O CLÃ DOS CORVOS

Realidade?

Saí do banho enquanto me secava e fui em direção a cama e quando olhei  fiquei sem reação ao ver um monte de penas pretas sobre ela, eram penas de corvo eu não pensei duas vezes abri a porta e corri até a cozinha.

_Mãe vem comigo!
_O que você tem Thomas?
_Meu quarto!
_O que aconteceu no seu quarto? Fica calmo!-disse ela.
_Vem comigo a senhora precisa ver!

Saí correndo e ela veio atrás de mim e quando entramos no quarto as penas haviam sumido.

_Como assim?

Eu fiquei sem entender nada.

_Thomas me conta o quê está acontecendo?-perguntou minha mãe assustada.
_Havia um monte de penas pretas aqui mãe quando eu saí do banho e olhei pra cama elas estavam lá!

Ela parecia incrédula e me olhava sem entender nada.

_Filho você tem certeza do que viu?
_Mãe eu juro elas estavam espalhadas pela cama e algumas no chão eu juro! Eu acho que estou enlouquecendo!

Ela me abraça.

_Calma filho, fica calmo, nossa você está ardendo de febre!

Eu não estava sentindo absolutamente nada.

_Filho eu acho que você está delirando!
_Mas eu as vi mãe!
_É melhor você se deitar um pouco eu vou pegar o termômetro e já volto!

Será que eu estava delirando por causa da febre? Ou será que aquilo foi real? Nem eu estava entendendo mais. Minutos depois ela voltou com o termômetro e a Cler veio com ela.

_Você está com 38 de febre filho!
_Mas eu não estou sentindo mal estar algum mãe!
_A mamãe disse que você está delirando!-falou a Cler.
_Eu não sei se aquilo foi real!
_Filho assim que seu pai chegar nos iremos ao médico!
_Não precisa mãe.
_É claro que você vai seu idiota a dias você vem sentindo essas coisas e agora está tendo alucinações!-disse a Cler um pouco exaltada.
_Eu e sua irmã vamos sair pra você poder se vestir e descansar até seu pai chegar.

No meio daquilo tudo eu nem havia percebido que estava apenas com a toalha na cintura, assim que elas saíram eu me vesti e fiquei olhando pra cama, eu sabia que havia algo de estranho comigo, e também sabia que não era caso de médico, aquilo já estava me consumindo por dentro, fui até a janela tomar um ar e quando olhei pra macieira ele estava lá olhando pra mim, o corvo nem se quer se movia então saí correndo e fui até a macieira e fiquei olhando pra ele até que ele pousou no chão bem na minha frente.

_Eu sei que vai parecer loucura, mas eu tenho certeza que você tem haver com tudo isso!

Ele me olha fixamente e meu corpo foi ficando pesado e eu sentia minhas mãos queimarem e do nada tudo ficou escuro. Quando fui abrindo meus olhos luzes refletiram e quando olhei pro lado meus pais estavam me olhando.

_Graças a Deus você acordou!-disse minha mãe.
_Onde eu estou?
_Quando eu cheguei em casa você já estava desmaiado sua mãe me disse que você estava com febre e saiu pra fora e desmaiou em baixo da macieira.
_Pai eu não sei o que está acontecendo comigo!
_Calma, enquanto você estava desmaiado o médico fez uma tomografia estamos esperando só o resultado.-disse minha mãe.
_Cadê a Cler?-perguntei.
_Ela está lá fora, eu vou lá l avisar que você acordou, seu pai ficará aqui com você.

Ela saiu.

_Sua mãe me disse que você teve alucinações?
_Eu vi penas pretas no meu quarto, eram penas de corvo!
_Calma filho deve ter sido por conta da febre.
_Não pai, eu tenho certeza que foi real, e pode parecer loucura mas eu acho que aquele corvo tem alguma coisa haver com tudo que está acontecendo comigo, os pesadelos essas sensações estranhas, eu sei que o senhor não acredita muito nessas coisas mas tem algo de errado comigo.
_Thomas meu filho fica calmo, você pode estar sobrecarregado com a escola sua cabeça deve estar lotada.
_Eu não sei, mas talvez o senhor tenha razão.

Minutos depois o médico entrou no quarto e minha mãe e a Cler vieram com ele.

_Aqui estão os resultados da tomografia, e eu posso dizer com toda certeza que o Thomas está extremamente saudável!-disse o médico.
_Graças a Deus!-falou minha mãe aliviada.
_Essa febre  pode ser emocional, garanto que você não tem nada Thomas.
_Viu filho eu te disse.
_Tudo bem pai, vai ver que o senhor tenha razão e eu só esteja acumulando preocupações da escola.
_Mas por conta da febre e do desmaio acho melhor você passar a noite aqui só para uma monitoração.-disse o médico.
_Isso é necessário?-perguntei.
_Só pra termos certeza de que essa febre repentina não vai voltar, mas apenas um vai poder passar a noite aqui com você.
_Eu fico, sua mãe e a Cler podem ir pra casa, amanhã cedo ela vem nos pegar.
_tudo bem.

Minha mãe e a Cler foram pra casa e meu pai ficou comigo, eu não estava sentindo incômodo algum, mas eu não tirava da cabeça tudo que havia acontecido, as penas na cama, o corvo que pareceu me entender. Mais tarde aquela noite eu acordei e senti que havia alguém no canto do quarto, eu não conseguia ver quem era porque a luz estava apagada e a pouca claridade que tinha vinha da luz do corredor através do vidro da porta.

_Pai é o senhor?

Do nada aquela pessoa surgiu e eu travei, era o cara do meu sonho, mas como isso era possível? Minha voz não saía e meu corpo estava imóvel, ele se aproximou da cama e me olhou fixamente, eu só poderia estar sonhando.

_Já está na hora Adriel.-sussurrou ele.

Adriel? Quem era esse Adriel?

Do nada a porta do quarto abriu e a luz se acendeu e era meu pai, quando olhei pro lado não havia mais ninguém ali.

_Filho você está bem?
_Sim eu só perdi o sono!

Decidi não contar nada pra ele pois até eu não acreditei no que havia acabado de acontecer ali, quem era aquele homem e o que aquilo que ele disse significava? E porque ele havia me chamado de Adriel?

_Pai o senhor pode ficar aqui comigo pelo resto da noite?
_Sim mas você está sentindo alguma coisa Thomas?
_Não pai, eu só não quero ficar sozinho.

Ele ficou comigo o restante da noite e eu não consegui dormir, na manhã seguinte minha mãe veio nos buscar, ela me deu um abraço apertado e no caminho de casa eu não estava falando muito.

_Tá tudo bem filho?-Perguntou ela.
_Está sim mãe, eu só não dormi bem ontem.
_Quando chegarmos em casa você se deita um pouco.
_E não se preocupe filho a Cler vai falar com seus professores e ver se eles mandam algum trabalho que você perdeu hoje.
_Tá mãe.

Eu só conseguia lembrar da noite passada, das coisas que aquele homem disse, e como eu já havia sonhando com ele antes? Afinal o que tinha de errado comigo?