Pequeno incômodo

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O amanhecer, uma vista tão linda para humanos, e tão perigosa para os vampiros e em especial Shouto Todoroki, o último do clã Todoroki.

Correndo contra o tempo, o homem aparentemente jovem de cabelos multicores e olhos com heterocromia acabou por esbarrar em algo, ou melhor alguém e era justamente um lobo, um humano com partes de lobo e cabelos loiros manchados por sangue e roupas rasgadas com as garrafas a amostra, o lobo que assim que o viu avançou contra si várias vezes, Todoroki precisava ir para casa logo, ou melhor para seu castelo, o sol poderia o matar facilmente em segundos.

O meio a meio desvia dos ataques sem dificuldade até as garras do lobo atingirem seu peito causando um arranhão profundo, o sangue quente por ser de linhagem pura escorreu pelas roupas vitorianas fazendo Todoroki se enfurecer.

Ele mataria aquela criatura.

Mataria sem piedade se fosse como sua família, mas não o fez e o sol começou a nascer por entre a copa das árvores fazendo com que o vampiro recuasse e corresse o mais rápido que podia.

— Deixe-me em paz! — Gritou Shouto pulando sobre as pedras.

O lobo não desistiu e correu atrás de Shouto o seguindo pelos vilarejos ao redor do enorme castelo. O loiro uivou alto quando Shouto entrou no castelo e fechou os portões com força, certamente o lobo ficaria ali um bom tempo uivando.

Assim que estava dentro de seus aposentos, Todoroki caminhou até seu quarto indo tomar um banho e se livrar das roupas manchadas pelo sangue, seu olhar era vazio assim como cada cômodo frio daquele lugar sombrio.

Todoroki. escolheu as roupas com calma as deixando sobre – a cama que só usava para se deitar e ler, visto que não dormia – e caminhou para o banheiro indo tomar um bom banho na banheira de granito que estava enchendo devagar, o aroma de citronela ali o confortava e acalmava, a não ser pelos Uivos irritantes daquele lobo lá fora.

Shouto, acabou ficando um bom tempo ali se banhando, seus músculos relaxaram com a água frita e suas pálpebras pesaram, o bicolor sairá d'água e se vestiu rapidamente indo até o corredor que levava as escadarias, ficou andando sem rumo até a biblioteca onde foi ler um pouco dos livros de romance que ali haviam, muitos já Lídia, muitos empurrados, Shouto não ligava muito para arrumação, afinal ele era sozinho ali, não?

O lobo ficou uivando o dia todo, durante a refeição do vampiro até o anoitecer sem pausa, e aquele barulho estava sendo pior que um incômodo, Shouto queria muito ajudar, ou fazer aquela criatura ficar calada, só não confiava e não queria se aproximar de ninguém mais, e seus motivos eram fortes para isso.

Horas depois.

Todoroki acaba jogando o livro longe já com as mãos na cabeça e decide ir ver o animal que ainda uivava, só não uivava tão alto como antes.

O vampiro ao sair para fora sentindo o frio daquele começo noite nota um lobo totalmente ofegante o exausto uivando com o que restou de suas forças, as marcas pelo corpo, o sangue seco e um isso exposto em sua vida, o lobo literalmente não estava uivando normalmente e sim de dor, Shouto travou na hora. Ele foi tão egoísta desde o início? Só agora com mais calma pode perceber o real estado daquele jovem que lacrimejava, o cheiro de sangue se misturava com um outro cheiro e possivelmente era o cheiro do cio, " Ótimo, são duas coisas para preocupar-me  e nem o conheço." Pensou o vampiro se aproximando do lobo sentado em sua frente.

— Quem eres? — Todoroki, perguntou inútilmente sabendo que não teria uma resposta.

O lobo tentou novamente o atacar, o que o fez se afastar rapidamente, "Tudo bem, porque insisto?" Todoroki suspirou e novamente tentou se aproximar devagar com cautela.

— Eu não quero machucar -te, deixe-me ajudá-lo. — Sussurrou.

Todoroki, não sabia do porque estava fazendo aquilo, afinal o lobo o atacou sem motivos, o seguiu e tentou atacá-lo novamente sem motivos plausíveis.

— Não consigo. — Tentou falar o loiro mais rosnou em seguida tentando atacar novamente o bicolor, agora arranhando seu rosto — Me ajuda! — Gritou por fim.

O cio enlouquece os lobos e a dor também, duas coisas que estavam presentes e as palavras do lobo quase não foram entendidas pelo vampiro que mesmo compreensivo não sabia o que fazer.

— Vou levá-lo para dentro,e curar teus ferimentos, depois vejo o que faço com teu cio. — Shouto, se agachou pegando o loiro nos braços e o carregando para dentro, claro que o loiro começou a se debater e tentar o arranhar e morder, só que suas forças já estavam no fim.

Ao chegarem na sala, Shouto o deita no sofá com cuidado.

— Deves estar faminto, vou preparar alguma coisa. — Falou com calma, observando o loiro se contorcendo no sofá com uma expressão sofrida.

Às vezes Shouto se esquecia de como era a fragilidade de outros seres, para ele sentir dor não era comum, frio ou calor e vendo o loiro naquele estado o fez ver que não sabia de nada, no entanto ele estava pensando em aprender.

Carmesim -  TodobakuOnde histórias criam vida. Descubra agora