5 ᴘᴇᴅɪᴅᴏs • ᵇᵉᵃᵘᵛᵃⁿⁿᵃʰ

51

SAVANNAH

     Eram dez horas da noite quando eu havia terminado mais um episódio de gossip girl. Peguei o meu celular que estava entre os lençóis e antes de ligar a tela eu queria mesmo que tivesse alguma mensagem do Josh, mas não tinha nada.

Eu queria que ele tivesse retornado uma ligação minha, mas ele não retornou.
Não queria que as coisas tivessem sido dessa forma.

Batidas leves na minha porta tirou a minha atenção do celular, e logo quando ela foi aberta revelou a minha mãe com o seu coque alto na cabeça e vestindo um roupão de seda por cima da camisola de seda também.

— Te acordei? — perguntou, ainda parada na porta.

— Não estou com sono ainda. — contei, deixando o celular de lado e mergulhando a cabeça no travesseiro macio. Minha mãe adentrou meu quarto e se sentou na ponta da minha cama.

— A escola me ligou mais cedo dizendo sobre o acampamento de semana que vem, antes das provas — comentou, colocando a mão na minha perna por cima do cobertor e acariciando. — Amanhã eu vou deixar o dinheiro na bancada da cozinha para você pagar.

— Eu não sei se é uma boa ideia eu ir — revelei. — Eu ainda preciso conversar com o Josh e ver como as coisas vão ficar, já que ele seria a minha única companhia lá.

— Vocês brigaram? — ela perguntou, franzindo levemente a testa. Por um momento não deveria ter dito que as coisas não estavam indo bem entre nós. Após alguns segundos em silêncio eu me sentei na cama e peguei a sua mão.

— Você ficaria chateada se eu quisesse ir morar com o Noah em Londres no próximo ano? — perguntei calmamente. Minha mãe analisou meu rosto e eu não conseguia dizer qual era a sua reação naquele momento.

— Você quer ir com ele? — perguntou de volta. — Há quanto tempo pensa isso?

— Talvez alguns meses — respondi pausadamente. — Eu não quero deixar você aqui sozinha, então se você achar melhor eu ficar...

— Não tem problema — garantiu, me interrompendo. — Eu sabia que você poderia cogitar a ideia de ir com ele.

— Mas e você? — questionei com uma ponta de insegurança se eu deveria mesmo ir.

— Eu? Ficarei aqui com Jorge, e vou visitar vocês sempre que o trabalho permitir — ela sorriu e apertou mais a minha mão, me passando segurança. — É esse o motivo da briga de vocês dois? — quis saber, me encarando com atenção.

— Ele pareceu não se importar muito, e não atendeu nenhuma das minhas ligações ou respondeu alguma mensagem. — revelei, com a voz carregada de chateação.

— Esse assunto é para vocês conversarem cara a cara. Espere o dia de amanhã.

— Eu não queria precisar terminar com ele por conta de Londres, mãe. — voltei a mergulhar a cabeça no travesseiro e encarei o teto.

— E quem disse que você precisa? — questionou. — Vocês ainda precisam conversar e ver se vão ou não continuar com o que estão tendo. Não fique com pensamentos precipitados.

— Você sabe que relacionamento a distância nunca dão certo. — lembrei-a, encarando seu rosto.

— Savannah... — chamou como forma de repreensão.

— Eu quero esquecer esse assunto pelo menos para conseguir dormir. — reclamei.

— Vou fazer uma pipoca e ficamos aqui para assistir um filme, está bem? — sugeriu, me fazendo dar um sorriso.

— Eu ajudo você. — disse, saltando da cama.
_______________________________________________

       Na manhã seguinte acordei e minha mãe já não estava mais na minha cama. Eu sabia que ela havia dormido lá por ter acordado de madrugada por conta de
Noah estar quase me derrubando da cama.

Quando minha mãe e eu tínhamos terminado de fazer a pipoca, ele sentiu o cheiro e foi correndo ver o que iríamos fazer naquele fim de noite. Se juntou para nós para assistir um filme de romance e logo na metade do filme caiu no sono.
Meu irmão estava ocupando boa parte da minha cama e eu logo dei uma cutucada com o pé na sua coxa.

— Acorda! — disse meio sonolenta. Ele resmungou e se mexeu, mas logo parou quase caindo no sono novamente. — Noah! — chamei mais alto e ele levantou a cabeça do travesseiro assustado. — Eu tenho que ir para a escola, então sai do meu quarto. — falei me segurando para não rir dos seus cabelos bagunçados e seus olhos arregalados na sua cara inchada.

— Caramba! Por que não me deixou dormir? — perguntou com a testa franzida, se levantando da cama lentamente.

— Talvez por que o quarto é meu?! — espremi os olhos e não evitei sorrir com a sua cara fechada para mim.

— Está com um bafo de esgoto e ainda fica falando. — resmungou enquanto saia do quarto e eu me segurei para não jogar uma almofada na sua cabeça. Ou talvez um tijolo.

Me levantei alguns segundos depois que estava enfim sozinha no quarto e arrumei a minha cama. Quando abri a cortina, pude ver através do vidro o céu já azul por completo.

Coloquei uma calça jeans e uma blusa de alcinhas vermelhas em cima da cama e deixei um tênis branco no chão, pronta para tomar um banho.
Quando cheguei na cozinha, Noah estava fazendo panquecas para ele e pedi para que fizesse uma para mim. Enquanto isso, preparei um suco de laranja e coloquei-o no copo.

— Eu disse para a mamãe sobre Londres — contei, quando engoli um pedaço da panqueca. — Ela disse que estava tudo bem para ela.

— Sério? — questionou, parecendo surpreso. — Você é a caçula, pensei que ela iria chorar horrores.

— Pelo menos na minha frente ela não chorou. — ergui as sobrancelhas e Noah concordou com um aceno.

— Se prepare que ela vai deixar tudo para o aeroporto. — gargalhou e eu balancei a cabeça, não evitando um sorriso também. Ele tinha razão. Minha mãe com certeza iria chorar muito.

— Ainda está longe. — dei de ombros.
Continuei a comer o resto da panqueca e quando terminei dei um salto da cadeira.

— Me leva para a escola, por favor. — pedi para Noah.

— Por que ficou tão animada de repente? — perguntou. — E ainda está muito cedo.

— Vou encontrar com o Josh.