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𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 27

Uma campainha tocou baixinho, alertando Chris de que a porta da frente da loja havia sido aberta. Quando ergueu os olhos da costura, ele viu Lizzie entrando como um furacão na oficina.

— Recebi uma proposta de estágio! — ele deixou a costura de lado.
— Ei, isso é ótimo! — Lisa gritou e foi correndo abraçá-la — Estou muito orgulhosa. Parabéns.
— Nem sabia que você tinha uma entrevista — Chris comentou — Onde?

Os olhos de Lizzie brilharam. A mãe deu um tapinha na cabeça dela e voltou para a máquina de costura.

— Na empresa da Scarlett — o silêncio retumbou nos ouvidos de Chris.
— Quê?
— Pedi a ajuda dela para conseguir um estágio, e deu certo. Começo daqui a duas semanas. Estou muito empolgada — Lizzie começou a dançar sozinha, com um sorriso de orelha a orelha.
— Ela arrumou um emprego para você? — não era possível. Scarlett não faria aquilo pela irmã dele.
— Você nunca me falou que ela trabalha na AEA. Todo mundo vai ficar impressionado. Eles pagam seus estudos se você mostrar que tem potencial. Estou feita! Quer dizer, se não pisar na bola.
— Você precisa ligar para agradecer Scarlett, Chris — sua mãe falou num tom bem sério — Isso não é pouca coisa

As pessoas faziam isso quando um ex arrumava emprego para um parente delas? Haveria um precedente para aquilo? Só Scarlett seria capaz de coisa do tipo. Como podia não a amar?

Lizzie estufou o peito e soprou as unhas.

— Em minha defesa, arrasei nas entrevistas. Conversei com os seis econometristas seniores, e eles decidiram por unanimidade que a vaga era minha.

Foi então que ele se deu conta de que Lizzie tinha falado com Scarlett. Pouco tempo antes. Seu coração disparou. Ele precisava saber.

— Como é que ela estava? — os olhos da irmã se endureceram ao ouvir a pergunta.
— Bem. Pareceu ótima, para dizer a verdade.
— Ah... que bom.

Mas a sensação não era aquela. Chris se sentia um merda. Devia ficar contente, mas não conseguia. Queria que Scarlett estivesse triste sem ele, assim como ele estava triste sem ela.

Ela havia seguido em frente. Uma facada nas costelas seria melhor.

— Pois é. Que bom — Lizzie falou.

A mãe lançou um olhar de advertência para ela, que simplesmente cruzou os braços e ergueu o queixo. Chris se afastou da máquina de costura.

— Já que chegou, vou encerrar mais cedo hoje.

Ele entrou no carro sem nenhum destino em mente. Só sabia que precisava sair dali.

Lizzie começaria no primeiro emprego em breve. A saúde da mãe andava boa. Scarlett estava seguindo em frente. Todo mundo progredia, menos ele.

E o que o impedia? As despesas médicas tinham acabado, e ele não precisaria mais trabalhar como acompanhante. A mãe queria que ele parasse de trabalhar na loja. As grades de sua jaula tinham sido eliminadas, mas Chris continuava no mesmo lugar, com medo de se mover.

Talvez fosse o momento de mudar aquilo.

Ele parou o carro diante do restaurante da família de Sebastian. A campainha tocou quando ele entrou. Seu primo recolhia a louça suja em um carrinho e limpava as mesas com um pano. A hora do almoço tinha acabado, e ele estava sozinho no salão — a não ser pelos peixes de água doce que viviam no aquário que ocupava uma parede inteira.

Sebastian olhou para o primo, fez uma breve pausa e falou.

— Você está com uma aparência de merda — Chris esfregou a nuca.
— Não ando dormindo muito bem.

𝐃𝐈𝐒𝐂𝐎𝐕𝐄𝐑𝐈𝐍𝐆 𝐋𝐎𝐕𝐄 | ✓ Onde histórias criam vida. Descubra agora