Capítulo 12 - Devaneios

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Eu estava completamente perdida. Poderia dizer com todas as letras que Tracy tinha me olhado de maneira diferente, ainda que minha razão continuasse insistindo que tudo não passara de imaginação de minha parte, uma pequena pontada em meu interior se agarrava à hipótese que ter sido real.

Eu me sentia terrível a cada instante que pensava naquilo. Era como se toda gota de emoção dentro de meu interior se agarrasse em algo que eu sabia ser proibido, mas sentia um certo gosto por esse mesmo motivo. O errado estava começando a me influenciar.

Olhar para a princesa de Savian da mesa de jantar era ainda mais instigante. Meu coração tinha instantes de pausas e a respiração saía do meu controle ainda mais fácil do que meus batimentos. Em um momento, me peguei observando os lábios avermelhados de Tracy, enquanto ela conversava com seu pai sobre algum assunto quel não pude ouvir. Meus ouvidos estavam em sintonia com a desordem dentro de mim. Posso jurar que seu sorriso malicioso dado em um exato momento de sua conversa, havia sido para mim. Também tive a impressão de tê-la visto molhar a boca, mordendo a inferior logo em seguida. Outra vez tive reações dentro de mim que quase me fizeram correr daquele ambiente para respirar um pouco.

Contudo, eu tinha que ser firme. Eu não poderia deixar que aqueles sentimentos me dominassem naquela proporção. Mesmo que estivesse quase em chamas por dentro.

— Ti, você está bem? Parece pálida. — disse Alyssa ao meu lado, lembrando-me de respirar novamente.

— Sim, só um pouco cansada. — Tentei dar um sorriso, mas o ar tentando se estabilizar em mim não me permitiu fazer algo tão grande.

— Oh! Pode ir descansar, querida. Hoje não pretendemos estender muito a noite — a rainha me confortou.

Olhei em direção a princesa novamente, como se ela tivesse puxado minha face para si. Seus olhos expressivos tinham um ar de questionamento e desconforto que me fizeram recuar.

— Acho melhor ir, então — falei por fim.

— Vou acompanhá-la. — Antes que Alyssa pudesse terminar de limpar os lábios com o guardanapo, eu segurei seu pulso e neguei com a cabeça. Seria um bom momento para ficar só e colocar os pensamentos no lugar.

Ela franziu as sobrancelhas por uns instantes, mas meus olhos lhe passaram o conforto necessário para que entendesse minha vontade. Levantei-me da mesa para poder reverenciar a família real e seguir para a saída dali.

Por mais que estivesse no palácio há alguns dias, ainda não conhecia muitos caminhos por ali, mas precisava tomar um pouco de ar, então tratei de seguir as marcas que já conhecia até uma porta que desse para o lado de fora.

Encontrei uma das sacadas abertas onde consegui colocar o rosto para respirar todo o ar puro da noite enquanto tentava relaxar os músculos por completo.

— Você precisa se controlar, Tianne. Não pode se deixar abater dessa forma — disse a mim mesma para que meu raciocínio pudesse trabalhar.

— O que está lhe afetando dessa forma? — Senti um arrepio percorrer cada fio de meus cabelos com aquela voz. O ar havia fugido novamente de mim e me deixado completamente à mercê daquela que estava em minhas costas. Seus dedos tocaram meus ombros, trazendo uma paralisia para meu corpo que me permitiu apenas suspirar. — Ti?

Não pude falar naquele instante e também não queria olhá-la. Eu sabia que meu interior iria imaginar mais de mil coisas enquanto a visse falar ou se expressar de alguma forma para me afundar ainda mais naquele desejo.

Com minha falta de fala, senti seus dedos se aprofundarem um pouco mais em meus ombros. Foi o que me reanimou os sentidos para me afastar daquele contato.

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