Capítulo 28 - Dona Carmen

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Dona Carmen

Ana e Manuela tinham uma conexão incrível, conversam apenas com o olhar e isso é a coisa mais linda de se ver, nos meus sessenta e tantos anos foram poucos os casais que conheci que tinham esse tipo de conexão, eu e minha Eunice tínhamos isso, tivemos isso antes de nos apaixonar, quando éramos apenas duas boas amigas, ela uma mulher casada e infeliz em seu casamento e eu uma jovem artista cheia de sonhos e mulheres proibidas, aprimoramos essa capacidade de conversar através do olhar com o nosso casamento.

Com a mudança delas para cá minha vida deu uma mudada apesar das visitas mensais da minha única neta eu me sentia muito solitária, entendam, quando eu e Eunice fugimos pra viver a nossa história de amor ela estava grávida, seu marido não sabia e pensamos que ele jamais descobriria, mas 10 anos depois Genaro nos achou e levou Eduardo, o nosso filho, pra morar com ele, a nossa dor foi imensa, ficamos longe do nosso garoto por mais de 18 anos, um ano depois que Genaro levou o nosso filho nós adotamos a Telma, sem imaginar que quando nosso filho voltasse eles iriam se apaixonar, ficamos tão felizes quando eles ficaram juntos, Genaro quase infartou, mas acabou aceitando o casamento deles e no fim eles dois nos deram nossa única neta, Caroline.

Hoje em dia, Eduardo e Telma moram na Itália, mas a minha neta já com 20 anos vem ao Brasil uma vez a cada um ou três meses me visitar é a minha alegrei ter aquela menina aqui então me entenda por eu em pouco tempo ter me afeiçoado a Ana e Manuela.

Manuela passava os dias procurando emprego e eu admirava a sua garra e determinação, Ana estudava a garota era muito empenhada e nos momentos livres ela vinha ficar comigo, eu a estava ensinando a cozinhar, ela havia me confessado que era um desastre na cozinha e que somente Manuela cozinhava então eu como boa cozinheira que sou, modesta parte, sugeri lhe ensinar e em troca eu tinha companhia.

-Tá bom de sal?

Ela me perguntou enquanto temperava a carne.

-Está sim querida, agora enrole a carne no papel alumínio. Respondi, estávamos na cozinha delas, e Ana queria fazer um almoço especial para a namorada que havia saído desde cedo para uma entrevista de emprego, elas estavam exultantes com a possibilidade de um emprego. - Agora ligue o forno pra ele esquentar um pouco antes de colocarmos a carne. Expliquei e ela o fez.

Ana era bem madura pra idade estava prestes a completar dezessete anos, a maioria das garotas de sua idade não se importariam em aprender a cozinhar ou a fazer as coisas que uma casa necessita, adolescentes são complicados em qualquer nível social, mas se tratando de uma garota rica que cresceu cheia de mimos e nos tempo de hoje em que as jovens não são criadas para ser esposa, era de se admirar seu esforço. Entre nossas conversas ela me contou sua história e eu gostaria de poder conversar com pai dela o que ele havia feito era covardia, jogar a menina assim pra vida tão jovem pulando as fases era injusto, ele podia escolher e não escolheu cuidar da filha, deu essa obrigação a Manuela, porém eu posso enxergar a felicidade genuína das duas em estarem juntas.

Acredito que os jovens tenham que ter responsabilidades e não serem criados dentro de bolhas, mas o que esse homem fez a sua filha é inadimissível ainda mais se tratando de preconceito.

Em Manuela e vejo força e coragem, ela não desiste, ele luta por seus objetivos e é completamente apaixonada por Ana, ela orbita em volta de Ana. Ao conhecer a história delas achei a história linda e me senti de volta ao passado revivendo os anos em que fui mais feliz.

O que não entrava na minha cabeça no meio dessa história toda era qual era na verdade a posição da mãe de Manuela, que criou Ana e que pelo que entendi as apoiava a viverem esse amor, mas eu nunca a vi, nunca a vi ligar e nem dar as filhas o apoio que acredito que as meninas mereçam e precisam.

Como Não Amar Essa Garota? [Romance Lésbico]Onde histórias criam vida. Descubra agora