Capítulo 20

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FRIO E IRRECONHECÍVEL

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FRIO E IRRECONHECÍVEL

Ágata

  — Vá atrás dele! — ordena Alana e Tobias obedece  de imediato. — Parabéns, Caio! — diz com falsa emoção na voz. Não me lembro de tê-la visto assim antes, na verdade, pela sua personalidade, essa versão de agora é nova e assustadora, ela está com raiva, os olhos vidrados só de fúria. — Se algo acontecer…

A frase paira incompleta sobre nós. Caio responde com uma tosse e toca o nariz, que agora mais parece uma massa de carne amassada e sangrando, como se tivessem moído carne fresca. Minha garganta ainda lateja, a forma como ele — não faz sentido dizer nome, soaria estranho porque o nome está atrelado a uma concepção totalmente diferente que atribui a ele, uma que não combina com o que aconteceu — me segurou me fez acreditar que ele continuaria a apertar até que eu parasse de respirar. Seus olhos estavam mais vazios do que costumam ser, apesar das lágrimas estarem bem ali, era como tentar enxergar através de uma névoa densa, não se vê nada por mais que force a visão.

Alana ajuda Caio a sentar e analisa o rosto dele. A camiseta está manchada de sangue e a região ao redor dos olhos rosada, começando a ficar meio azulada. Apoio-me em um carro e tiro a mochila das costas, que parece pesar bem mais do que a realidade. Alana encara o plib no pulso e em seguida lança um demorado olhar para o prédio onde Tobias entrou há menos de cinco minutos.

As palavras de Caio rodopiam dentro da minha cabeça: viciado em remédios, tendência ao suicídio, descontrolado, doente mental. Suicídio. Sucídio é dita repetidas vezes por uma vozinha infantil e irritante, sei exatamente o significado dela, mas agora parece ser algo maior e me faz levar a mão sobre o peito, onde uma pontada aguda me atinge. Não seriam palavras que eu escolheria para descrevê-lo.

Prestes a ter tuberculose, com certeza, para provocar; Babaca, talvez, só para mostrar que me senti mal quando me dispensou; Bonito, provavelmente, porque é verdade, na verdade não, morreria de vergonha. Nunca usaria as de Caio, elas parecem ser sujas e impróprias, como xingar na presença de sua mãe, definitivamente não.

— O que quis dizer com tudo aquilo? — Aproximo-me de Caio e me agacho ao seu lado, ele geme de dor e pressiona o que um dia foi seu nariz.

— Esquece — murmura, tem um corte em seu lábio superior, o que deixa sua boca inchada e provavelmente doendo, aperto este local e ele empurra minha mão, grunindo. — Isso dói!

— O que eu não sei sobre Mateus e por que Jorge os impediu de me contar? — insisto.

— Depois resolvemos isso. Preciso que vá atrás dele antes que…

— Não, Alana! — grito, ficando de pé e cerrando os punhos. — Não vou atrás de uma pessoa que tentou me matar.

— Ele não fez porque quis — defende, meneando a cabeça para que a siga até a agência, nego com a cabeça e bato o pé com força, como a criança birrenta que sei interpretar.

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