DEUS ACORDOU, E NÃO ESTÁ NADA FELIZ
Ágata
Aperto bem os cadarços da bota, dou um nó duplo e por fim me dedico ao cabelo. O prendo no topo da cabeça, lutando para juntar as tranças em um coque volumoso. Estamos os sete em uma das Salas de Preparo, próxima a arena de treinos. A sala mais parece um vestiário, com chuveiros no fundo, onde Alana enche um cantil. Armários preenchem o espaço e apenas um lento ventilador de teto apazigua o calor.
As gêmeas trançam o cabelo uma da outra e se ajudam a pôr o uniforme, amarram os cadarços, colocam as armas no coldre; parecem uma unidade, uma única alma habitando dois corpos. Seus gestos são rápidos e precisos, o que as faz serem as primeiras a estarem prontas.
— Qual o nome de vocês? — questiona Alana, voltando dos fundos com o cantil preso na cintura, a água chacoalhando à medida que ela caminha.
— Eu sou a Jéssica — responde a de franjinha, em uma voz animada. — E esta é minha irmã, Jenifer. — Aponta para a outra, a de cabelo cacheado, que apenas assente, sem ao menos olhar. — Podemos controlar a gravidade! — continua Jéssica, exibindo um sorriso largo.
— Sério? — Alana sorri. — Eu sou Alana e posso controlar a água. Minha amiga — Se põe ao meu lado e passa o braço por meu ombro. — pode criar matéria.
— Uau! — exclama Jéssica. — Eu posso tornar as coisas pesadas, Jenifer as deixa leve.
Distancio-me de Alana e as meninas, que continuam conversando sobre suas habilidades e vou até Mateu e Luís, este colocando luvas e aquele brincando com o emblema da arara azul que Jorge dera antes de deixarmos a central.
— Eu estava louco por isso aqui, mas agora parece tão… — Mateus começa.
— Insignificante? — Luís tenta.
— Isso! Não importa se vou usar essa bobagem ou não, ainda não faço a menor ideia do que fazer lá, com Zeus — confessa, apoiando uma perna no banco de metal.
— Vamos acabar com ele! — digo, um pouco mais alto que o necessário, porém com a intensidade que queria. — Depois vamos comemorar, com… pizza.
Luís ri, põe as mãos na cintura e ergue um punho.
— Gostei da ideia!
Caio sai do canto onde havia se escondido, desvia dos olhares acusatórios de Luís e se encosta nos armários, cruzando os braços. Alana é a próxima a vir, com as gêmeas logo atrás. Meio que sem nenhum combinado, formamos um círculo e encaramos Mateus, no aguardo de um discurso encorajador. Ele abandona o emblema, deixando-o largado no banco.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Completamente Natural
Ciencia FicciónLIVRO 1 Mesmo sabendo que trabalhar na agência é inevitável, Mateus foge dessa responsabilidade, principalmente por ainda estar traumatizado com o acontecimento de dois anos atrás e a morte do pai, que marcou sua saída da União de Combate aos Monst...