19 - Coliseu, em um dia melhor

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Clementine Marrie – 4, janeiro de 2021

A luz que banha toda a cidade

Pequena se faz num riso teu

Nenhuma graça tem outro sotaque

Nenhum monumento, Coliseu – Canção de hotel

Arrancaria minha pele com tanto esforço. A água respingou um pouco sobre a seda do vestido vermelho, deixando gotas escuras no tecido, desisti.

Sequei a mão com as várias cores ainda grudadas nela, foi o resultado de ajudar Aria a jogar tintas nas paredes e em telas, até joguei os shorts fora, não tinham salvação, inclusive muitos pontos da minha perna contavam com traços amarelos e roxos. Ao menos ficou muito bonito.

Ouvi três batidas na porta e me olhei no espelho uma última vez antes de sair.

Clarissa já tinha recebido ele, com mais biscoitos, ela está fazendo eles a tarde inteira, na verdade Anna está fazendo até ela acertar o ponto, até estar exatamente igual o dela, semana passada foi a lasanha, agora isso.

"Não precisa enrolar ele mãe, eu vou mesmo."

"Ah desculpe duvidar!" Antes ela sentisse muito por duvidar do meu compromisso, mesmo que Calum fosse outro que parecia apoiar o argumento de Clarissa.

"Você está linda." Ele falou e sorri. Claro que ele estava igualmente perfeito, com um par de Vans meio acabados e a mesma calça preta de sempre, uma blusa branca com um detalhe vermelho nas mangas e na gola, que sinto que já o vi usar antes, mas agora parecia mais apertada. Notas para a academia.

"Obrigado, você também." Minha mãe juntou as mãos e juro que parecia prestes a chorar, precisamos sair daqui logo antes que ela realmente chora. Clary sempre foi emotiva, mas as vezes se superava.

"Juízo os dois!" Ela falou quando eu estava fechando a porta e gritei tchau mais uma vez e mais alto. Calum riu, sempre indo na onda de Clarissa e neguei.

"Para onde vamos?" Cal perguntou enquanto andávamos por aquelas ruas mais uma vez, agora com mais pessoas do que na madrugada em que me lembro, acho que vou conhecer Roma com ele afinal.

"Então, tem essa exposição de artes cheia de coisa com um jantar cheio de frescura que Aria tinha cinco entradas e não quis nenhuma, estamos estrategicamente atrasados para a exposição mas tem o jantar de graça."

Bem, alguém teve que pagar, e foi algo da escola dela, mas ela vendeu três e me deu dois. Só espero que a definição de cheia de frescura não seja comida chique porque essa coisa vem em porções do tamanho de uma colher.

"Muito inteligente. Onde é?" Ele perguntou na hora que parei em frente ao lugar. Coliseu, era realmente algo mais arrumado e fiquei meio fascinada com a ideia de um jantar aqui, adoro esse lugar. "Ah."

Foi o que ele disse antes de entrarmos. Entreguei as entradas e fomos guiados para uma mesa. Era algo muito melhor do que eu tinha imaginado, a arte em exposição em si era de alguns estudantes que estavam saindo da escola, outros que já saíram, e o jantar era a melhor coisa que se poderia esperar da Itália. Massas.

"Droga, eu nasci para vir a um rodizio de massas."

"Sério, eu não sei como não fomos para nenhum quando estivemos aqui, que pecado."

"E foi na sua conta viu?" Sim, eu assumo esse erro. Mas segundas chances, e cá estamos nós de novo nesse lugar incrível com a melhor comida do mundo. "Isso tudo Aria ganhou? Ela sabe o que perdeu?"

"Sabe, Aria não é uma pessoa sociável. É de sua escola de artes para casa e para a casa de Christie, e acabou a rotina dela."

"E você? Como anda a vida em Los Angeles?" Ele perguntou e apoiei um braço na mesa, batucando a madeira com as unhas e olhei para ele.

Love you, goodbye - cthOnde histórias criam vida. Descubra agora