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JOSH

— Eu sinto que vou explodir á qualquer momento e vai voar pedaços de pizza mordidos para todos os lados. — Vanessa resmungou enquanto entrava no quarto.

— Não tem problema você dormir na cama comigo, Vanessa. — disse, sentado na ponta do colchão. — Você não pode dormir no sofá para acordar com dor nas costas.

— De novo isso? — ela revirou os olhos. — Esse sofá está mais do que ótimo.

— Por favor. — desviei meu olhar para o seu rosto e ela também me encarava. Alguns segundos depois, ela revirou os olhos novamente e soltou um suspiro longo.

— Só não diz isso para a Savannah depois porque se não ela vai achar que eu te arrastei para dormir na mesma cama comigo. — ela avisou, pegando o travesseiro que havia deixado no sofá antes de ir escovar os dentes. Dei de ombros e deitei na cama, encarando o teto branco.

— Você e a Chloe estão se dando muito bem, por que não quis contar á ela hoje quando estávamos na sorveteria? —
perguntei.

— Porque eu fiquei com medo de ela querer ir embora e ficar brava comigo até amanhã. — contou calmamente. — Aliás, podemos contar amanhã mesmo, ficará mais fácil para mim se ela ficar brava. Vamos embora no começo da noite mesmo.

— Mas e se ela ficar feliz por você estar aqui? — perguntei. — Você precisa pensar nessa possibilidade.

— Não consigo pensar em algo bom nesse momento, Josh. — suspirou e jogou o travesseiro na cama, quase acertando em mim. Ela demorou alguns segundos para apagar a luz e eu estava apenas encarando o teto branco, que não ficou tão visível assim quando só a luz do abajur iluminava o quarto. — Espero que consiga dormir com luz, porque eu consigo muito bem.

— Não se preocupe com isso.
O colchão afundou um pouco do lado quando Vanessa se deitou, e também pareceu estar olhando o teto. Soltei um suspiro pesado e fechei os olhos por alguns instantes, mas sabia que não iria dormir naquele momento.

— Você não está triste e nem nada do tipo? Porque se não, você está sendo um ótimo ator. — as palavras da garota ao meu lado me fez abrir os olhos.

— Eu não tenho motivos para estar triste. — soltei uma risada curta e involuntária.

— Então o fato da Savannah ir morar com Noah em Londres não é algo que te deixa triste? Eu não entendi nada. — franzi a testa e levantei depressa, ficando sentado na cama e me virando para encarar Vanessa.  — O que foi? Pensei que gostasse dela. Desculpa aí senhor robô que não sente nada. — ela revirou os olhos.

— A Savannah vai para Londres? — perguntei, erguendo as sobrancelhas.
Como assim ela iria morar em Londres?

— Com Noah... — completou ela, e logo se sentou na cama também. — Foi o que Any disse á você, não foi?

— O que a Any tem a ver com isso? — franzi a testa novamente. — O que está acontecendo? — me levantei da cama e Vanessa me encarou completamente confusa e se levantando também.

— Eu quem te pergunto o que está acontecendo. — ela fez uma careta. — Savannah me ligou perguntando se você não estava nem um pouco chateado pelo fato de ela ir morar com Noah em Londres no ano que vem, porque você a respondeu completamente com desdém na mensagem de hoje de manhã.

— O que eu respondi para ela não tem nada a ver com Londres. — expliquei. — Você havia me dito sobre a loja de casacos, e eu comentei isso com a Savannah. Ela me disse: Any deve ter contado a você, me desculpe. Pensei que ela estava se referindo á falar com o Harry, por isso disse que estava tudo bem e que não estava chateado.

Naquele momento, Vanessa espremeu os lábios e balançou a cabeça de um lado para o outro. Seus olhos estavam levemente arregalados.

— Ela vai para Londres?! — sussurrei, não conseguindo acreditar. — Por que ela não me contou?

— Ela mesma pensa que Any contou à você. — disse Vanessa.

— Então até Any sabia? — questionei. Levantei meu rosto e passei as mãos nele, com uma frustração intensa correndo pelo meu corpo. — Só eu não sabia? Se bobear, até o Harry, que nem fala com ela direito sabia. Droga!

— Josh... — chamou calmamente.

— Eu preciso ligar para ela. — falei, pronto para pegar meu celular na mesinha ao lado da cama, mas Vanessa chamando pelo meu nome de novo me fez parar.

— Fica quieto e me escuta, caramba! — disse firmemente. — Não ligue para ela agora, já está tarde. Deixe com que vocês resolvam isso quando voltarem.

— Mas Vanessa...

— Cara, ela acha que você já sabe. — me interrompeu. — Vai fazer uma bela burrada se ligar para ela agora. Você está magoado, vai acabar dizendo o que não deve e isso não vai terminar bem.

— Eu só quero saber o porquê... — suspirei. — Droga! Por que ela não me contou?

— Ela só deve ter ficado com medo da sua reação. — sugeriu. — Não sei... Vai que ela pensou que você ficaria bravo com ela.

— Se ela pensou isso, não me conhece tão bem quanto deveria... — caminhei até a cama e me sentei na ponta do colchão novamente. Apoiei meu cotovelo no joelho e escondi meu rosto com as mãos. — Eu disse para ela que ficaria em uma faculdade perto daqui para ficar junto com ela e com a minha mãe. Ela poderia pelo menos ter me contado nesse momento, Vanessa.

— Ah, claro. — ela disse se forma exagerada. — Como se você também não tivesse escondido dela por meses que era inteligente. — encarei seu rosto e ela revirou os olhos, cruzando os braços.

— Há uma grande diferença em comparação á isso. — falei como se não fosse óbvio. — Eu fiz aquilo porque gostava dela. Ela mudando de país sem se importar em pelo menos me contar meses antes é completamente diferente.

— Eu já falei que pode ser porque ela ficou com medo da sua reação. — insistiu.

— E eu já disse que então ela não me conhece direito por pensar isso. — retruquei.

— De qualquer forma, ela quem deveria ter te contado isso. — Vanessa suspirou e voltou a deitar na cama. — Eu realmente não fazia idéia de que você não sabia. Devo pedir desculpas por pensar que você não gostava tanto dela assim.

— Eu amo ela. — corrigi.

— Enfim... — ela fez uma pausa. — Devo minhas desculpas de qualquer forma. Agora deita para tentar dormir.

— Não vou conseguir. — levantei a cabeça para encarar o teto branco e mordi o lábio inferior.

— Deita logo! — mandou. — Posso contar a história da rapunzel para você dormir, se quiser. — brincou, o que me fez sem querer soltar uma risada. — Está rindo do que? Estou falando sério!

— Se essa história não me fizer dormir, eu te empurro sem querer dessa cama enquanto você estiver dormindo. — avisei brincalhão, deitando na cama novamente.

— Não se preocupe, eu empurro você antes. — garantiu. Escutei ela limpar a garganta e estalar a língua. — Era uma vez...

5 ᴘᴇᴅɪᴅᴏs • ᵇᵉᵃᵘᵛᵃⁿⁿᵃʰOnde histórias criam vida. Descubra agora