Desafio Vital

Capítulo 13

Na sala, Igor olhava para as chamas da lareira, enquanto Harry permanecia distraido, os dois estavam com o pensamento ao longe. Harry soltou um suspiro triste.

- Pobre Lindsay...

- Ahn?

- Ela está passando por tudo isso sozinha e a culpa é minha... - Harry murmurou enquanto seus olhos marejavam levemente.

- Não é culpa sua. - Igor disse se levantando e indo se sentar ao lado de Harry.

- Como não? Se eu não os houvesse levado, eles não teriam sofrido esse acidente, estariam na segurança da nossa casa...

- Olha pra mim. - Igor disse se sentando ao seu lado e colocando a mão no ombro de Harry, apertando levemente. - Você precisava desse emprego. Não foi culpa sua. Foi um acidente. O que você acha de abandonar o assunto melancólico? Se você quiser conversar, eu tô aqui, mas se quiser conversar sobre outra coisa e se animar, eu tô aqui também.

- Eu não acho que eles tenham morrido... - Harry murmurou.

Aquela frase chamou a atenção de Igor, que ajeitou sua postura e o mirou fixamente, o analisando.

- O que o faz pensar isso?

- Eu não sei... Intuição?

- Intuição?

- É... Eu não consigo me sentir triste ou com luto, sinto apenas medo...

- Medo... De quê? De quando as coisas voltarem ao normal?

- Não... Medo de que minha intuição não esteja correta... Mas... Nós morremos ou entramos em coma... E eles não estão aqui...

- Sim... - Igor assentiu, tentando acompanhar o raciocínio de Harry.

- Eu recebi a confirmação de que minha menina está bem... Mas não recebi uma confirmação de que eles tenham se machucado. Na verdade, isso está em aberto. Foi o meu eu do passado quem chegou a essa concepção e se desesperou... Mas...

- Não há nada que prove que eles não estejam em segurança... - O moreno murmurou, entendendo. - Faz sentido... O que o levou a pensar nisso?

- Foi quando eu me acalmei... Quando eu ui tomar banho, fiz minhas orações e esse pensamento chegou até mim... Lembra? Quando vocês estavam ouvindo por trás da porta.

- A-ah! Nós não...

- Eu percebi, Igor... Antes de abrir a porta, eu já estava ouvindo vocês três.

- Ah... Eu... Sinto muito...

- Não sinta. Eu agradeço a preocupação. - O loiro sorriu. - E então? O que acha? Só não faça como um psicólogo e diga que eu devo encontrar a resposta sozinho.

Igor não aguentou e soltou um riso alto.se jogou contra o sofá e respirou fundo.

- Cacete, eu já disse muito isso... - Riu. - Mas não, não estou sendo pago... Nesse caso... Acho que vou concordar com você... Não há evidência alguma de que eles estejam mortos ou gravemente feridos.

Ao ouvir tal afirmação, Harry sentiu um tremendo peso sair de seus ombros e sorriu.

- Obrigado.

Igor sorriu para o loiro e assentiu.

- É bom falar com você. E é bom que você expresse seus sentimentos, agradeço por ter confiado em mim para isso.

- I-Igor?

- Hm?

- Meu irmão... Meu irmão caçula está em coma há um bom tempo... Há uns dez anos... Você acha que ele está em um lugar como esse?