Hector, um ex-soldado marcado por cicatrizes do passado, sobreviveu a um desastre em sua terra natal. Perdido entre lembranças amargas e a vastidão do espaço, ele embarca em uma jornada solitária, guiado apenas pela necessidade de seguir em frente...
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Hector S.
— Foram anos de solidão e angústia. Eu não deveria ter saído de lá. Agora, tudo que resta é lamentar. — As palavras saíram como um desabafo, mas também como uma confissão amarga. A revolta fervia dentro de mim, mas, no fundo, eu sabia que esse momento chegaria. Eles sabiam mais sobre mim do que deveriam. E agora, minha vida estava em suas mãos. — Quero ser útil, mas não posso permitir que isso aconteça com Lápizia.
— Tudo bem, você fez o possível. Você sobreviveu, e isso já é uma vitória. Phelix estaria orgulhoso. Vamos ficar bem, ok?
A voz de Kazuha era suave, mas firme, tentando me puxar de volta à superfície antes que eu afundasse por completo. Suas palavras aliviaram um pouco o peso esmagador em meu peito, mas a culpa continuava ali, pulsando como uma ferida aberta.
O quarto era pequeno e frio, com paredes metálicas acinzentadas e luzes embutidas que projetavam um brilho estéril, desprovido de qualquer calor. A tela holográfica ao lado da porta piscava com notificações de missões e reuniões que eu ignorava há dias. O ar reciclado tinha um frescor artificial, incapaz de mascarar totalmente o calor abafado do ambiente. Nada ali era um refúgio. Apenas um intervalo antes da próxima batalha.
Kazuha parecia deslocada naquele cenário mecânico. Seu olhar carregava a mesma gentileza de nosso pai, Lohan, e sua voz tinha a doçura que eu tanto associava a ele.
— Ele não merecia aquele fim trágico — murmurei. — E não permitirei que isso aconteça com você, Kazuha.
— Você era apenas um garoto vulnerável. Não se culpe por algo que não estava ao seu alcance.
A voz firme de Uthar cortou o ambiente. Ele fechou os olhos por um instante, cruzando os braços sobre a armadura escura. Sua presença sólida contrastava com o brilho frio dos painéis holográficos refletidos em sua silhueta.
— Se o seu interesse é a nossa segurança, mostre-nos do que é capaz. Esta pode ser uma excelente oportunidade. Quem sabe eu finalmente descubra o que o torna um Capitão, Hector.
Não houve espaço para resposta. Uthar pigarreou, sustentando sua expressão inabalável antes de continuar:
— Tenho plena convicção de que Lohan ficaria satisfeito em vê-los trabalhando juntos.
Sua voz não deixava margem para contestação.
— Apesar de não concordar que sua irmã se arrisque, Kazuha é uma profissional competente, e não posso deixá-la de fora devido ao seu ego. Na guerra, não existe segurança, Hector. Esteja pronto para o pior.
Seus olhos frios recaíram sobre mim.
— Além disso, preciso que vocês vão até a cidade ao Leste e tragam informações sobre o ambiente.
O ar vibrou com uma tensão quase tangível, como um campo magnético prestes a se romper.