Capítulo 13

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Giovana


Tomei um banho, sequei os cabelos e por fim usei o babyliss para formar ondas. Fiz uma maquiagem, com delineador nos olhos e boca vermelha, em seguida pus um vestido azul marinho, com mangas compridas, comprimento no joelho e bem elegante.

Encontrei meu pai na sala de casa, dizendo que não iria na inauguração, pois não deveria estar muito lotado. Então me despedi e segui sozinha até o bistrô. O relógio já marcava oito e trinta, e eu estava deveras atrasada. Estacionei na lateral do espaço, quase no fundo, pois não achava mais lugar vago por perto. Estava realmente cheio, e confirmei isso assim que adentrei a porta de vidro.

Uma moça bem vestida me recepcionou, conferiu meu nome na lista de convidados e me guiou até uma mesa, à direita, onde avistei meu ex sogro, o Bruno e o Felipe. Meu ex cunhado foi o primeiro a me ver e se levantou, me cumprimentando com um abraço. Cumprimentei também o Alberto, meu ex sogro, e em seguida, o Bruno, que me deu dois beijos no rosto e por fim, um abraço, demorado demais para o meu gosto.

Ele me puxou uma cadeira, me fazendo sentar entre ele e o Felipe, para o meu desconforto, ou para o conforto de ambos. Avistei a Helena andando de um lado para o outro, indo de mesa em mesa, conversando com as pessoas, sustentando um sorriso nos lábios. Ela parecia satisfeita com o andamento da noite, mas era nítido o abatimento em seu rosto.

Um garçom se aproximou, anotou meu pedido e saiu, enquanto o Alberto puxava assunto sobre o curso que fui fazer. Ficamos conversando a respeito da minha viagem, do meu trabalho, assim como ele também falou dos seus empreendimentos. Meu prato fora servido, enquanto os três degustavam apenas umas entradas. A comida estava extremamente deliciosa, assim como a sobremesa que veio em seguida.

Quando o lugar estava esvaziando, notei a Helena parada, de costas para nossa mesa, conversando com outros convidados, ao lado de um rapaz, que usava uma roupa branca, o que me fez imaginar ser o chef do restaurante. Eu queria muito saber quem era, para parabenizá-lo pela comida incrível, mas o Bruno acabou puxando assunto e eu me distraí.

— Giovana, meu amor. Você veio! — A voz da Helena me chamou atenção e quando notei, ela estava ao meu lado, por trás do Bruno.

— Claro que eu viria te prestigiar, Helena — virei o rosto para o lado, e me pus de pé, dando-lhe um abraço caloroso.

— Não te vi chegar. Estou tão atarefada hoje... — Ela disse lamentosa.

— Não se preocupa. — Sorri para ela, e logo fui interrompida.

— O que achou do local? Gostou? E a comida?

— Hã, tudo maravilhoso... — Falei eufórica — Inclusive, preciso parabenizar o teu chef... Que comida divina!

— Ele é maravilhoso, não é mesmo? — Ela perguntou e enquanto eu assentia, ela virou o rosto para o outro lado, e o chamou — André. Venha cá!


Levei meu olhar para sua direção, e minha boca entreabriu, tamanho fora o choque que tomei. Ele me olhou, e suas sobrancelhas se ergueram, sendo notável seu sorriso se desfazer, assim como o meu. Ele havia passado pelo salão algumas vezes durante essa noite, mas eu não havia prestado atenção.

Ele usava algo na cabeça, tipo uma bandana, mas era possível perceber seu cabelo com um corte mais baixo e a barba mais cheia, deixando-o com cara de homem e não de garoto. Ele estava ainda mais lindo. Engoli seco, vendo-o esticar seu braço em minha direção, provavelmente, por educação, então levei minha mão até a dele e o cumprimentei, tentando voltar a sorrir.

— Parabéns. Sua comida é deliciosa... — Balbuciei o máximo de palavras que consegui, e o vi respirar fundo quando nossas peles entraram em contato.

— Obrigado. — Ele respondeu com seriedade — Espero que venha comer mais vezes. Faço uma omelete deliciosa, apesar de não estar no cardápio.

— Imagino que seja boa mesmo — murmurei, engolindo seco, e então desviei o olhar para a Helena.

— Vocês se conheciam? — Ela perguntou e negamos ao mesmo tempo — Giovana foi namorada do Bruno — explicou, me fazendo notar a cara de surpresa dele — E o André é meu filho do meio — Helena concluiu, me deixando mais chocada ainda.


Meu coração deu um solavanco e eu não consegui mais esconder a cara de decepção diante todas essas informações recebidas. Senti que o André estava do mesmo jeito, pois ele não parecia sequer respirar.

— Bom, foi um prazer te conhecer. — Ele falou em seguida ao silêncio da mesa — Preciso voltar à cozinha. Tenho que finalizar com a equipe.

— O prazer foi meu. — Eu o vi esticar a mão mais uma vez e apertei.


Nossos olhares se mantiveram fixos no outro e eu tornei a me sentar, vendo-o se afastar para a cozinha, mas ainda olhou para minha mesa três vezes. Esperei poucos minutos e então decidi ir embora. Meu coração ainda estava acelerado e eu tentava não tremer, mas era impossível me acalmar com o Bruno falando coisas em meu ouvido.

Informei que já iria e me despedi dos dois, assim como da Helena e do Alberto. Caminhei para fora do restaurante, negando a companhia do Bruno, e ao chegar a lateral, onde estava meu carro, pude soltar o ar preso em meus pulmões.

Levei minha mão até a testa, esfregando-a, me sentindo totalmente perdida. Eu queria gritar, chorar, espernear, mas não podia. Não aqui. Tornei a andar até meu carro, mas antes de destravá-lo, avistei o André nos fundos do local, andando de um lado para o outro, com as mãos na cintura.

Inconscientemente meus olhos fixaram-se nele e minhas pernas me traíram, estagnando naquele lugar. Ao se virar, André me notou ali, e então nossos olhares ficaram presos por alguns segundos, até ele descer a calçada e vir em minha direção. Meu coração estava descompassado e chegava me causar uma dor física, mesmo que eu soubesse que era psicológico. 

Todas as razões (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora