Draco Black e o Enigma do Príncipe

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o    l i v r o    d e    p o ç õ e s

Draco não estava normal. Qualquer outra pessoa diria que sim. Ele fazia suas piadinhas ocasionais, mexia com seus amigos tanto quanto sempre e ria das brincadeiras dos outros. Harry, porém, o conhecia bem demais. Os sorrisos eram - em sua maioria - falsos, suas risadas eram forçadas e suas piadas eram menos frequentes que antes. O loiro passava longos minutos olhando para o nada com os olhos vidrados, sua mente bem longe dali.

E também havia a estranha distância entre eles. Não era muito aparente, mas Harry a sentia ali como um buraco em seu estômago. Os toques que antes eram rotina se tornaram pouco frequentes, e Draco nunca contava a verdade sobre como realmente se sentia.

Harry começou a perceber essas mudanças quando Draco demora apenas cinco minutos para se arrumar de manhã - meia hora a menos que nos anos anteriores. Nenhum deles disse nada, mas sabiam que as coisas não estavam boas. No momento, porém, só podiam esperar e torcer para o melhor.

Eles encontraram Hermione e Ron ao chegarem no Salão Principal naquela manhã, e todos se sentaram na Corvinal - era a única casa que parecia não olhar para Draco como se ele fosse um alienígena. Além disso, a casa tinha uma das poucas coisas que faziam o loiro dar um sorriso genuíno.

Luna Lovegood.

"Olá, Draco." Disse ela com um sorriso enorme, dando um beijo na bochecha do menino quando ele se aproxima. Draco sorriu.

"Oi, Luna. Como você está?"

"Muito bem." Anunciou.

Ela começou a falar sobre como iria se candidatar para narrar os jogos de quadribol - ideia de Ginny. Draco escutou atentamente, e Harry apenas o observou, aproveitando o raro momento em que o menino se sentiu confortável.

"Algum de vocês se inscreveram para as aulas de Hagrid esse ano?" Pansy perguntou enquanto eles comiam e Luna ainda conversava com Draco. Todos negaram com a cabeça imediatamente e se entreolharam. "Bem... Merda." Disse a menina.

"Mas ele não pode realmente pensar que continuaríamos a cursar Trato das Criaturas Mágicas!" Comentou Hermione perturbada. "Quero dizer, quando foi que algum de nós manifestou... sabe... algum entusiasmo?"

"É isso aí, né?" Disse Ron, engolindo um ovo frito inteiro. "Nós fazíamos o maior esforço nas aulas porque gostamos do Hagrid. Mas ele achou que gostávamos daquela matéria idiota. Será que alguém vai continuar até o N.I.E.M.?"

"Honestamente, nem pensar." Comentou Blaise, e pelo silêncio dos outros garotos, eles concordaram.

Sabiam perfeitamente que ninguém de sua turma iria querer continuar em Trato das Criaturas Mágicas. Evitaram olhar para Hagrid e retribuíram seu aceno cordial sem animação quando o amigo deixou a mesa dos professores dez minutos depois.

Terminada a refeição, eles continuaram sentados aguardando o professor Snape descer da mesa dos professores. Este ano a distribuição dos horários estava mais complicada do que o normal, porque ela precisava primeiro confirmar que cada aluno tivesse obtido as notas mínimas nos N.O.M.s para continuar as matérias escolhidas nos N.I.E.M.s.

Draco foi o primeiro deles a ser liberado para todas suas aulas de escolha. Harry o viu se afastar, e notou Theo se aproximando do loiro. O menino segurou seu braço direito, e Draco não protestou - fazendo apenas uma careta - quando o moreno o puxou do Salão Principal. Harry estava tão focado nos dois que nem mesmo viu o professor Snape se dirigir a ele.

"Potter." Falou, e Harry o encarou. O homem o analisou friamente, e por mais que o menino esperasse um comentário sarcástico, recebeu apenas um suspiro. "Deixe-os sozinhos. Eles passaram por muita coisa."