9. Fraudes

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Eu não via Arthur desde sua conversa com Sam, a ansiedade exitante pela expediçao que se aproximava crescia em mim a cada minuto e junto a ela uma leve preocupação, que se alarmou quando encontrei Tom no cais assim que cheguei junto a equipe. Isso porque cogitei que Arthur tivesse saído primeiro que o resto da equipo para levar seu pai para presenciar o mergulho. No entanto, lá estava ele e não havia nenhum sinal do Curry. E obviamente eu fui buscar respostas com ele, já que Sam parecia realmente não saber onde ele estava, mesmo depois da conversa, que ele atribuiu como "amigável", que tiveram. 

- Senhor Curry- Eu o cumprimentei, chamando a atenção do homem que olhava distraidamente para o mar.

Tom sempre foi um homem amado por todos da pequena cidade, principalmente por seu bom humor e humildade. Qualquer um poderia facilmente lhe dizer quem era o dedicado dono do farol, que por mais quebrado que parecesse ele continuava a mantê-lo funcionando. Talvez houvesse um grande significado por trás disso, já que todos sabiam de sua esposa, mãe de Arthur, que misteriosamente sumiu. A maioria acreditava nos boatos de que ela havia os abandonado, outros achavam que ela morreu mas que ele preferiu esconder isso para proteger seu filho. No entanto, absolutamente todos admiravam sua resiliência por continuar exalando gentileza depois da sua inegável perca.

- Mera! - Ele respondeu alegremente assim que se virou para me ver, tirando as mão enfornadas em seus bolsos para estende-las para mim- Por favor, me chame só de Tom, somos uma família agora.

Família. A palavra fez meu estômago revirar, afinal, fazia anos desde que eu não me sentia incluída em seu significado. Nem mesmo sabia se estava agora, já que Arthur e eu não oficializamos nada, não tradicionalmente falando. E para ser sincera, eu gostava de não pertencer a rótulos. Por que rotular algo único com títulos tão banalizados? 

- Certo, Tom...- Testei a forma com que seu nome era pronunciado por mim, e ele por sua vez pareceu mais satisfeito- sabe do Arthur? eu não o vi desde que fomos ao laboratório mais cedo.

Milésimos de segundos se passaram enquanto Thomas procurava uma resposta, que veio logo em seguida acompanhada de um sorriso dissimulado.

- Ele foi dar um mergulho- Ele parecia bastante convencido do que dizia.

Apesar das minhas duvidas, eu não me atrevi a demonstrar descredibilidade quando senti algo, ou melhor, alguém se aproximar atrás de mim. Nem mesmo me dei o trabalho de me virar para olha-lo, pois seu toque foi o suficiente para que meu corpo o reconhecesse, atraído pelo seu por um elo que nem mesmo eu conseguia explicar.

- Você ficou bem nesse uniforme, a quem devo agradecer? Fox ou aos deuses?- A sua voz se instaurou em todo meu corpo, me fazendo tremular por um instante.

Eu tenho que admitir que o traje era bastante justo, vestindo-me quase como uma segunda pele. Isso porque ele precisava proteger nosso corpo de sofrer grandes alterações graças a pressão que seriamos submetidos em um tempo consideravelmente curto. Segundo o seu pensador, Lucius Fox, a vestimenta continha uma tecnologia embutida no tecido Kevlar, resistente e flexível. Toda a equipe recebera um, até mesmo eu, que tinha uma resistência sobre-humana, fato desconhecido por todos menos pelo Curry, que apesar de não precisar também receberia um e logo estaria combinando com o resto da equipe uniformizada em um tom de azul.

- Ao Fox, ele te dará  um igual a esse em breve- Respondi, finalmente me virando para encontrar sua expressão negativa.

Por mais que não houvesse um bom motivo, ele tinha mesmo dado um mergulho, já que se encontrava completamente encharcado. Por mais que resistisse, meu olhar vidrou-se na pequena gota que deslizou por sua testa, seguindo o caminho traçado por outras em seu rosto assustadoramente lindo até que se perdesse em sua barba.

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