O Menino do Templo

Capítulo 17: Tanabata Matsuri

   O sétimo mês do calendário lunar era um dia especial para os namorados e para quem amava alguém, era o Tabanata Matsuri, o Festival das Estrelas única época do ano em que as estrelas amantes Vega e Altair se encontravam no céu.

  Ryotaro conhecia pouco da lenda. Há muito tempo uma bela princesa de nome Orihime se apaixonou por um pastorzinho de nome Kengyu em um amor tão puro que agora são estrelas no céu, Orihime se tornou Vega e Kengyu se tornou Altair e os dois só aparecem uma vez no ano para se encontrarem em uma ponte sob um rio de estrelas menores e realizar pedidos dos que tinham um amor perdido.

  Ryotaro acordou cedo fez suas orações pedindo que Yuri,Akemi e seus pais estejam em um bom lugar, tinha pelo menos um retrato de Yuri que ele recuperou da tenta do general, agora usava o cabelo com um rabo de cavalo, o estilo dos samurai e um dia se tornaria um por completo.

Treinava todas as manhãs com Yasuke e também tinha aulas de caligrafia e postura.

   Naquela tarde passeava com Yumi pelos jardins do castelo de Nobunaga, que era os mais belos do Japão e pararam em cima de uma ponte sob um rio de carpas que nadavam lentamente contra a correnteza.

- Yumi ojou-chan, você sente algo pelo Yasuke –san né?

   A jovem princesa quase soltou seu guarda-sol de papel de seda na água e suas bochechas ficaram vermelhas, estava tão evidente assim sua paixão por Yasuke?

- Ryotaro-kun de onde você tirou isso?

-Já notei seu olhar para ele, vocês formam até um casal interessante ele um gigante e você toda delicada.

   Yumi era tudo que uma garota perfeita japonesa podia ser era educada e sabia poesia e tocar instrumentos andava com movimentos leves e delicados e mais era ótima com espadas e adagas, deste pequena foi treinada pelo pai era o costume um dia ela desposaria um samurai e precisaria defender a casa enquanto o marido estivesse em batalhas.

  Os dois voltaram ao castelo e viram Yasuke treinando o brilho do sol reluzia na katana do guerreiro dando uma aura quase divina a ele. Yumi sentiu seu coração arder era aquele que seria seu marido talvez algum dia.

    Isabel gostava de ensinar os servos da casa e Yuri aprendeu o português muito rápido e ele ensinava para ela o japonês e como escrever os ideogramas japoneses ela aprendeu que naquele mês era o festival das estrelas amantes que realizavam pedidos para os corações aflitos, ela tinha um pedido que queria fazer, não queria casar com alguém que não conhecia.

  Yuri falava o português com os membros da casa e japonês quando estava no mercado, naquela manhã foi com Kazumi João comprar papeis coloridos para escreverem seus pedidos para as estrelas amantes naquela noite.

  No caminho o menino olhava as grandes caravelas do porto de Nagasaki e sonhava em ir nelas rumo ao além mar.

- Kazumi-kun , você não tem vontade ir entrar em um desses?

- Não gosto do mar Yuri Tarcisio-kun.

    A noite chegou e as duas estrelas se encontraram no céu sendo separadas por um rio de estrelas menores.

  A tradição mandava escrever seus pedidos em papes coloridos e pendurar em galhos das árvores, se fossem feitos com amor seriam realizados pelos dois amantes dos céus.

  O castelo de Oda estava todo enfeitado para o Festival das Estrelas com várias lanternas coloridas no jardim e fogos de artificio iluminado o céu, Yumi e Ryotaro amarraram seus pedidos e oraram para as serem realizados.

   Em Nagasaki os Barbosa permitiram que as crianças fizessem a tal brincadeira das estrelas Isabel, Henrique, Kazumi e Yuri amararam seus pedidos em uma árvore único que não participou foi Fernando.

  Sem saber os dois meninos haviam feito o mesmo pedido para o casal do céu ,de sonhar um com o outro.

  Yuri sonhou que estava em um belo lugar onde um rio refletia a lua e as estrelas para a surpresa do menino ao olhar seu reflexo estava com cabelos longos e vestido como no passado, ele olhou para uma ponte e viu um rosto conhecido.

  Ryotaro estava sobe uma ponte onde o rio refletia as estrelas e uma figura linda se aproximava dele era seu amigo Yuri.

  Ryotaro levantou seu braço direito e Yuri o seu esquerdo mostrando a linha vermelha que ambos tinham e depois de anos se tocaram as mãos entrelaçado seus dedos e se abraçando em seguida, pena que não podiam falar era com se algo impedisse.

  Era o fio do destino agindo sob os dois meninos ,aquele ainda não era o momento de se reencontrarem.