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𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 19

Scarlett desabou na cama de Chris. Depois de suas três primeiras experiências sexuais, estava convencida de que aquela não era sua praia. Parecia uma coisa confusa, às vezes dolorosa, e extremamente desconfortável. Mas, no momento, não conseguia pensar em mais nada.

Seu corpo todo latejava com a força do desejo, a vontade de ser preenchida, agarrada e... de ouvir certas coisas.

Ela sorriu ao se lembrar do que Chris havia dito. Seria comum rir durante o sexo?

Batucando com o dedo na cama, ela ficou esperando, mas a paciência não era seu forte. Scarlett era uma pessoa prática. Detestava perder tempo. E não havia terminado de ver o apartamento de Chris.

Ela apoiou os pés no chão, pegou os óculos e vestiu a camisa dele, sorrindo sozinha ao ver que chegava aos seus joelhos. As costuras pinicavam sua pele, mas o cheiro dele compensava. E ela não ficaria vestida por muito tempo.

Uma olhada dentro do closet a encheu de alegria. Estava mesmo impressionada. Todos os belíssimos ternos e camisas estavam perfeitamente alinhados, organizados por cor, tecido e padrão. Ela passou os dedos pelas mangas dos paletós antes de se virar para a cômoda. Pensou em abrir as gavetas e ver como ele guardava as meias, mas achou que seria invasivo demais. E se ele a pegasse bisbilhotando? Pensaria que estava procurando alguma coisa? E ela estaria de fato procurando alguma coisa? Talvez, mas nada específico. Só queria entendê-lo melhor.

Scarlett saiu do quarto, passou pela TV — já tinha visto a maior parte dos DVDs e guardado Laughing in the Wind na bolsa —, deslizou os dedos pelas superfícies frias dos pesos e do banco de musculação, deu um soco no saco de pancadas e depois esfregou a mão, porque doeu.

Uma espiada na geladeira revelou que ele cozinhava com frequência. Havia um monte de temperos italianos com rótulos misteriosos, legumes e verduras e um monte de coisas saudáveis com que Scarlett nem saberia o que fazer. E alguns potes do iogurte de que ela gostava.

Quando passou pela mesa para admirar a planta ali, a papelada em cima do armarinho de metal chamou a sua atenção. Deviam ser contas a pagar.

Chris tinha problemas financeiros.

Ela lançou um olhar para a porta, que permanecia fechada. Apurou os ouvidos, à espera de passos. Nada.

Seu coração disparou. Sabia que era uma violação de privacidade. Não deveria fazer aquilo.

Ela abriu a primeira cobrança e leu o mais rápido possível. Era só uma conta de luz. Menos de cem dólares. Estava prestes a guardá-la de volta quando viu o nome escrito. Christopher Evans.

Um incômodo doloroso se instalou em seu peito. Ele não confiara nela o suficiente para revelar seu sobrenome verdadeiro.

Ela fez uma careta. Se não soubesse quem ele era, não poderia persegui-lo depois que tudo terminasse. Scarlett pôs a conta de volta no lugar. Apesar de amargurada, não conseguiu deixar de espiar outro papel sobre o armário. Uma cobrança da Fundação Médica de Palo Alto. Não era endereçada a ele, mas a Lisa Evans.

Scarlett pegou o papel e leu a lista de procedimentos: tomografia computadorizada, ressonância magnética, raios X, coletas e exames de sangue e outros. O total chegava à assombrosa soma de 12.556,89 dólares.

Eles não tinham plano de saúde?

Ela levou a mão trêmula à testa. Chris estava pagando as despesas médicas da mãe? Como poderia...?

Sua respiração ficou acelerada e seu estômago se revirou. Ele não tinha nenhum problema com drogas ou jogatina.

Só amava muito a mãe.

𝐃𝐈𝐒𝐂𝐎𝐕𝐄𝐑𝐈𝐍𝐆 𝐋𝐎𝐕𝐄 | ✓ Onde histórias criam vida. Descubra agora