O Menino do Templo

Capítulo 12: Yasuke, O Samurai

   A chuva caía forte naquele dia os três viajantes se abrigavam em uma caverna. Ryotaro já dominava bem a espada e Yuri se mostrou um conhecedor de frutas, raízes e cogumelos comestíveis habilidades aprendidas com os monges do templo.

   Estava frio e os dois tinham conseguido fazer uma fogueira, já fazia nove semanas que estavam naquela situação fugindo até de ladrões e perigos das estradas e sempre juntos, eles sabiam depois de tanto perguntar que estavam quase perto de Nagasaki.

   Yasuke chegou ao que restou da vila encontrou apenas ruínas e corpos em decomposição que inalavam um odor de morte, algo em que ele e seus companheiros conheciam dos campos de batalhas, demorou a chegar já que era uma vila afastada e havia chovido muito por dias. Ele subiu as escadas do que restou do templo foi olhando cada cômodo do lugar em busca de sobreviventes entrou em um quarto que parecia ter sido de uma criança, todo revirado e em bem no chão e meio a toda aquela bagunça algo brilhava era uma moeda portuguesa de ouro. Desceu as escadas do templo e montou em seu cavalo.

- Vamos! Não tem nenhum vivo aqui.

  E saíram da vila. A chuva não parava os trovões assustavam Akemi que saiu correndo e os meninos saíram atrás dele. Yasuke resolveu se abrigar com seus companheiros em uma caverna bem aconchegante que estranhamente parecia ter sido habitada há pouco tempo. Akemi foi pego por Yuri que o agarrou em seus braços.

- Aí esta você!

    O menino nem percebeu o solo enxergado por causa da chuva  ceder por debaixo de seus pés, a terra os carregou até um córrego que estava violento com uma forte correnteza que arrastou o menino e o cachorro.

  Ryotaro se desesperou ao ver a cena e tentou a todo custo salva-los, mas era tarde os dois sumiram nas águas. O samurai na caverna ouviu gritos de menino vindo não muito distante e saiu, ao chegar lugar encontrou um garoto chorando que quando viu aquele homem negro de quase um metro de oitenta e dois de altura, acabou desmaiando nos braços dele.

  Yasuke notou que ele tinha uma espada junto de si, seria um filho de algum guerreiro ou uma vitima assustada de Kurama ou pior um membro do clã Takeda.

Ryotaro desacordado começou a sonhar com Yuri e Akemi e pensar que tinham perdido mais uma vez alguém que amava.

   O samurai Yasuke tinha levado muitas provisões para a viagem, ele e os homens que estavam com ele acenderam uma fogueira. Yasuke tirou as roupas molhadas do menino e o cobriu com mantas quentes o garoto parecia delirar em algum sonho ruim.

Chamava por nomes de pessoas talvez membros da família perdidos no cerco a Kurama, devia ter andado por vários dias na floresta sozinho e talvez comendo apenas raízes .

Os três samurais deram uma boa olhada para o garoto tinham um corpo forte e rosto bem afeiçoado, se fosse bem treinado e alimentado poderia ser um guerreiro útil algum dia, mas Yasuke percebeu algo o menino era cristão e tinha uma cruz de cristo no pescoço.

  Em seus sonhos o garoto só tinha um pensamento, esperava que seus dois amigos estivessem vivos.

  A chuva parou e a noite estava fria, na margem do rio havia um menino desacordado com um cachorro. Catarina alertou seu marido Afonso, um homem de cabelos castanhos e de uma farta barba, fazia um bom tempo que eles andavam em busca de seda. Eram dois portugueses ricos comerciantes de Nagasaki e passaram o dia todo esperando a chuva passar algo que atrasou mais ainda retorno para casa.

- Querido venha a cá, acho que esta criança está morta!

  Para sua surpresa tanto o menino e o cachorro estavam vivos. Afonso pegou os desacordados e os colocou na carroça e seguiu para casa, em poucas horas sem atraso estariam em Nagasaki.

  Com muita mercadoria e um novo servo que poderia servir de companhia para seus dois filhos os gêmeos Fernando e Henrique e Isabel a filha mais velha.

  Yuri dormia e sonhava com Ryotaro gritando por ele e por Akemi, esperava em seu mundo de sonhos que seu amigo estivesse bem.