Capítulo 18

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ERUPÇÃO

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ERUPÇÃO

   Passa-se menos de quinze minutos até que a Equipe de Recolhimento chega, em uma van preta, cantando pneu. Um grupo de cinco pessoas desce do carro, usando equipamentos de proteção individual: máscaras N-95, viseira de plástico, touca, luvas e um macacão azul. Cada um tem um emblema verde, com um tucano desenhado em relevo.

Cada um carrega uma maleta. Duas garotas, o que identifico pela voz, correm até Luís, liberando Ágata do trabalho de massagear. Uma delas, a mais baixa, abre a maleta e tira um seringa e uma ampola transparente com líquido marrom, o antídoto. A outra pega algodão e álcool e começa a tirar o uniforme dele.

Luís está irreconhecível, inchado e roxo, perfurado e inerte. Um rapaz vai até Ágata e se oferece para fazer um curativo na testa dela, mas a mesma recusa e se aproxima de mim. Alana está recostada sobre uma árvore, beliscando-se para continuar acordada e com a pele mais pálida do que o normal. O fato dela não ter entrado em modo zero é um milagre, tendo em consideração que usou quase todas as suas energias.

— Ele vai ficar bem, graças a Deus e Nossa senhora! — Ágata sussurra, colocando a mãos sobre o peito, no momento em que a moça termina de injetar o antídoto na veia de Luís.

Os outros três vão até a margem, onde a superfície sofre um declive até a água. Krishmoy está com metade do corpo dentro e a outra fora do rio. Respira com dificuldade, mas parece ainda estar vivo, apesar de seu corpo cartilaginoso estar começando a perder a cor.

Aparelhos são tirados das maletas e enxames passam a ser feitos. Uma maca é trazida e Luís é carregado nela até a van. O bairro ainda está fechado e a Equipe de Patrulhamento nos cerca, cada agente segurando um escudo e o erguendo para cima, evitando que os curiosos nos prédios vejam qualquer coisa.

— O que diabos aconteceu? — questiona Ágata, me encarando de canto e de braços cruzados.

Olho para minhas mãos, ainda do mesmo modo, como se eu vestisse luvas pretas, a diferença é que agora está sumindo, caindo como cinzas no chão. A ER percebe isso. Analisam Krishmoy, checam seus sinais vitais e alternam o olhar entre ele e eu. Provavelmente também sabem o que fiz.

— Não sei! — admito, a voz falha e baixa, os olhos fixos na equipe e seu trabalho.

O dia esquenta e o sol parece brilhar ainda mais, minha cabeça dói e só estou esperando a notícia de que fui demitido mais uma vez.

— Seus olhos estavam sinistros — conta. Viro-me para ela. — Não estavam dourados, e sim laranjas, da cor da chama, como se pegassem fogo.

— Onde estava? — Alana grita, acusatória. Ela corre, passa entre nós e atrai nossa atenção para seu interlocutor.

Caio entra no muro improvisado de agentes e escudos, correndo, suado e despenteado. Ele observa a equipe atrás de nós, o cansaço evidente em mim, Alana e Ágata, minhas mãos e por fim Luís dentro da van.

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