Submerged Love

2.Ofertas

ARTHUR CURRY

Apertei no acelerador quando percebi que o pneu traseiro havia atolado na lama, mas ele ainda hesitava em sair do buraco onde havia se afundado, bufei abrindo a porta, batendo-a .com força quando desci do carro e fui até lá examinando a situação, afundei meus pés na lama e com um pouco de esforço ele deslizou para fora do buraco, voltei para o carro e dirigi até o bar onde eu costumava frequentar. Era um ambiente consideravelmente confortavel para mim, onde as pessoas estão bêbadas o suficiente para não se importarem com quem eu sou ou deixo de ser.

Ou pelo menos era isso que eu esperava quando passei pela porta de madeira e fui até o balcão. Acabei pedindo o de sempre; um whisky puro. Enquanto ele não chegava passei os olhos pelas pessoas ali, a maioria eram homens, de estaturas altas, tatuados e com uma cara ranzinza, irônico não? Eu com o mesmo estereótipo comentando algo sobre. Enfim, contastei que nem eles, nem suas vidas fúteis, eram algo para mim e voltei meu olhar para a bebida que acabara de chegar a abrindo com o polegar e a virando guela abaixo.

Eu normalmente vinha acompanhado de meu pai, mas hoje ele deu a desculpa de que tinha que consertar algo no farol. Faz muito tempo desde que eu percebi que todo ano, no mesmo dia, do mesmo mês, ele nunca está afim de fazer nada, nada além de ir até a ponta do cais, sentar e observar o mar. Ele faz isso desde que me conheço por gente, e varios motivos já se passaram na minha cabeça, mas no fundo eu sabia que ele esperava por ela. De fato,  nunca cheguei a perguntar, sabia que era algo importante e pessoal de mais para me arriscar.

Mas além desse diferencial a biologa ruiva não estava acompanhada de seu cãozinho de guarda, chega a ser até engraçado, um homem tão engomadinho com seus ternos caros indo a um bar qualquer só para protejer sua delicada bonequinha ruiva de ogros como eu e a maioria dos homens do local.

Não perdi muito tempo á olhando, minha bebida parecia mais interessante no momento. Quando voltei meu olhar a mesa que ela estava, ela já tinha ido, deixando o espaço vasio na mesa. No final eu acabei indo embora após outra garrafa esvaziada, já era noite quando sai do bar e de longe pude ve-la pegar seu carro e ir embora. Parecia estar se matando de trabalhar para ter um mísero reconhecimento e dinheiro.

Certamente, eu voltaria amanhã para o bar, mas para tentar animar meu velho depois de ver seu olhar vazio, vendo pouco a pouco aquele brilho esperançoso se dissipar.

MERA

Depois do dia anterior, minha manhã se deserrolará pacifica. Sem pesadelo e sem atraso. Até mesmo Sam já parecia ter superado a discussão do dia anterior, já que me recebeu de bem humorado e me acompanhou até minha sala que ficava a caminho da sua. Quando chegou o horario do almoço, ele também me acompanhou até o bar, se sentando na minha frente e pedindo somente uma água.

– Os equipamentos chegaram amanhã, mas..

– Não Sam, sem "mas"-o cortei, o mais direta possível.

Não me culpe, era o unico jeito de faze-lo desistir de tentar me convencer.

– Tudo bem, eu ja entendi que não vou mudar sua ideia, mas eu estive pensando...- acompanhei seu olhar se perder para algum lugar atras de mim e me virei para ver o que tinha atraido a atenção de Samuel Bradley.

Não. De jeito nenhum. Me virei para ele pronta para negar sua loucura, mas minha expressão entregou toda a minha indignidade e ele foi mais rapido que eu.

– É uma ótima idéia Mera!

Meus olhos arregalados e minhas sobrancelhas franzida diziam tudo. Eu não iria aceitar isso. Nunca gostei de Arthur Curry, na verdade eu não tinha nada contra ele até ele ficar famosinho como "Aquaman" depois de bem...um quase apocalipse. Acontece que ele não é um herói, Amnesty bay é uma cidade pequena, e nem sempre tem problemas, entretanto como qualquer cidade, algumas vezes surgem alguns, e ele nunca pareceu dar a mínima. Então derrepente ele começa a trazer alimento no inverno, salvar navegações, e se juntar a heróis? Ele não é um herói.