AMOR NA GUERRA; PRÓLOGO
A infância de Kim Taehyung não foi algo que se podia ser considerado normal, pois até seus onze anos de idade vivia preso em sua própria casa, devido ao fato de que a população de Atenas estava sitiada dentro dos próprios muros que tinham o intuito de defendê-los, mas que na ocasião acabou por torná-los prisioneiros.
O que aconteceu foi a guerra do Peloponeso que perdurava por dez anos, fazendo com que os homens em idade de combate deixassem suas famílias, partindo para o campo de batalha sem previsão de volta, visto que muitos acabavam sucumbindo e jamais retornavam. Era muito para alguém tão jovem que apesar de todo aquele drama, tentava seguir a vida da forma mais normal possível, frequentava a escola, tinha amigos, treinava para preparar o corpo e a mente para quando chegasse sua hora de lutar. Apesar de ainda muito jovem, o pequeno Kim já possuía suas preferências, tinha um apreço muito maior pela filosofia ciência e arte do que para questões físicas e combates. Se tivesse escolha, certamente escolheria a calmaria de ser um homem das ciências do que ir para a guerra sem esperanças de voltar vivo para contar sua história.
Apesar dos atenienses viverem apreensivos pelo medo que a guerra lhes causava, até então seus guerreiros se saiam muito bem e os efeitos da guerra ainda não os assolavam de maneira direta assim como os confrontos ocorram bem longe dali, e para o alívio massivo da população de Atenas foi assinado um tratado que visava a paz por 50 anos, para o alívio do nosso pequeno Kim, agora com doze anos de idade.
Taehyung pensou que poderia se dedicar somente em seus interesses, ledo engano, pois por ser filho de um homem influente e arcaico que fazia parte da política direta da cidade, não teve escolha a não ser continuar seu árduo treinamento militar em conjunto com suas tão amadas artes e ciência, pelo menos Athenas dava a devida importância ao conhecimento, afinal era lar de vários filósofos e pensadores importantíssimos ao contrário de sua arqui-inimiga Esparta, que não dava a devida importância para as questões da mente. Em Esparta esse era um requisito apenas para as mulheres que detinham o conhecimento, enquanto os homens mal sabiam ler e escrever o básico.
Esparta era o lar de Jeon Jungkook, um jovenzinho de quatorze anos que havia aprendido a ler e escrever somente o básico e estritamente necessário, desde cedo ele treinava arduamente seguindo a tradição militarista da família. As funções acerca da administração do dinheiro e comercio ficavam com as mulheres consideradas as verdadeiras chefes da família, que apesar de receberem toda a educação também eram treinadas desde cedo, se houvessem casos de que precisassem se defender, ou, até mesmo ajudar a defender as famílias, as mulheres espartanas tinham de longe muito mais privilégios que as atenienses que eram resumidas à uma figura doméstica quase sem direitos. Enquanto as Atenienses serviam como esposas submissas e mães que eram atreladas ao âmbito exclusivamente domésticas, as espartanas participavam ativamente de negócios, do comércio e até mesmo de reuniões políticas.
O jovem Jeon era um exímio lutador, um guerreiro nato que havia aprendido tudo com o pai e todos ao redor, ele era um produto do meio, para alguém de fora, ele poderia ser alguém casca grossa e bem mal-educado, mas aquilo era tudo o que ele sabia e conhecia, era o resultado de anos e anos de uma tradição machista e conservadora de que homens nasciam para a guerra, enquanto ela não chegava deviam se preparar treinando o corpo para ser resistente. O tratado de Nicias não mudaria em absolutamente em nada sua rotina, continuou sendo treinado por seus instrutores e quando chegava em casa ainda tinha outras sessões de treino com seu pai.
[...]
Foi durante o tratado de Nicias que o Jeon conheceu Kim, como estavam em paz não tinham restrições de territórios que poderiam ou não transitar. Jungkook estava treinando em um acampamento recorrente que sempre acontecia anualmente para aprimorar o extintor de guerreiros dos jovens espartanos, o acampamento ficava entre Atenas e Esparta e durante umas de suas raríssimas folgas foi refrescar-se em um riacho e acabou por encontrar com garoto visivelmente mais novo que si.
O garoto jogava pedras no rio, na tentativa de fazê-las quicar sobre a água, ficou ali, assistindo as tentativas falhas que claramente frustrava o mais novo, com seu jeito meio torto, decidiu sair de onde estava para ajudar o outro.
— Você está fazendo tudo errado. Não é só questão de força, tem que aliar com a rapidez e o ângulo — falou, enquanto pegava uma pedra e jogava tendo o objeto quicando sobre a água, por quatro vezes. O Kim torceu o nariz pela atitude convencida do garoto desconhecido.
— Eu não te perguntei nada para o Senhor Sabichão. E quem é você? Não é assim que se fala com alguém que nunca viu na vida.
— Eu só queria ajudar, mas já que você é um chato, fica aí, sozinho, então — virou as costas visando deixar o lugar, mas foi surpreendido pela voz do outro que o fez parar.
— Espera, meu nome é Taehyung, Kim Taehyung, você pode ficar aqui, é um lugar público, não precisa ir por minha causa.
— Jeon Jungkook, quer aprender a fazer as pedras quicarem ou não? — Jeon sem querer acabava sendo um pouco grosso, novamente, mas o Kim realmente gostaria de fazer aquilo também, então deu de ombros esquecendo a maneira chula do outro. Ficaram ali por um par de horas onde o Jeon o ensinava e o Kim repetia seus movimentos sem sucesso.
— Você é muito ruim nisso, devia desistir.
— E você é um grosso, devia ao menos tentar ser mais polido.
— Eu não sei ser de outro jeito, acostume-se ou vá embora.
— Turrão! — e a discussão já levava alguns minutos, quando o Kim jogou-se umas das pedras que estava em suas mãos em direção ao rio, e quicou três vezes na água o deixando de boca aberta, orgulhoso do feito, esquecendo-se momentaneamente da discussão, abraçou o outro feliz. Quando se deu conta do que estava fazendo já era tarde, e o próprio Jeon estava rindo consigo. E assim se tornaram amigos, se encontrando quase todos os dias naquele mesmo horário enquanto durava o acampamento.
O Kim acostumava-se com o jeito bronco do Jeon, enquanto este acabava por aprender coisas novas com Taehyung, pouco a pouco o Jeon pegou gosto por ser tão bem tratado pelo amigo, era algo diferente do que sempre recebia em casa e aquilo o agradava muito.
Cadê meu votinho?
Até a proxima, um beijo e um Chêro.
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AMOR NA GUERRA °TAEKOOK°
RomanceAtenas e Esparta eram duas cidades-estados que viviam em meio a uma guerra que jà perdurava 10 anos, uma guerra cansativa que desfalcava ambos os lados mas que Esparta levava vantagem, pois os atenienses se viram obrigados a se refugiarem nos muros...