𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿〔 12 〕
Jab, jab, cruzado. Jab, jab, cruzado. Cruzado, cruzado, cruzado.
O suor escorria para os olhos de Chris, fazendo-os arder. Ele passou o antebraço no rosto antes de cerrar o punho e atingir de novo o saco de pancadas. Quando algum pensamento se infiltrava em sua mente, batia mais forte. Pensamentos demais, sentimentos demais.
Jab, esquiva, gancho. Jab, cruzado.
Seus braços queimavam. Era uma dor bem-vinda, que incinerava tudo dentro de sua cabeça. Não havia nada além da resistência pesada da areia dentro do saco e do grave impacto que provocava ondas de choque pelos braços e pernas.
Jab, jab, jab, cruzado, cruzado, cruzado.
Mais forte. Será que conseguiria derrubar o saco de pancadas preso por correntes? Talvez.
Cruzado, cruzado, cruzado, cruzado...
Batidas escandalosas na porta o interromperam no meio de um soco, e ele olhou feio naquela direção. Sua irritação logo se transformou em receio. Poderia ser o senhorio querendo falar sobre o aluguel?
Jogando uma toalha sobre o pescoço, Chris abriu a porta.
— E aí? — Sebastian passou por ele, colocou um pacote com seis longnecks na mesinha de centro e atirou a jaqueta de motoqueiro sobre o sofá. Sem se dar ao trabalho de olhar para Chris, foi até a cozinha e abriu a geladeira — Tem alguma coisa para comer?
— Quem trabalha num restaurante é você — Chris respondeu, voltando aos socos.O saco de pancadas ainda balançava por causa da sequência de golpes que tinha desferido. Chris o endireitou antes de cravar o punho outra vez no couro gasto. Enquanto atingia o equipamento, ouviu uma série de bipes de micro-ondas.
— Vou comer as sobras que encontrei aqui — Sebastian avisou. Chris o ignorou e continuou batendo.
O micro-ondas apitou. Pouco depois, Sebastian apareceu com uma tigela fumegante, sentou no sofá e começou a devorar o jantar de Chris. Fazendo bastante barulho.
Quando cansou de aturar aquilo, Chris parou de bater e falou.
— A maioria das pessoas come na mesa da cozinha —
Sebastian deu de ombros.
— Prefiro o sofá — ele enfiou uma garfada de macarrão na boca e chupou os fios pendurados. Em seguida lançou um olhar para o primo como quem pergunta "que foi?" — Chris cerrou os dentes e tentou retomar o ritmo.
— Você anda puxando ferro? Seus braços estão maiores. Parece até que você tem uns pãezinhos escondidos aí, cara.. — endireitando o saco de pancadas, Chris perguntou.
— O que está fazendo aqui?
— Você vai se desculpar comigo ou não? Porque está sendo um primo de merda. De verdade — ele fechou os olhos e soltou o ar com força.
— Desculpa.
— Vou ter que pedir para você tentar de novo.Ele se afastou do saco de pancadas e se jogou no sofá ao lado do primo.
— Desculpa mesmo. As coisas estão complicadas para mim e... — Chris apoiou os cotovelos nos joelhos e cobriu o rosto com as mãos enfaixadas — Desculpa.
— Não entendo por que mentiu sobre ter namorada. 'Ninguém especial' o cacete. Está com medo de que ela não goste da família ou coisa do tipo? — Sebastian perguntou com um risinho de deboche.Chris teve que se segurar para não arrancar os cabelos.
— Não quero falar sobre isso.
— Porra, Chris — Sebastian pôs a tigela na mesinha ao lado das cervejas e pegou a jaqueta — Tô caindo fora então — ele foi até a porta e virou a maçaneta.
— Tive um dia de merda, tá? — Chris começou a tirar as bandagens das mãos — Tudo bem que só ando tendo dias de merda, mas hoje foi pior. Pensei que a minha mãe tivesse morrido. Eu a encontrei jogada na poltrona, achei que não estava respirando. Fiquei desesperado.
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𝐃𝐈𝐒𝐂𝐎𝐕𝐄𝐑𝐈𝐍𝐆 𝐋𝐎𝐕𝐄 | ✓
RomanceDESCOBRINDO O AMOR | EVANSSON Um romance que prova que o amor muitas vezes supera a lógica. Já passou da hora de Scarlett se casar e constituir família - pelo menos é isso que sua mãe acha. Mas se relacionar com o sexo oposto não é nada fácil para e...