Clementine – 13, Janeiro de 2021 17:00Creio que estou há uma semana trancada com meus pensamentos. Depois do encontro, se é que posso chamar assim, Calum deixou que eu escutasse uma de suas músicas. Sei que uma coisa eu ajudei, ele pode escrever sobre aquilo, sobre tudo aquilo.
Não sabia lidar com esses sentimentos, com os sentimentos dos outros em uma forma geral, mas quando colocados em uma música parece ainda mais pessoal e até mesmo melancólico, então as malditas letras de vapor ainda estavam na minha mente. Não o vi desde então.
Sei que se eu não fosse atrás de Calum, ele não viria atrás de mim, por isso o deixei em paz por essa semana, já que o mesmo mencionou que teria que começar a trabalhar em um videoclipe de verdade. Eu por fim lembrei que tinha coisas para fazer além de me lamentar por palavras erradas já ditas.
Em algum dia quando reuni coragem, sai à procura de tintas e roubei uma tela de Aria, acabei indo pela escolha óbvia, desenhando o que sempre desenho, até me encontrar nesse profundo tédio mais uma vez. Minha solução foi arrumar meu quarto, é o que venho fazendo nos últimos dois dias, arranjei uma caixa de coisas que quero levar comigo para Los Angeles e outra para doar.
"Saia de casa, por favor." Olhei para porta vendo Clarissa em suas roupas coloridas, depois de muito tempo, ela parecia muito bem hoje, até colocou uma maquiagem e ajeitou o cabelo, estava dedicada a aproveitar ao máximo o dia de hoje.
"Olha, quando eu estava saindo de casa mesmo não foi isso que você disse." Ela revirou os olhos entrando no quarto e dando uma olhada nas coisas dentro do quarto. Respirei fundo quando minha mãe se sentou na cama esticando o tecido meio amassado do vestido.
Não parecíamos saber como conversar. Desde que minha mãe nos contou que estava doente, nossa relação piorou significativamente, não era o que esperava ou queria, mas além de ter mentido para mim por meses, Clarissa ficou ainda mais insistente com assuntos banais.
"Certo, verdade. Mas agora estou ficando deprimida com cada móvel que você arrasta. Saia com sua irmã, saia com Calum, o que aconteceu naquele dia?"
"Nada que daria uma história interessante." Dei de ombros me sentando ao seu lado e tirando o pequeno globo terrestre de dentro da caixa, o girando algumas vezes. "Acha que sou uma pessoa muito difícil de lidar, mãe?" Ela soltou uma risada caricata.
"Difícil seria pouco para começar, meu bem." A encarei sem humor nenhum, mas sorri com o olhar autoritário que ela me oferecia. É verdade, e eu sei disso, perguntei apenas como reafirmação.
Isso ainda porque ela não sabe nada do que aconteceu, quando voltei de Los Angeles, nem sabe o motivo pelo qual fui para lá, foi tudo muito agitado, não sei se tenho lembranças desse período da minha vida, só dei que eram muitas mudanças acontecendo de uma vez só. "Talvez tenha levado muito a sério quando eu pedi que apreciasse cada segundo dessa sua vida efêmera, que acabou levando tudo na pressa e..."
"Causei um desastre." Dos grandes, quis completar. Talvez eu não tenha m dado a chance de ver a vida de uma forma menos direta ou autocentrada. Posso morrer amanhã carregando mil arrependimento nas costas. "Não tem mesmo nada que se arrependa?" Ela negou no mesmo instante.
"Fiz tudo que poderia querer até então, poderia ter mais ideias se tivesse mais tempo, mas estou muito sem disposição para seguir o caminho de tentativa e erro."
"Eu também."
"Bem, Clem, você já vem apostando no erro, acho que sabe qual é o caminho certo, só não quer seguí-lo." Ah que amoroso de sua parte. Mordi o interior de minhas bochechas e soltei o ar pesado em frustração. "Então por favor, saia de casa. Pode até ser sozinha, mas vá atrás de algo." Foi com essa frase que ela saiu do quarto.
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Love you, goodbye - cth
Romance"Eu sinto sua falta nas minhas músicas" Não era uma afirmação alegre, mas ela ainda riu, primeiro sorriu e depois soltou todo o nervosismo dentro de si com uma risada alta. Poderia ter dito apenas que sentia falta dela como uma pessoa normal. "Entã...