A Punk

Epílogo

1 semanas depois...

Evandra narrando

Essa foi a semana mais difícil da minha vida. Sozinha nesta casa enorme e tendo que enfrentar a minha realidade, sem nenhum contato com o mundo exterior e com uma carta que ainda não consegui abrir.

Meu pai deixou-me uma carta, eu à encontrei em cima da minha cama naquele trágico dia assim que cheguei a casa, mas ainda não consegui abrir. Não vi nenhum dos meus amigos, e não tenho nem forças para tentar.

Mas eu sei que eu não posso continuar assim por muito tempo, eu sei que tenho que reagir mas o meu corpo não quer, vou passar mais um dia a perambular pela casa que nem um zumbi e a ver filmes totalmente sem sentido. Pelo menos era o que eu queria, mas fui interrompida pelo som da campainha.

"Harggg...quem deve ser agora?"

Eve: Vai embora, eu não quero receber ninguém...- gritei pra pessoa que estava do outro lado da porta, seja lá quem for eu não quero saber.

Kicalo: Deixa de ser cabeça dura e abre essa porta de uma vez...- grita quem eu menos esperava que me visitasse neste momento...- o que eu tenho a dizer é importante

Mesmo desconfiada eu decidi abrir, se ele estava aqui é porque era algo realmente importante.

Eve: Fala de uma vez e depois vai embora, tu tens 5 minutos...- eu cruzo os braços e tento parecer o mais ameaçadora possível, mas a minha aparência totalmente desleixada não facilita o processo.

Kicalo: Eu não vou ocupar muito do teu tempo...- ele também não parece nada bem...- eu vim me desculpar por tudo, tudo o que eu fiz desde que nos conhecemos... - ele respira fundo e continua... - eu sempre tive a necessidade insaciável de agradar o meu pai, nem que para isso eu tivesse que magoar as pessoas, eu o admirava e queria a todo custo parecer-me com ele, pra que ele reparasse em mim e visse o quanto nós éramos parecidos...

Eve: Se tu vieste pra contar-me os grandes feitos do teu pai acho melhor ires-te embora...- as lágrimas começavam a formar-se nos meus olhos pela milésima vez

Kicalo: Eu não vim contar as atrocidades que ele fez, eu vim me desculpar de verdade, eu sei que nada do que eu disser vai mudar alguma coisa, mas eu precisava dizer...- ele respirou fundo e depois continuou...- eu vou embora, vou voltar à morar com a minha mãe, mas antes de ir eu precisava me desculpar, eu sei que não vai ser fácil perdoar-me sendo filho de quem sou e por tudo o que fiz, mas eu peço desculpas sinceramente e espero que algum dia possas me desculpar.

Eu estava totalmente sem palavras, não sabia o que dizer então limitei-me a olhar pra sem dizer uma única palavra.

Kicalo: Não precisas dizer nada, eu já disse tudo o que tinha a dizer e agora vou embora, obrigada por me ouvir...-  ele dá um sorriso amarelo e dá meia volta pra ir embora, mas antes de ir ele vira-se e diz...- e por favor Eve, não fiques assim, arruma-te e acorda para a vida, os teus amigos sentem a tua falta e essa aparência desleixada não combina com contigo.

Ele sorri mais uma vez e vai embora, eu fecho a porta e vou em direção ao meu quarto pra chorar mais um pouco.

Mas no caminho eu passo pela espelho que está no fundo do corredor e olho a caraça que eu estou, e me custa admitir mas dessa vez aquele idiota tinha razão, eu não posso e nem vou continuar assim.

Tomo um bom banho e parece que tirei metade do peso que eu carregava, nada como um bom banho pra me animar um pouco.

Decido abrir a carta, não posso ficar nessa tortura por muito mais tempo.

"Querida Evandra, se estás a ler essa carta é porque provavelmente já não estarei vivo.

Eu nunca fui  um bom pai eu sei, mas saiba que eu sempre me esforcei pra ser o melhor possível, apesar de não conseguir a maior parte das vezes.

Mas sabe que eu te amo e sempre te amei minha filha, apesar de eu ter me metido em tanta confusão e causado tanto sofrimento para a nossa família, e espero que algum dia possas perdoar-me por tudo.

Eu sempre soube que mais cedo ou mais tarde eu seria apanhado e provavelmente morto, então eu deixei uma garantia para que estejas segura.

Durante esse tempo todo que estávamos em fuga, eu juntei dinheiro em uma conta no teu nome, vai ao meu escritório na primeira gaveta da secretaria, tem todas as informações que precisas, e junto dos documentos eu deixei uma passagem de avião para Amesterdão, tu sempre quiseste conhecer, era o teu presente de aniversário, mas infelizmente eu não consigui entregar.

Eu sei que tu és forte e vais superar tudo que ainda está por vir, e eu te peço mais uma coisa, nunca baixe a cabeça para ninguém e continua a ser essa pessoa fantástica que eu tanto amo.

Cuida-te meu anjo, eu sempre estarei perto de você, eu te amo muito filha.

Com amor Pai.

Continua...