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Naquela manhã, mamãe havia pedido para prepararem um café para comermos juntos. Noah, ela e eu. Eu não entendi o motivo da sua vontade repetina de fazer isso.

Coloquei ovos mexidos no meu prato e suco de uva na taça de vidro. Na mesa silenciosa, levantei o olhar para mamãe, que me enviou um sorriso de lado. Mesmo me servindo com o que havia na mesa eu não estava afim de comer nada.

Minha cabeça doía. Eu estava pálida. E com a consciência pesada.

- Como está indo com a Universidade de Londres, querido? - perguntou ela para Noah. Virei o olhar para ele, curiosa também para saber como tudo estava indo.

- Agora se interessa? - questionou ele. Arregalei os olhos pela maneira rude que ele respondeu. Ele nunca havia respondido mamãe ou até mesmo à mim, desta maneira.

- Noah! - chamei a sua atenção.

- Digo o mesmo para você, Savannah. - apontou ríspidamente. - As duas andam tão ocupadas com sei lá o que, que nem ao menos, nesses 2 meses que eu estou completamente concentrado para entrar lá, me perguntaram como as coisas estão indo.

- Eu apenas...

- Apenas está concentrada com o que? O que a Savannah sabe, que eu não sei? - ele a interrompeu.

- Você ainda não contou para ele? - perguntei, mas logo após todas as palavras saírem, percebi que deveria tê-la guardado para mais tarde. Olhei para Noah e percebi que já era tarde demais.

- Aquele dia no carro você disse que não sabia de nada... - lembrou, me olhando de uma forma decepcionante. - O que está acontecendo com vocês?

Ficamos em silêncio.

O que eu deveria falar? Meus assuntos, com certeza, não eram tão relevantes para ele quanto os assuntos da mamãe. Ela já deveria ter contato para ele, e a minha pergunta de segundos atrás, piorou tudo.

- Mãe?! - Noah chamou. - O que está havendo?

- Eu estou conhecendo uma pessoa... - ela revelou, tentando manter a calma para que Noah também mantesse a calma. Meu irmão franziu as sobrancelhas. - E ele trabalha lá na empresa. O nome dele é Jorge e...

- Era isso que estavam escondendo de mim? - Noah perguntou. - É por conta desse cara que você não se importa mais com os seus filhos?

- Noah, já chega! - alterei a voz, fazendo ele olhar para mim.

- Não venha querer me parar, quando você teve coragem de olhar no meu rosto e mentir para mim! - disse na mesma intensidade.

- Já chega! Os dois! - mamãe ordenou, impaciente.

- Vocês são duas mentirosas! - acusou, se levantando da mesa e jogando o guarda-napo na mesa com força, mostrando a sua raiva.

- Não fale assim comigo! Eu ainda sou a sua mãe! - mamãe se levantou, indignada com a ação do Noah. Me levantei também, apoiando as mãos na mesa como suporte. Eu me sentia fraca.

- É mesmo? - questionou Noah. - Se manteve tão longe por um tempo, que esqueci que ainda tinha uma mãe.

- Nunca mais diga isso! - ordenou. - Eu ainda amo o seu pai! Mas com certeza, ele não gostaria que eu deixasse de ser feliz novamente. Eu nunca esquecerei ele. Mas eu preciso seguir em frente.

- Gente... - chamei baixo, franzindo a testa por estar me sentindo tonta.

- Eu não estou assim pelo fato de você ter conhecido alguém. Sei que papai queria que você fosse feliz - respondeu Noah. - Eu apenas estou desta maneira porque vocês duas mentiram para mim! Na minha cara!

5 ᴘᴇᴅɪᴅᴏs • ᵇᵉᵃᵘᵛᵃⁿⁿᵃʰOnde histórias criam vida. Descubra agora