3.Trabalho

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ARTHUR CURRY

Durante o caminho até o Laboratório, tentei procurar respostas do por que eu estava fazendo aquilo. Coisas como "Pelo meu pai e pelo farol" "Eu só tenho a ganhar com isso" e até mesmo "em prol da ciência" passaram por minha mente. E eu até mesmo me convenci de que eram esses os motivos. Então por que a imagem de seus olhos insistiam em aparecer em minha mente? Por que eram as suas íris verdes e seu olhar penetrante que aparecia em meus pensamentos?

Fazia uma semana desde que o ABML havia me mandado o e-mail, e como se fosse um presságio do que estaria para acontecer, algo em mim não me deixou ir até lá por todos esses dias, até hoje.

Quando cheguei, a recepcionista me encarou surpresa, ficando sem jeito no mesmo instante , o que eu estranhei, já que pensei que todos teriam sido informados. Mas acabei não me importando e indo até ela, apoiei meus cotovelos no balcão, e arranhei a garganta passando a mão rapidamente em meu buço, a mantendo perto do meu rosto, enquanto mantinha a outra batucando na mesa. Percebi ela se encolher sobre a cadeira mantendo o seu olhar sob o computador antes de começar a falar.

– Sr.Curry...fico feliz que tenha vindo...depois de uma semana, pensamos que havia..- Ela subiu, hesitante, o olhar até mim, e pareceu se dar conta do que estava falando, parando no mesmo instante- Bem, não importa mais. O Dr.Bradley nos comunicou sobre sua ajuda e desde já, o Laboratório agradece por ela.

Ela passou a falar como se tivesse as palavras decoradas em sua mente, explicou algumas cláusulas e eu mantive meu olhar sobre ela, mesmo que não estivesse prestando atenção no que dizia. Ouvi um carro estacionar do lado de fora, e alguns passos apressados, meus olhos foram involutariamente direcionados à porta, e se fixaram na figura que agora adentrava o local.

Pelos deuses. Eu sabia que ela não ia com minha cara, era notório para qualquer um, mas eu não podia negar algo nela me atraia, eu não sabia o que exatamente, se era seu cabelo que parecia estar sempre em um vermelho vivo, que não era necessário tocar para saber o quão era sedoso, o seus olhos verdes furiosos, ou o seu rosto que parecia ter sido simetricamente desenhado. Um sorriso, que certamente parecia irônico, se formou em meus lábios e eu a vi revirar os olhos no mesmo instante.

– Dr. Sullivan, que bom que chegou, poderia apresentar o laboratório para o Sr.Curry?- A recepcionista perguntou educadamente. Mera desviou o olhar para ela e logo voltou para mim. Eu mantive uma sobrancelha erguida, em uma expressão sugestiva e desafiadora.

– Claro-Ela respondeu formalmente.

Forçando um sorriso, veio em minha direção e parando ao meu lado, como se esperasse que eu fizesse algo, e quando me mantive no mesmo local ela me olhou por cima dos ombros e fez um sinal com a cabeça para que eu a seguisse. Dei de ombros e a segui pelo corredor. Ela dizia o que era cada sala, em um tom desdenhoso, e eu apenas a olhei, observei como suas mechas ruivas que se moviam juntamente com seus passos, como ondas vermelhas...

– E aqui é minha sala- Falou abrindo a porta da mesma, e pegando um jaleco que ficava pendurado bem ao lado, o vestindo e abrindo passagem para que eu entrasse.

– Nada mal, doutora- Falei, a vendo suspirar e caminhar até um enorme balcão com aparelhos que eu não fazia ideia da utilidade. Eu apenas a segui ficando ao seu lado, encarando o que parecia ser um freezer com algumas coisas estranhas dentro, enquanto ela procurava algo pela sala.

Passou um tempo, e o silêncio parecia ter se instalado no local, inquieto, me virei na sua direção, apoiando um braço no balcão e a olhando. Ela desviou o olhar para mim umas duas vezes, sem entender o que eu fazia, e eu continuava a observando enquanto ela parecia olhar alguma coisa pelo microscópio.

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