capitulo 1 - Estou grávida!

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-Ana... Acorda... Ana, eu estou grávida!

Foi assim que a minha melhor amiga me acordou de vez naquela deliciosa manhã de domingo. Sentei na cama num pulo e enxuguei a baba que tinha no canto da minha boca.

-Como assim grávida?

Questionei me pondo de pé na frente dela, mas nem foi preciso a resposta ela olhou pra o chão e eu soube naquele momento que ela havia mentido pra mim, mentido sobre ainda ser virgem, mentido sobre não ter transado com o meu irmão mais velho, que é um babaca, que é casado e que é um babaca MESMO!

-Puta merda! Eu resmunguei me sentando na cama chocada. - Porque não usou camisinha sua idiota! Logo na primeira vez! Quase gritei convencia de que havia sido apenas uma vez.

Fernanda olhou pra o chão e depois de volta pra mim.

-Não foi só uma vez Ana. Eu estou apaixonada pelo Tony e ele vai deixar a mulher dele pra ficar comigo!

Antônio é esse o nome do idiota do meu irmão,Tony para os amigos, que não vai de forma alguma deixar a esposa pra ficar com a Nanda, ele não perderia a vida de conforto que tem com a Magnolia a minha linda cunhada.

Suspirei e passei a mão no rosto.

-Não Nanda, ele não vai. Ouvi meus pais comentando que e eles vão fazer uma festa em comemoração aos cinco anos de casados na sexta.

Falei desanimada tentando convencer  a cabeça de vento da verdade.

Ela negou com a cabeça e sorriu, sem dúvida o sorriso mais lindo do universo. Não era só por causa dessa minha paixão louca pela Nanda que eu não queria ela com meu irmão, era porque ele era um idiota machista. Do tipo "eu posso comer qualquer mulher porque eu sou homem" e ela tem que aceitar ser estuprada, assediada só porque é mulher e ele homem.

Não sei como a Mag continua com ele.

-Ele vai contar tudo pra ela na festa e me anunciar como namorada dele!

Falou toda convencida.

Eu dei uma risadinha de deboche.

-Se você acredita nisso é mais idiota que ele. Falei. - Ele já sabe da gravidez? Perguntei.

Ela fez que não com a cabeça, mas seus olhos brilhavam.

Como eu queria que aquele brilho no olhar dela fosse por mim...

-Nós falamos sobre filhos algumas vezes e ele disse que queria ter filhos comigo!

Eu fingia imparcialidade por fora, mas por dentro eu estava morrendo, eu estava gritando e me descabelando.

Vamos lá, vou explicar essa história...

Eu conheci a Fernanda no meu primeiro dia de aula numa nova escola, ter a amizade dela tornou tudo muito mais fácil na minha mudança, o fato de não ter mais uma mãe foi complicada ainda mais quando eu descobri que meu pai se casaria novamente com a Ester, mulher que hoje chamo de mãe.

Eu e a Nanda nos tornamos muito amigas até que um dia eu comecei a enxergar ela de uma forma diferente, não foi fácil e até que eu aceitasse a minha homossexualidade foi todo um processo e ela ficou do meu lado claro ela é uma boa amiga, mas o problema é que ela é somente minha amiga quando eu sou completamente trouxa por ela, e agora eu estou me sentindo traída com essa situação entre ela e o meu irmão.

Eu lembro que há uns dois anos eu e a Nanda aterrorizávamos a vida do meu irmão, ele nos chamava de pirralhas e agora ela estava grávida dele aos dezessete anos.

Respirei fundo e levantei da cama me sentindo derrotada, ela estava grávida! Um laço eterno justo com o meu irmão, se eu já não tinha esperança de um dia agente ficar juntas agora essa possibilidade havia zerado completamente me deixando arrasada.

Bem que a Manu sempre diz: "Essa sua paixão pela Nanda é uma barca furada." Talvez ela tenha razão, talvez seja mesmo um erro ser apaixonada pela Nanda, mas como eu vou arrancar isso de mim mesmo?

-Você está bem? Esta pálida!

Ouvi a Nanda falar antes de eu entrar no banheiro sem responder, tomei um banho gelado, longo na esperança de quando eu saísse ela não estivesse mais lá, mas ela estava e estava chorando com a blusa levantada olhando pra barriga ainda lisa pelo reflexo no espelho.

-Porque você tá chorando?

Perguntei tentando não demonstrar minha frustração, mas foi impossível e eu soei rude.

Nanda me olhou com os olhos vermelhos e sorriu de canto sem alegria.

-Se você tiver razão? O que eu vou fazer? Meus pais vão me matar!

Disse desesperada.

-Quem vai matar quem aqui!?

Perguntou a Manu invadindo meu quarto como de costume.

A Manu é uma parte muito importante dessa história, quando meu pai se casou com a Ester ela veio de brinde, no começo ela passava mais tempo na casa dos avós paternos até se acostumar com a nossa casa e estilo de vida, ela nunca chamou meu pai de pai, mas eles tem um bom relacionamento.

-O que ela tá fazendo aqui?

Perguntou a Nanda elas nunca se deram muito bem, mas sempre se atuaram por minha causa.

-A casa é propriedade do pai dela juntamente com a minha mãe então eu que te pergunto. - Falou em tom de deboche se jogando na minha cama. - E você veste uma roupa! Disse apontando para mim.

Revirei os olhos e abri o guarda roupa, peguei uma roupa e voltei pra o banheiro.

Quando voltei a Nanda tava chorando no colo da Manu e a mesma com cara de agora fudeu!

Eu suspirei e sentei perto das duas.

-Nanda. Chamei e ela levantou a cabeça. - Eu não sei porque você fez isso, todo mundo inclusive você, sabe que o meu irmão é um babaca, mas já está feito, e agora o que você pode fazer é encara isso de frente sabendo que estaremos a seu lado.

Manu revirou os olhos e eu fiz careta pra ela parar com isso.

-É Nanda, você vai ter sempre a Ana.

Falou a Manu e eu quase soquei a cara dela, porque entendi o duplo sentido na frase.

A Manu era a única pessoa que sabia da minha paixão pela Fernanda e se depender de mim isso vai perecer apenas entre nós duas.

Como Não Amar Essa Garota? [Romance Lésbico]Onde histórias criam vida. Descubra agora