pelos irmãos no clamor da batalha, Doran pode ouvi-lo claramente. Surgindo próximo aos garotos, Rarog apareceu no momento exato de precisão, trazendo consigo dois cavalos, segurando suas rédeas uma em cada mão.

    — Subam! Agora!

    Os dois jovens não exitaram em subir, e logo seguiram Rarog para longe da concentração da batalha. Ao chegar onde Rarog os levava, Doran suspirou aliviado ao ver Friedrich na garupa do cavalo de Adalia.

    — Não se preocupe, ele apenas está desacordado — falou Adalia percebendo que Doran olhava preocupado para o homem que ela salvou.

    — Temos que sair daqui, agora! — gritou Karoc que mal conseguia se manter firme em sua sela, devido aos danos causados pela bola de fogo desferida contra seu abdômen dentro do palácio.

    O grupo com três jovens, um homem velho e dois severamente feridos, galoparam para fora do palácio passando pelos destroços do portão destruído.

...

    — Qual a saída da cidade mais próxima? — perguntou Rarog ao capitão Karoc que tinha seu rosto coberto de terror por ver o estado que a cidade se encontrava.

    — Foco, soldado! — gritou Rarog tentando despertar o capitão de seu estado de terror em que se encontrava.

    — Oeste! O portão oeste é o mais próximo de nossa posição! — respondeu Karoc enquanto galopava ao lado de Rarog.

    — Tarred... — murmurou Friedrich na garupa do cavalo de Adalia.

    — Ei, Doran, ele está falando alguma coisa — avisou Adalia ao garoto que galopava ao seu lado.

    — Tarred...

    — O servo dele! Temos que ir buscá-lo! — gritou Doran à Rarog e Karoc que galopavam em sua frente.

    — Para qual direção fica a casa dele, garoto? — indagou Rarog à Doran que acompanhou seu galope para conversarem mais facilmente.

    — Leste, fica ao leste na área nobre da cidade.

    — Muito bem, então pegaremos esse servo dele e sairemos pelo portão leste, tudo bem para você, capitão?

    — Claro que sim, se não fosse por esse homem enfrentando aquela mulher, estaríamos mortos agora.

    O grupo cavalgou rapidamente pela cidade destruída pelas chamas, vendo todo o horror na face das pessoas que corriam tentando tirar seus pertences de suas casas que queimavam. Por estarem galopando, o grupo não demorou muito para chegar à casa de Friedrich, que foi reconhecida facilmente por Doran por causa da fonte que ele acreditava realizar desejos na noite em que foi espancado por Jorin e Jakah. Descendo de seu cavalo, o garoto correu para a casa de Friedrich, batendo forte na porta ao chegar lá.

    — Tarred! Tarred! Temos que ir, rápido!

    O servo do homem ferido na garupa do cavalo de Adalia, abriu a porta rapidamente com uma espada curta empunhada em uma das mãos. O homem bronzeado e alto com um coque prendendo seu longo cabelo castanho, reconheceu rapidamente Doran, e começou a andar até onde seu senhor estava ao vê-lo.

    — Tarred... pegue tudo que for preciso... temos que fugir dessa cidade — falou Friedrich pausadamente enquanto dava instruções ao seu servo.

    Tarred se restringiu a apenas acenar em concordância, voltando rapidamente para casa para atender o pedido do seu senhor. O grupo tirando Doran, não ficou muito contente por ter que esperar, mas não reclamaram devido a dívida que formaram para com o homem que se feriu tentando salvar a todos.

    Tarred reapareceu mais rápido do que todos esperavam, surgindo da lateral da casa onde ficava o estábulo pessoal de Friedrich, o homem de aspecto bronzeado estava sobre um garanhão magnífico de cor negra, puxando as rédeas de uma mula de carga atrás de si.

    — Vamos — falou Tarred impassível enquanto olhava para todos na sua frente.

    O grupo seguiu para o portão leste da cidade, chegando rapidamente devido a velocidade proporcionada por suas montarias. Passando pelo portão que já não tinha mais guardas monitorando quem entrava e quem saia, Doran e Kael não puderam deixar de pensar sobre o que aconteceu naquela terrível noite e o que lhes aguardavam no futuro. Para Doran, a felicidade de ser aceito como escudeiro por Friedrich, balanceava com a infelicidade de ter perdido sua mãe definitivamente agora. Já Kael, jurava em silêncio para si mesmo, vingança contra aqueles que mataram seu pai e destruíram sua cidade. Acima de todos os sentimentos que os dois garotos sentiam naquele momento, a insegurança sobre um futuro incerto prevalecia sobre eles, mas o que eles não imaginavam, é que o fogo que transformava a cidade atrás deles em cinzas, seria o fogo que forjaria os heróis de uma nova era que estava por vir.
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