Capítulo 10

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André

Retornei para Rochedo naquela mesma tarde, após resolver todas as pendências em Mauí. A inauguração do restaurante da minha mãe seria no sábado, e eu teria bastante trabalho, e consequentemente, responsabilidades.

Provavelmente, meu plano de procurar um lugar para morar teria que ser adiado por pelo menos duas semanas, até que as coisas estivessem estabilizadas, e eu sequer havia informado meus pais sobre isso. Se minha mãe iria reclamar? Sem dúvida nenhuma! Mas eu já estava acostumado a ter meu próprio canto, e viver em uma casa com tantas pessoas, era algo que me deixaria louco.

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Coloquei minhas malas em meu quarto, sentindo minhas costas doerem por estar dirigindo por tantas horas, e depois fui em todos os cômodos a procura de minha mãe. Encontrei Matilde, nossa secretária, que me informou que ninguém da família havia chegado ainda. Voltei para o meu quarto, deitei-me em minha cama para descansar, mas acabei pegando no sono.

Acordei um tempo depois, com minha mãe adentrando o quarto. Sentei-me, espreguiçando meu corpo e lhe ofereci um sorriso, quando ela se sentou perto de mim.

— Foi tudo bem por lá? — Ela perguntou e eu apenas assenti, antes de bocejar — Teu chefe ficou chateado?

— Ele entendeu a situação, e o amigo que dividia o apartamento comigo, também foi compreensivo, mas parece que ele vai morar com a namorada, então, optamos por devolver o apartamento para o tio dele — expliquei.

— Fico feliz que você tenha voltado. — Minha mãe suspirou e eu não quis desanimá-la, dizendo que não pretendia ficar por muito tempo — Esse projeto era muito importante para o seu avô. E você sabe que esse sonho não era apenas dele. Foi idealizado para você.

— É, eu sei quão empolgado ele estava... — falei mediante um suspiro, mas tentando não tirar o sorriso do rosto.


Minha mãe se inclinou, acariciando meu rosto, enquanto seus olhos estavam marejados. Antes que ela começasse a chorar, a porta fora aberta e o Felipe apareceu ali, com animação.

— E aí? Como foi a estrada? — Ele perguntou, mas logo desviou o olhar para nossa mãe.

— Tranquila. Hoje não tinha movimentação — respondi, aproveitando que minha mãe o olhou, e fiz um gesto para ele, indicando que ela queria chorar — Mas estou bem cansado e ainda com sono.

— A Matilde já está servindo o jantar. Vamos, mãezinha? — Felipe falou com doçura e ela assentiu, se pondo de pé.

— Vou trocar de roupa, mãe — informei, olhando para meu corpo, onde eu vestia a mesma calça jeans desde a hora em que cheguei.


Levantei-me da cama e peguei uma das malas, colocando-a sobre o colchão. Enquanto eu abria, percebi que o Felipe continuava ali, parado, me observando. Comecei a tirar algumas peças, à procura de um short, e ouvi a porta se fechar, e ele aproximar-se da cama.

— E aí, o que foi? — perguntei distraído, sem lhe olhar.

— Ela estava triste... — Ele começou a falar, mas hesitou — Aliás, estava mais triste, porque achou que você não fosse voltar.

— Eu falei para ela que voltaria. — Franzi a testa e ergui os olhos, vendo-o dar de ombros — Mesmo que eu não quisesse estar aqui, eu faria isso por ela e pelo vô.

— O vô só construiu esse restaurante por tua causa, Dé. — Ele me advertiu e eu bufei.

— Eu sei, mas eu não queria... Nossos planos eram outros. — Protestei, em um tom de voz baixo — Eu não sou o Bruno, que gosta de viver embaixo da asa do nosso pai. Eu queria ter minhas conquistas sozinho, sem precisar que nossa família guiasse nossa vida.

Todas as razões (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora