Cuidando do peludo

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Às vezes Shouto se esquecia de como era a fragilidade de outros seres, para ele sentir dor não era comum, frio ou calor e vendo o loiro naquele estado o fez ver que não sabia de nada, no entanto ele estava pensando em aprender.

Após deixar o lobo na sala, Todoroki passou a ir para cozinha preparar algo para ele, não sabia bem o que preparar então se lembrou que sempre deixava carne em algum lugar, já que não se alimentava da carne dos animais que consumia o sangue. Vasculhando encontrou uma espécie de gaiola com uma raposa dentro, o animal estava dormindo então Shouto foi rápido para matar a raposa sem a fazer sofrer, aproveitando para beber o sangue e preparar o animal.

Assou e com alguns legumes junto na bandeja, o vampiro sorriu vendo seu progresso, não ele não era bom com isso e se sentou um cozinheiro de mão cheia aliz era bom usar a cozinha depois de séculos, a última vez que cozinhou foi para seus amigos e isso fazia mais de séculos. Shouto preparou um suco com algumas frutas silvestres e adoçou com pingos de mel.

Sentindo o cheiro do que preparou, pingou gotas de limão e girando os calcanhares voltou para a sala onde o lobo estava agora no tapete gemendo de dor com os olhos fechados com força, suas garras arranharam todo o enorme carpete carmesim e tudo estava uma perfeita bagunça, tudo bem Shouto pela primeira vez não se irritou tanto.

— Estás bem? — Colocando a bandeja sobre um móvel, Shouto caminhou até o louro — Consegue se levantar ou se sentar?

O lobo negou com a cabeça.

— Me-meio a meio... — Rosnou, engatinhando até o vampiro.

— Veja bem, não sei lidar com isso, pode cooperar? — Shouto, tirou do bolso uma coleira num tom de vermelho e sem o lobo notar, prendeu em seu pescoço a força, puxando a corrente em seguida.

— E-ei! — Puxando, o loiro rosnava e tentava arranhar o bicolor.

— És o único jeito. — Puxando o lobo, Shouto o arrastou até o sofá, pegando-o nos braços — Se morder colocarei uma focinheira em ti.

O loiro o encarou com ódio e rosnando se deixou ser carregado e posto sentado no sofá, Shouto notou o quão grande era a excitação do lobo só ver o volume em suas roupas, também ele estava imundo e com cheiro forte de sangue e cio, os feromônios agitados, causavam um pouco de enjoo.

Shouto, pegou a bandeja e voltou para perto do lobo o encarando.

— Se alimente, depois virei para banhá-lo já que possivelmente não conseguirás. — Com voz autoritária, Todoroki deixou a bandeja sobre uma mesa de vidro no centro da sala, junto dos sofás, e afastou-se Suspirou vendo que não seria fácil.

Saindo dali, Shouto foi para uma área do castelo onde havia corvos em gaiolas e lá era um espaço aberto com jardins.

Escrevendo uma carta para Uraraka – Uma curandeira e amiga de longa data – Shouto, falou na carta sobre um lobisomem ferido e soltando um dos corvos, colocou a carta na pata do animal e o soltou aos céus.

Mandar uma carta, melhor opção.

Ao retornar encontrou o lobisomem deitado com metade do que estava na bandeja, o loiro comeu apenas metade e voltou a se deitar, possivelmente as dores o impediram de comer o restante, de certa forma era triste ver a cena. Shouto precisava banhar o peludo antes da curandeira chegar, um desafio novo para o vampiro que se recusava a aceitar a ideia, todavia não tinha escolhas e o faria. Tocando a face avermelhada do lobo ao tirar uma das luvas brancas, Todoroki sentiu a alta temperatura e o meio lobo estava a suar frio também. "Não posso o deixar morrer, não assim sem nada fazer " Shouto, o pegou em seus braços novamente com a corrente da coleira em uma das mãos e carregou-o para o cômodo em que lhe banhara, visto que o lobisomem não tinha mais forças para se mover, sua respiração começou a falhar, assim que o meio a meio carregou-o até às escadas parou de ouvir a respiração do outro e internamente se desesperou, mesmo não o conhecendo seria algo cruel o jogar em algum canto, correndo para seu quarto, deitou-o sobre sua cama e tratou de abrir a boca do loiro com cuidado e ignorando qualquer hálito ou algo assim, começou a fazer uma respiração boca a boca enquanto que forçava o peito do lobo para o fazer voltar a respirar.

— Não imaginavas o ver fazendo isto, ainda mais com um ser desses, querido Shouto. — Uraraka, estava atrás do bicolor com uma mochila improvisada e um sorriso no rosto, a curandeira e também bruxa havia entrado sem o vampiro notar, o que fez rapidamente o meio a meio se separar do loiro que respirou novamente puxando todo o ar entorpecendo seus pulmões.

— Uraraka. — Chamou-a fazendo a acastanhada sorridente se aproximar sorrateiramente.

— Pobrezinho, estas muito ferido! Shouto, onde tu o encontraste? Ele parece tão jovem. — A curandeira aproximando-se, pegou sua "mochila" tirando dela um punhado de ervas, tecidos e frascos — Uma alcatéia foi brutalmente atacada há dois dia e eles eram iguais a ele, possivelmente eram a família dele.

Shouto, deixou que seus pensamentos fossem transformados imaginação fértil, por incrível que pareça ele imaginou cada detalhe do que ouviu, seu coração sentiu isso, ele havia esquecido muitas coisas durante sua vida e por ironia um ser tão irritante estava o fazendo reviver tudo que esqueceu, ora queria esquecer seu passado, ora queria aprender mais sobre ele.

— Deixe-nos a sós. — Pediu seriedade, preparando tudo que iria usar — Vou tentar banha-lo para cuidar dos ferimentos, fazer curativos e o que mais puder, depois quero falar com você.

Assentindo, Shouto a deixou sozinha com o lobo e se pôs a ir caminhar pelos gastos jardins a pensar em algumas coisas, sobre o que fazer quando o lobo se curar, sobre como iria cuidar dele ou o deixar livre e a questão era que Shouto se sentia solitário demais e ter uma companhia séria bom, o problema era domar o lobisomem que não parecia gostar de si nem um pouco. Parando em meio às rosas brancas, o vampiro se sentou ali para observar o céu, como era madrugada ou frescor o agradava bastante e a quietude também, também alguns pequenos vagalumes enfeitaram aquele jardim maravilhoso e desfrutar de tudo aquilo sozinho era monótono e injusto, todavia era outro dos meus desafios e tristezas do bicolor que estava a ficar sonolento a ponto de se deitar sobre o gramado úmido.

Carmesim -  TodobakuOnde histórias criam vida. Descubra agora