Eu

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Quando voltávamos para escola ele não sentou do meu lado, sentou-se no fundo do ônibus e o Alex aproveitou e sentou comigo, ele percebeu que eu não estava bem perguntou o que eu tinha e se tinha acontecido alguma coisa com o Tyler, mas eu disse que não, que estava tudo bem e só precisava ficar na minha.
Minha mente estava uma bagunça, aquelas cenas não paravam de se repetir, mas o mais estranho de tudo é que eu havia gostado e uma parte de mim queria mais.Fui o caminho inteiro pensando tentando entender, quando chegamos na escola e desci do ônibus o Tyler passou por mim e nem sequer olhou pra mim, e quando entrei na sala ele havia mudado de lugar.

_Você tem certeza de que não aconteceu nada? Hoje cedo vocês estavam super amigos e agora isso!-perguntou o Alex todo desconfiado.
_Eu já disse que não aconteceu nada.

Mas tarde quando cheguei em casa meu pai já via saído e a Cler tinha ficado na cidade na casa de uma amiga.

_Thomas aconteceu alguma coisa?-perguntou minha mãe desconfiada.
_Eu tô cansado mãe, hoje tivemos um trabalho de campo e foi muito exaustivo só quero descansar.
_Vai tomar um banho e venha almoçar depois você dorme um pouco.
_Tudo bem mãe.

Segui para meu quarto e me joguei na cama, não conseguia parar de pensar no Tyler, o toque dos lábios dele nos meus, o toque de suas mãos no meu rosto o cheiro dele, eu nunca havia sentido esse tipo de atração por cara nenhum era um sentimento novo pra mim.
Logo depois que terminei o banho olhei pra janela e lá estava ele, o mesmo corvo de todas as vezes, mas dessa vez ele começou a bater com o bico no vidro como se queresse entrar e do nada senti minhas mãos queimarem e do nada apareceram manchas pretas como se fossem minhas veias eu fiquei parado em pânico sem entender e sem saber o que estava acontecendo comigo, as manchas começaram a subir para meus braços e eu não sabia o que fazer, deixei a toalha cair e quando olhei meu corpo já estava quase todo coberto por elas, então da mesma forma que elas surgiram elas sumiram, e quando olhei pra janela o corvo não estava mas lá, do nada minha mãe bate na porta me chamando para comer.

_Eu já estou indo mãe!

Tinha alguma coisa errada comigo e eu teria que descobrir.Fui até a cozinha almoçar e minha mãe percebeu que eu não estava bem, ela puxou uma cadeira e se sentou a mesa comigo.

_Thomas, me conta, eu sei que está acontecendo alguma coisa!

Eu não soube o que falar.

_Não é nada mãe, como disse é só cansaço.
_Eu sou sua mãe Thomas pode confiar em mim!

Eu queria muito contar pra ela sobre o Tyler, sobre o que estava acontecendo comigo mas tinha medo da reação dela.

_É só isso mãe.
_Eu sei que não é, mas tudo bem não quero invadir seu espaço, mas saiba que quando estiver pronto eu vou estar aqui pra te ouvir.-disse ela.

Era tão bom ouvir aquilo, eu queria muito me abrir com ela, mas não me sentia seguro em fazer aquilo.
Terminei de almoçar e disse pra minha mãe que iria dormir um pouco e foi o que eu fiz, assim que me deitei apaguei e mais uma vez acordei no meio da floresta e estava nu de novo, mas dessa vez estava de dia e um silêncio tomava conta dali, eu só ouvia o vento através das árvores, mas senti uma presença parecia ter alguém me observando, eu sentia um buraco enorme no meu peito e quando me viro eu o vejo, era o mesmo cara do pesadelo passado, mas dessa vez dava pra ver claramente o rosto dele, ele era pálido e tinha uma barba escura assim como seu cabelo, olhos claros e também era bem alto, ele ficou me encarando.

_Quem é você?-perguntei sem ter resposta alguma.

Ele se aproximou de mim e eu dei alguns passos pra trás, aquilo era surreal parecia que eu estava acordado realmente vivendo tudo aquilo.

_Fica longe de mim!!!-gritei.
_A chave.
_Chave? Mas que chave?
_Você precisa da chave.

Ele então rapidamente veio pra cima de mim e eu acordei gritando e todo suado, minha respiração estava ofegante e muito pesada, meus pais bateram na porta e quando abri eles entraram e eu não estava conseguindo respirar e eles me perguntavam  o que estava acontecendo mas a voz não saia.

_Thomas o que você tem?-perguntava minha mãe.

Meu pai me sentou na cama e correu até a cozinha para buscar água e rapidamente voltou, a Cler entrou no quarto e eu vi no rosto dela o susto em me ver daquele jeito.

_Calma filho respira fica calmo!-dizia meu pai.

Minha mãe e a Cler começaram  a chorar de nervosas mas aos poucos eu fui recuperando o fôlego e fui me acalmando.

_Calma vocês duas ele já está melhor!-disse meu pai.
_Filho fala com a gente fala o que aconteceu!-falou minha mãe.
_Eu tive um pesadelo horrível parecia tão real, um homem estranho que eu já tinha sonhado outra vez ele falou de uma chave disse que eu preciso de uma chave, mas ele veio pra cima de mim e eu entrei em pânico e acordei assim!

Eu percebi uma certa preocupação no rosto dos meus pais, eles se olharam um instante.

_Calma filho foi só um pesadelo, fica calmo.-disse minha mãe.
_Você quase matou a gente seu maluco!-falou a Cler com raiva.
_Cler sai do quarto!-pediu meu pai.
_Mas pai...
_Faça o que seu pai está pedindo Cler!-disse minha mãe.

A Cler então se vira sai com mais raiva ainda, meus pais ficam no quarto e eu continuava notando um clima tenso entre eles.

_Tá tudo bem?-perguntei.
_Sim filho tá tudo bem, você só nos deu um susto só isso.-disse minha mãe.
_Escutamos seus gritos e ficamos preocupados, agora fica calmo filho foi só um pesadelo.
_Agora se deite que eu vou trazer algo pra você comer!

Meu pai me deu um beijo na testa e em seguida seguiu minha mãe, estava acontecendo alguma coisa entre eles e eu tinha que descobrir o que era, e eu precisava entender o significado desse pesadelo.

O CLÃ DOS CORVOS  Onde histórias criam vida. Descubra agora