Submerged Love

7. Beijos e festivais

No dia anterior do festival, toda equipe do ABLM vibrava de anciedade. Primeiro porque o festival era um dia especial para todos de Amnesty Bay, não era esplêndido como os das cidades grandes, mas era aconchegante e um memorial a cultura dessa pequena cidade interiorana. E depois porque ficamos sabendo que o próprio Wayne viria para celebração. Arthur, no entanto, foi o único que não pareceu muito entusiasmando com a vinda de Bruce. O ânimo se acendeu ainda mais quando Sam nos avisou que todos deveriamos nos hospedar na pousada mais luxuosa de Amesty Bay. Segundo o próprio Bradley, além de acompanhar a estadia de Bruce Wayne, também deveriamos nos aprontar todos no mesmo local para evitar desencontros, imprevistos e atrasos na hora apresentação.

A cidade já vinha sendo decorada a semanas, flores eram espalhadas por toda ela, agarrando-se nos enquadramentos das casas, expotas em vazos barrentos ou agarradas em postes, cercas e corrimãos. Tudo isso somado, a algumas barracas montadas no cais da cidade, que dificultavam minha passagem pelo local, e olha que meu carro não é um dos grandes.

As ruas enfeitadas se tornaram vultos conforme eu peguei velocidade até á pousada. Ela não era nada extravagante, seguia um estilo de chácara moderna, tão campista que tive sorte por ter escolhido uma bota carno curto de salto largo, caso contrario teria me afundado na terra molhada a caminho da estradinha de concreto. Incrivelmente, minha mala parecia minuscula em comparação a de Sam.

-Me avise se precisar de ajudas com as malas. -Zombei, o vendo me repreender com seus olhos escuros.

Assim que cheguei Samuel já estava pertubando a pobre recepicionista com suas milhares de exigências. Encarei a cena um pouco surpresa com a hostilidade que ele agia, me perguntando em que ponto nos tornamos tão próximos para que ele deixasse sua frieza de lado.

Quando ele enfim terminou, praticamente toda equipe estava lá, até mesmo Arthur, que se plantara ao meu lado, tão próximo que senti meus pelos se arrepiarem, atraídos pela sua presença. Ele tinha um sorriso sutil, mais provocador, como se soubesse o que causava em mim, ou como se sentisse o mesmo, e pior, gostasse disso.

-Você fica linda quando está molhada - Sussurrou ao meu lado, me fazendo engasgar com a propria saliva.

Sim, eu estava encharcada pelos pequenos segundos de chuva que peguei enquanto atravessava a entrada do local. Mas seu comentário tinha um tom malicioso que me fez decifrar o duplo sentido de suas palavras.

- Arthur! - O fuzilei com o olhar, dando um tapa em seu braço.

Era para ser leve e discreto, mas o estralo foi o sulficiente para que todos nos encarassem enquanto eu ruborizava tolamente.

-Aqui estão seus crachás com as credenciais - Disse Bradley, me salvando dos olhares interrogativos e da risada bricalhona do homem ao meu lado.

Ele entregou os crachás a todos, enquanto eu surtava internamente, me perguntando se Arthur tinha feito intencionalmente e me negando a entender o que possivelmente isso significaria. Não estou entrando em estado de negação, mas cogitar algum interesse além de profissional entre a gente não me parecia lógico. Quer dizer, nas ultima semanas, Arthur tinha alcançado o que ninguém foi capaz de alcançar, me fez sentir como se finalmente pudesse ser eu mesma com alguém, acreditou em mim. Eu me acomodei na segurança que ele me passava, em suas palavras e intenções genuínas de me ajudar. O deixei chegar ao mais fundo de meu ser sem que eu percebesse. Mas Arthur era um estranho para mim, o que eu sabia dele além do que todos já sabiam?

Coloquei minha credencial, evitando o olhar desconfiando de Sam. Depois seguimos até nossos quartos. Havia um corredor de portas emadeiradas, que foram ignoradas totalmente por mim e meu sub consciente que lutava para que meus olhos não buscassem os seus, pois sabia que se eu o encarasse aquele sentimento se esgueiraria entre meu peito novamente.