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𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 28

Uma batida na porta distraiu Scarlett do algoritmo que estava formulando. Quando virou, a porta se abriu e um enorme buquê de copos-de-leite foi levado para dentro de sua sala.

A recepcionista da portaria, Benita, uma mulher curvilínea de quarenta e poucos anos, pôs o vaso sobre a mesa e soltou o ar com força pela boca.

— Nossa, estava pesado. Parece que você tem um admirador.

Scarlett pegou o cartão no meio das flores. Reconheceu imediatamente a caligrafia de Chris.

Para minha Scarlett. Estou pensando em você.
Com amor, Chris.

— Não entendi nada.

Ela ficou olhando para o bilhete na palma da mão. Benita inclinou a cabeça para ler o cartão e sorriu.

— Chris é o cara com quem você está saindo, né? Ele é bem bonitão.
— A gente terminou — o sorriso de Benita se tornou mais malicioso.
— Parece que ele quer reatar. Vai dar mais uma chance a ele?

Antes que ela pudesse responder, Downey passou na frente da porta. Uma fração de segundo depois, estava de volta, olhando feio para o buquê sobre a mesa. Um hematoma bem escuro decorava o lado direito de seu rosto.

— Aquele filho da puta — ele entrou na sala sem pedir licença e se dirigiu às flores. Scarlett se jogou na frente dele.
— O que está fazendo?
— Vou jogar essa porcaria no lixo, onde é o lugar dela.
— Ah, não vai, não. As flores são minhas.

Era a primeira vez na vida que ganhava um buquê de um homem.

— Eu compro outras melhores — ele disse com os dentes cerrados — Essas daí precisam sumir.
— Não quero ganhar flores de você.
— Estamos saindo juntos, lembra?
— Não estamos, não. Saímos uma vez, e não quero repetir a experiência. Não somos compatíveis.

Benita contorceu os lábios e ficou observando Downey com as sobrancelhas erguidas, obviamente apreciando o drama.

Ele se aproximou de Scarlett com os ombros carregados de tensão e os punhos cerrados.

— E você e ele são compatíveis?

Scarlett segurou o cartão entre os dedos. Era possível uma compatibilidade unilateral?

— Fui muito feliz enquanto estávamos juntos. Ele me ouvia. Queria saber mais sobre mim, sobre meu dia, sobre o que eu estava fazendo e...
— Para mim só interessa se ele é bom de cama ou não — interrompeu Benita.

Scarlett mordeu o lábio, ficou vermelha e olhou para o chão. O "bom" não fazia justiça a Chris.

— Fenomenal — parecia mais apropriado.
— Sua sortuda — Benita se virou para Downey e o pegou pelo braço — Vem, RDJ, vamos lá para a cozinha. É melhor pôr um gelo nesse olho.

RDJ?
Downey resmungou baixinho e ainda olhou feio mais algumas vezes para as flores antes de permitir que Benita o levasse do escritório de Scarlett. Enquanto os dois andavam pelo corredor, ele pôs a mão na base da coluna dela, então a desceu um pouco e apalpou a mulher. Em vez de dar um tapa nele, como Scarlett imaginava que faria, Benita afastou os cabelos claros do rosto dele e examinou o hematoma.

Aquilo era... interessante.

Parecia que Benita não se importava que Downey fosse um verdadeiro cachorro.

O que para Scarlett era até bom, porque talvez ele saísse do seu pé. Scarlett começou a mexer no buquê. Flores nunca tinham feito sentido para ela. Cheiravam mal, depois murchavam e definhavam, e alguém

𝐃𝐈𝐒𝐂𝐎𝐕𝐄𝐑𝐈𝐍𝐆 𝐋𝐎𝐕𝐄 | ✓ Onde histórias criam vida. Descubra agora