Capítulo 5 - Beijo

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Eu não recebi uma resposta imediata. Não recebi nem mesmo uma crise de risos proveniente daquela pergunta pessoal e, ao mesmo tempo, ridícula. Tracy apenas me encarou, como se sua mente estivesse absorvendo a questão lançada por mim. Eu quase me arrependi de ter feito isso, minha mente virou uma bagunça de projetos de pedidos de desculpas para que ela esquecesse. A única coisa que segurou minha língua foi o fato que eu realmente estava querendo saber a resposta para minha pergunta. Então, apesar de estar envergonhada e com certeza com as bochechas rosadas, eu continuei encarando Tracy e esperando uma resposta.

A princesa bêbada coçou a nuca e piscou, provavelmente lutando contra o sono que a bebedeira já estava provocando. Eu esperava que ela não desmaiasse no meu quarto, não queria precisar sair do quarto para pedir ajuda e tampouco poderia levá-la eu mesma.

— Então você quer saber como é beijar uma mulher — Tracy repetiu. — Por quê?

Eu tinha resposta para aquela pergunta?

— Bem, eu... — travei, sem ter a menor ideia do que dizer. — Curiosidade, acho. Vocês pareciam estar tão... Tão...

Eu não sabia que palavra usar. Apenas corei. Minha reação arrancou de Tracy um sorriso lascivo, quase predador, e eu arregalei os olhos. Mordi o lábio inferior, os olhos presos aos dela de uma forma que eu não seria capaz de desviar mesmo que quisesse. Ela tinha olhos tão profundos, azuis como a cor do céu, e eram afiados. Mas não me senti incomodada com seu olhar tão direto; eu me perdi nele.

Tracy caminhou em minha direção em passos lentos. Uma predadora inveterada com passos graciosos e confiantes, mesmo bêbada, indo em direção à presa.

— Apaixonadas? — perguntou, dando um passo a cada palavra. — Entregues à luxúria? Excitadas? — ela continuou perguntando, e parou bem diante de mim. Pouquíssimo espaço nos separava. — Que palavras estava procurando, Ti?

Abri a boca para responder, mas esqueci totalmente qualquer palavra quando a mão dela delicadamente pousou sobre meu rosto, acariciando a bochecha com o polegar. Seu dedo começou a deslizar na direção do meu queixo, subindo até meus lábios. Tracy parou de encarar meus olhos e passou a se concentrar em minha boca, completamente perdida em seu formato enquanto ela o desenhava com o polegar, suave e carinhosamente.

Eu congelei e meu coração disparou. Os dentes rasparam suavemente em meus lábios, mas eu não me mexi. Eu tinha noção que deveria empurrá-la e mandar que saísse. Mas por alguma razão, eu não fiz isso. Eu não quis. Deixei que ela continuasse a acariciar meus lábios e perder seus olhos neles. Eu mesma estava perdida em seu rosto, levemente rosado pela embriaguez, os olhos lindamente concentrados em minha boca como se fosse a coisa mais impressionante que ela já havia visto.

Então ela finalmente falou, a voz baixinha e rouca. Meu corpo inteiro estremeceu.

— Quer que eu mostre?

Eu não pensei que havia como meu coração pudesse disparar ainda mais, mas disparou. Puxei o ar com a boca com uma certa dificuldade, perdida em sensações que eu não sabia como explicar.

— Tracy... — murmurei, mas seu indicador pausou sobre os meus lábios, pedindo para que eu me calasse.

— Shhh... — ela fez o som e eu me calei. Então ela se inclinou na minha direção e me beijou.

Minha primeira reação foi arregalar os olhos, mas foi muito breve. Eu estava tão envolvida com a maneira que ela estava agindo que apenas me deixei levar como se estivesse hipnotizada. E talvez realmente estivesse totalmente hipnotizada por ela, porque eu simplesmente correspondi. Não pensei em mais nada além dos lábios macios dela, movendo-se carinhosamente sobre os meus.

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