Evandra narrando
Quando eu ouvi o tiro, eu tinha a certeza absoluta que não era da arma que estava nas minhas mãos, então só podia ser da arma do homem a minha frente, então fechei os olhos e esperei pela dor, mas ela não veio, então abri os olhos e vi o homem a minha frente cair gradualmente até estar estendido no chão e começar a sangrar deixando todo mundo confuso
Kicalo: Pai!!...-ele corre na direção do pai e acorda-lo, mas é tarde de mais ele já estava morto...- o que aconteceu?
Eve: Eu não sei, não fui eu quem atirou...- eu me defendo do óbvio já que o tiro foi nas costas e não tinha como ser eu...- mas eu não vou dizer que sinto muito.
XX: Se dissesse provavelmente eu também lhe daria um tiro...- diz a mulher de cabelo azul e olhar assassino que acaba de entrar na sala, eu reconheceria essa mulher até no meio de uma multidão se fosse necessário
Eve: Nebula, você voltou...- corri até ela e dei-lhe um abraço...- eu pensei que já estivesse a quilómetros de distância daqui
Nebula: Impossível, já que você não consegue cumprir a simples missão de fugir em segurança...-ela diz com ironia
Kicalo: Quem é você e porquê matou o meu pai?...-ele perguntou com lágrimas nos olhos
Nebula: Ahhhh!! O filho do chefão...-ela diz com desdém...- sou só mais uma das pessoas que não gostava nada dele
E antes que o Kicalo respondesse ouvimos os grunhidos do Ricardo convalescendo nos braços da sua irmã, vou na direção deles, e agacho-me pra poder ouvir melhor o que ele diz.
Larissa: Irmão por favor não me deixe...- ela chora e segura na sua mão...- nós precisamos de você, nossa mãe, nossos irmãos, eu preciso do meu irmão mais velho
Ricardo: Não precisa não, por mais que me custa acreditar tu já não és uma criança, já não precisa da minha proteção...- ele levanta a mão com dificuldade e põe no rosto da Larissa, fazendo carinho com o polegar na sua bochecha...- olha para você enfrentando bandidos e até levou um tiro...-ele tenta sorrir mas se contorce com a dor do esforço...- eu sei que você vai tomar conta da nossa mãe e dos nossos irmãos por mim
Larissa: Eu não quero, nós precisamos de você lá...- ela chora ainda mais...- não nos abandone por favor, a polícia deve estar quase a chegar eles vão salvar você
Ricardo: Não vai dar tempo, eu te amo irmã e nunca vos abandonarei, onde eu estiver que provavelmente não será um lugar muito bom, mas mesmo assim eu darei um jeito de cuidar de vocês...- ela chora ainda mais e aperta a mão do irmão que agora olha para mim...- e você minha ruiva marreta, vê se não se mete em confusão na minha ausência tá bom
Eve: Isso é uma coisa que eu não posso prometer...-eu sorri e agarrei a sua outra mão...- mas posso tentar
Ricardo: Nem você mesma acredita nisso...-ele começa a tossir e a falar mais devagar...- eu realmente gosto de você, mas parece que o universo não está a nosso favor, nunca me esqueça...- eu abanei a cabeça positivamente e deixei mais lágrimas rolarem...- e sem esquecer de você Marcello, eu sinto muito pelo seu amigo, mas era o meu trabalho
Marcello: Você salvou a minha vida, eu te perdoo, não consigo esquecer, mas perdoo sim...- ele diz com total sinceridade
Ricardo: Obrigado...-ele agradece e tosse mais ainda, ele está totalmente pálido e quase sem pulso, os seus olhos que antes me transmitiram tanta sedução agora estavam quase sem vida, ele volta a olhar para a Larissa...- eu te amo irmã, nunca esqueça disso...- ele diz e o fio de vida que ele ainda tinha nós olhos desaparece e ele nos deixa para sempre
Larissa: Ricardo por favor...- ela chora ainda mais e tenta acorda-lo...- não faz isso, eu ainda preciso tanto de você...- ela continua a abraçar e a tentar acordar o corpo sem vida do seu irmão, eu a abraço por trás ela retribui e choramos juntas
Nós choramos tanto que eu até esqueci-me de tudo que estava a volta, eu chorava por tudo, eu vivi tanta coisa nesses últimos anos, desde os problemas do meu pai, a morte da minha mãe, as mudanças, tudo o que eu ganhei e perdi nesse tempo todo, amigos, amores, tudo, agora está tudo encerrado, o pesadelo acabou, e junto com ele foi-se tudo
Já não há nada, nada para ter medo, nada pra me esconder, mas eu ainda estou aqui e tenho que seguir
Sou trazida de volta à realidade pelo barulho da sirene da polícia, ainda estou abraçada à Larissa que está aos prantos, Marcello está do nosso lado, Kicalo está ao pé do corpo do pai e nem sinal da Nebula.
A polícia nos escolta para fora da tão temida cabana, quando eu ponho os meus pés para fora finalmente consigo respirar, apesar da agitação toda a minha volta, eu só consigo sentir o quanto é boa sensação da luz do sol na nossa cara, à brisa das árvores, por mais terrível que estejam as coisas, eu renasci naquela cabana, um nascimento doloroso e traumático, no meio de todo o sangue derramado e no meio de toda aquela dor que eu deixei lá dentro.
Agora eu vou ter que encarar um recomeço, minha nova vida, eu ainda não sei como vai ser, mas ainda vou descobrir...
Fim!!
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Próximo capítulo será o Epílogo
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A Punk
Ficção AdolescenteEvandra é uma adolescente de 17 anos que vê a vida virada do avesso milésima vez com mais uma mudança repentina. A simpatia não é uma das suas virtudes e a paciência muito menos, para ela não importa o que as pessoas dizem, ser original é mais a sua...