11 - Uma madrugada em Roma

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Clementine Marrie – 8, Janeiro de 2020 – 3:35

Eu prefiro o outono, e seus avisos sutis de que o clima vai mudar a cada folha que caí, e também lembrar que elas vão crescer de novo em algum momento. Toda natureza explica as mudanças, e ciclos e tudo que eu não conseguiria entender ou aceitar tão bem.

Também, não é tão frio no outono, e apesar de estar mais que acostumada com as temperaturas baixas, quando meus pés descalços encontraram o chão gelado, um arrepio subiu pelo meu corpo o despertando e reclamando de o tirar de debaixo das cobertas confortáveis.

Me enrolei em um casaco grosso, que o frio parecia conseguir atravessar mesmo assim, coloquei as botas desajeitadamente e segui para a sala. Acontece que dando continuidade à toda sutileza das minhas mães, Calum agora está no nosso sofá a convite delas, o que não foi difícil de aceitar. Certo que ele ainda não estava muito de bom humor comigo, mas eu acho que nenhum de nós pode se queixar sobre isso.

"Calum!" Me abaixei na altura dele e ouvi um resmungo baixo em resposta. O cutuquei sussurrando seu nome mais uma vez e um dos seus olhos abriu para me ver, e voltar a dormir. "Hood, acorda!" Coloquei a mão em seu peito e o balancei até receber um sinal de vida, que foi quando ele colocou sua mão sobre a minha a tirando de cima dele, sorri e me sentei no chão da sala. "Vamos, temos um lugar para ir."

"Que horas são?" Sua voz saiu baixa e meio rouca.

"Não sei, quatro? Três? Algo assim." Paramos em silêncio por um tempo, até ele reunir coragem e se sentar no sofá. Passou a mão no rosto para despertar e desceu o olhar até me encontrar sentada ali, provavelmente parecendo uma almofada também por causa do casaco.

"E... por que me acordou três ou quatro da manhã, Clem?" Saí do chão tomando um lugar no sofá e me virei para ele.

"Eu quero conhecer Roma." Calum riu baixo e passou a mão pelos cabelos, então virou para mim meio perdido na conversa.

"Ah, é sério?" Assenti. "Você não... nasceu aqui?" Dei de ombros me pondo de pé e esperei que ele fizesse o mesmo, o que fez bem preguiçosamente, quase tirou a força de vontade que eu tinha.

"Hm, então você precisa conhecer Roma. Prometi uma semana e não saímos hoje." Segui para a cozinha e abri a geladeira, ouvi os passos de Calum me acompanhando e tirei uma garrafa de suco para mim e estendi outra para ele.

"Eu saí com Ashton Hoje, passamos por vários lugares. Sobre o que é isso afinal?"

"O que?" Parei me virando para ele e deixando as duas garrafas de suco sobre a ilha da cozinha. Calum coçou a nuca, encarou o chão por um tempo e olhou para mim negando.

"Nada eu só achei que tinha algum motivo para me acordar de madrugada e querer sair por aí." Ele abriu a garrafa dele e respirei fundo.

"Eu quero conhecer Roma com você, porque nunca fiz isso antes. Se não quiser ir basta me dizer, meu deus." Balancei as mãos em desistência e ouvi ele resmungar algo.

"É a única explicação que vou ter?" Ele quer mais que isso? Credo. "Certo, eu só preciso de uns três casacos e a gente vai."

É estranho que essa é a cidade em que consigo pensar menos lugares para ir? Tirando o fato de que está tudo fechado e não poderia mesmo invadir outro museu, esses tempos da minha vida são passado já. Mas não me vem em mente nenhum lugar importante para ir. Importante? Não é bem a palavra, talvez um lugar diferente, ou nada muito cliché de Roma, ele já conhece o Coliseu.

Calum voltou realmente enrolado em um dois ou três casacos e eu neguei pegando as chaves penduradas no canto de sempre.

"Vamos andar um pouco. Nem reclame porque está frio e andar faz bem."

Love you, goodbye - cthOnde histórias criam vida. Descubra agora