Hector, um ex-soldado marcado por cicatrizes do passado, sobreviveu a um desastre em sua terra natal. Perdido entre lembranças amargas e a vastidão do espaço, ele embarca em uma jornada solitária, guiado apenas pela necessidade de seguir em frente...
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Hector S.
Estou vivendo meus últimos e miseráveis dias... Cada instante que passo aqui me consome, enquanto me perco na imensidão da loucura. E, ainda assim, estou preso à obrigação de consertá-la. Contra minha vontade. Contra meu instinto. Tudo isso apenas porque, de algum modo, parece que minha existência gira em torno dela.
A máquina.
Meu pai a criou, mas nunca compartilhou os segredos por trás do seu funcionamento. Uma tecnologia avançada demais para qualquer outro aqui. Deixou-me apenas lembranças vagas de suas experiências e de um sorriso cansado, como se soubesse que um dia eu estaria exatamente onde estou agora. Minha única vantagem é meu DNA, a chave para desbloqueá-la. Como isso me ajuda a consertar o que está quebrado? Nada.
— Você vai ficar nisso o dia todo? — Beatrice rompeu o silêncio, seu tom carregado de irritação disfarçada.
Levantei os olhos devagar, sem esconder a impaciência que sentia.
— E você vai continuar falando ao invés de ser útil?
Ela cruzou os braços, a sobrancelha arqueada. Sabia que estava me provocando e parecia se divertir com isso. O que mais me irritava era o fato de que, mesmo depois de tudo o que aconteceu, ela ainda permanecia ao meu lado. Por quê? Nem ela sabe.
— Há algo que você quer dizer, Hector? Parece que tem algo entalado na sua garganta desde mais cedo.
Meus punhos se cerraram. Claro que tinha algo. Ela sabia exatamente o que era, mas fingia que não. O beijo. Maldito beijo. Um gesto que não fazia sentido e que não conseguia tirar da cabeça. Não importava o quanto eu tentasse.
— Se você soubesse quando ficar quieta, às vezes ajudaria mais.
Beatrice deu de ombros, como se minhas palavras não a incomodassem. Sua expressão carregava um misto de desafio e desapego, uma combinação que me deixava completamente desconcertado.
— Quando você terminar de descontar sua frustração em mim, talvez consiga se concentrar na máquina. Quem sabe você até a conserte.
Minha resposta ficou presa na garganta, interrompida por um som baixo e mecânico. A máquina finalmente reagiu. Uma luz verde pulsava na superfície lisa e uma voz robótica ecoou:
"Parabéns. Família Glódia reconhecida com sucesso. Acesso liberado."
— Você é um gênio, Hector! — exclamou Beatrice, dando um salto de alegria. Seu entusiasmo parecia genuíno, mas eu não consegui compartilhar daquele momento.
— Gênio ou azarado? Ainda não decidi. — Olhei para o interior exposto da máquina. Estava seriamente danificada. Era como encarar os destroços de algo que uma vez fora perfeito. — O trabalho de verdade começa agora.
— Como ela pode estar falando mesmo tão danificada? — Beatrice perguntou, inclinando-se para observar mais de perto.
— Adaptação. É um sistema que meu pai implementou. Muitas dessas máquinas foram equipadas com um tipo de... parasita. Algo que pode proteger ou prejudicar, dependendo de quem tenta acessá-las.