12. O reino de Xebel

74 3 76
                                    

- É impossível, a princesa primogênita de Xebel morreu a anos- rebate Vulko, pouco crente do que eu acabara de dizer.

Eu me movi pelo ambiente, andando de um lado a outro numa inquietação motora, como se eu pudesse sentir fisicamente todo o peso dessa descoberta.

- Uma vez um amigo me disse que o impossível era só o inexplicável esperando para ser descoberto. - falei, virando-me para o mais velho outra vez. - Além disso, pelo que me lembro das suas aulas, Xebelianos tem poderes hidrocinéticos e eu já a vi manipular a água para me salvar antes.

Finalmente a ficha parece ter caído para Vulko. A verdade o acertando como um soco desnorteador. Seu olhar se tornou profundo e curioso, basicamente eu podia ver as engrenagens do velho funcionando.

- Por que Ryus forjaria a morte da própria filha? isso seria sabotar sua linhagem.

Eu pouco sabia sobre esse tal de Ryus e pensar sobre linhagens reais sempre me causavam um desconforto. Um frio na espinha que me fazia não querer pensar sobre. Não querer pensar como eu acabei me tornando uma mancha num curso sanguíneo onde a família era só mais uma organização de poder que subjugava o amor em prol de um trono idiota.

- Me diga você, já que Atlântida quem gosta de sacrificar familiares - respondi, sentindo a amargura arranhar minha garganta.

- Arthur, sua mãe foi...

- Não importa, Vulko. Nada disso importada de verdade agora - interrompi, sabendo as justificativas que ele tentaria me dar sobre o injustificável, algo que particularmente já estava cansado- Eu só quero recuperar Mera.

Ele pareceu complacente com a minha dor. De alguma forma eu sempre soube que Vulko desejava me proteger, não só dos perigos, mas também do sofrimento. Conforme fui crescendo, construí uma imagem forte e intimidadora, o tipo de cara com quem ninguém deseja brigar, que não se machuca, que aguenta as piores pancadas e consegue fazer piada do oponente. Mas Vulko permaneceu imune a esta casca de mim que eu mesmo fiz. De alguma forma, toda vez que ele me olhava eu me sentia o mesmo moleque inocente que acreditava poder conhecer sua mamãe e eu podia ver no reflexo dos seus olhos como era difícil para ele ter sido a pessoa a quebrar esse sonho, a partir o meu coração de um jeito irreparável.

- Há poucas formas de ter acesso a Xebel. - disse, mais disposto a me ajudar do que a segundos atrás - Para pessoas comuns é letal, apenas acidentes marítimos de um gral elevado o bastante para abalar o véu entre nossa dimensão e a dimensão Aqua. Para Xebelianos cabe somente a parcela rara da população que possuí a capacidade de controlar a água de tal maneira que consiga usá-la para uma viagem dimensional e para nós, atlantes, somente com...

Esperei pera resposta ansiosamente, sem nem pensar se estaria dentro das minhas capacidades ou não. Eu faria qualquer coisa por ela.

- Com o que? - perguntei, numa voz exigente quando o vi engolir a seco o restante do que tinha a dizer.

- O tridente de Atlan. - falou, sem o menor pudor dessa vez - Quando a guerra entre Atlântida e Xebel teve seu alge, Honsu "o Conquistador" usou os últimos fragmentos do poder do tridente de Atlan para exilar Xebel, desde então nem mesmo os melhores magos atlantes conseguiram replicar o feito. Acredita-se que somente o tridente pode abrir passagem para dimensão aqua novamente por meio da sua capacidade de controlar os oceanos.

Somente a mensão ao tridente me fazia ofegar, os contos e mitos sobre eles eram magnificos. Um mundo de possibilidades infinitas, um fragmento dos deuses em forma de arma que tornaria aquele que o portasse um dos seres mais poderosos da terra. Mas ele nunca foi visto depois da perdição de Atlântida e eu não fazia ideia de como acha-lo.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 11 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Submerged Love Onde histórias criam vida. Descubra agora