•Capítulo 13•

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Kai havia nos levado num restaurante mais próximo. Depois de tudo que havíamos passado, acabamos se tornando melhores amigos. Ele demonstrava a maior parte do tempo ser brincalhão, mesmo em qualquer situação. 

— Como foi lá no departamento? —pergunta ele, dando uma garfada no seu prato.

— Um tanto conturbado — digo — Ayla me ajudou na cena do crime, achando o corpo. 

— Mas descobriu o que causou isso? — pergunta Kai 

— Não diria descoberta, mas parece que a pessoa foi atacada por...lobo — digo a última palavra, quase num sussurro.

— Lobos? — disse, me olhando assustado - Mas nunca soube de relatos de lobos por aqui...

- Você poderia dar uma verificada pra mim? - pergunto - Nós achamos que pode ser alguma obra do Charles, algum ser que ele mantinha preso, daquele lugar assombroso - digo, me arrepiando.

- Vou verificar. Ainda tenho contato com Scott, então podemos ver se é algo lá e descartar caso não houver, ou há um outro sobrenatural a solta - disse ele, colocando uma das mãos sobre a cabeça.

- Tem razão - digo, dando a primeira garfada na comida.

Acabamos de almoçar, logo depois resolvemos ir embora. Kai não pôde me levar pois havia sido chamado numa emergência. Caminho pelas ruas de Illinóis, sentindo a brisa fresca no rosto, e o sol escaldante naquela época do ano. A cidade sempre foi acolhedora, com um vista de deslumbrar qualquer pessoa que viesse visitar a cidade. As praças eram lotadas de pessoas, tirando fotos e, muitas passeavam com seus bichinhos de estimação. O clima gélido predominava as ruas, era notável pessoas andando bem agasalhadas pelas ruas.

Já para mim, o clima frio nunca foi um problema, visto que recentemente descobri que sou um Cão do Inferno, então a temperatura quente sempre foi algo natural para mim. Em meio a devaneios, acabo chegando ao departamento, me deparando logo com o xerife Stilinski, conversando com um dos encarregados da cena do crime. Ao notar minha presença o vejo vindo em minha direção eufórico.

- Parrish! ai está você - disse ele, me dando uns tapinhas - Descobrimos a identidade do corpo que você encontrou. Seu nome era Jake, aproximadamente 36 anos. Trabalhou em uma alfaiataria junto de sua esposa, Gardênia - terminou a frase, suspirando por fim.

- Parecia ser um cara humilde - digo, com um certo tom de desapontamento na voz - Sabe o que ocasionou a morte dele? 

- No momento não, e também não há suspeitos - respondeu - e Parrish, temos visita para você, lá na sua sala. 

Me pergunto quem seria essa hora, tentando adivinhar alguns palpites. Penso se seria Katherine voltando com mais uma de suas descobertas, ou Ayla tentando descobrir mais coisas sobre o paradeiro de Charles e seu exército. 

Mas ao chegar, na visão onde daria minha sala, fico imóvel, incrédulo com quem eu acabara de ver. Penso se seria melhor acionar Kai e sair correndo dali, ou se eu seria capaz de enfrentar eles sozinhos sem chamar atenção.

Charles e Grish, conversavam sentados na cadeira, com as cortinas levemente entreabertas, enquanto ambos bebericavam seus copos de café. Mando uma mensagem rápida a Kai, dizendo que eles estavam aqui, provavelmente atrás de mim.

Dou mais alguns passos, levando a mão na maçaneta que dava acesso a minha sala. Estava com o coração palpitando e na minha mente passavam mil e um pensamentos e desejos horríveis, provavelmente projetados pelo Cão do Inferno, que deve estar louco para sair do controle a qualquer momento. Decido ignorá-los, tentando manter o controle no meio de tantas pessoas ali no departamento.

Abro a porta lentamente, enquanto a mesma, faz um rangido baixo, o suficiente para atrair a atenção e olhares de ambos em minha direção. Grish ergue uma das sombrancelhas, lançando um olhar malicioso, junto de Charles, que imediatamente ordena que eu entre.

- Que bom te ver, Parrish - lançou ele - Feche as cortinas para conversarmos melhor. 

Faço o que ele havia pedido, enquanto ia fechar as cortinas sinto um hálito gelado em minha nuca.

- Espero que você não se estresse aqui, já pensou que pena seria descobrirem que você é o cão do inferno, e quando menos esperam BOOM! - sussurrou ele - o departamento acaba pegando fogo!

- Deixa ele, Grish - ordenou - sente Parrish. Vai ser uma conversa amigável - respondeu ele, apontando para a cadeira ao lado oposto da mesa.

Me sento, sem trocar nenhuma palavra com eles, suando frio e sentindo o suor escorrer pelo meu rosto. Podia sentir no fundo, a besta querendo tomar posse do meu corpo, trazendo a tona todo tipo de rancor e raiva de ambos. Grish girava nas mãos um pequeno revólver metálico, enquanto coronel Charles parecia sereno.

- Viemos aqui propor um acordo - disse Charles quebrando o silêncio - Nós não o levaremos. Apenas queremos saber onde está Katherine.

- Merda - respondo - vocês só pensam nela? Dá um tempo, devem existir tantos sobrenaturais por ai - resmungo irritado.

- Nós a queremos por causa do poder dela - enfureceu Grish - Já viu o que aquela belezinha é capaz de fazer?

- JÁ CHEGA - respondo enfurecido, sentindo a besta queimar meus olhos - Se vocês querem tanto ela, por que não a procuram vocês mesmo?

Olho para Grish, encontrando-o sorrindo maliciosamente. O mesmo dá um soco na mesa, partindo em minha direção, irritado com o que eu havia dito.

Para minha surpresa, sou surpreendido por Kai invadindo a porta, com um semblante de ira em seu rosto. O mesmo lança um feitiço de proteção em mim, fazendo com que o soco de Grish fosse defendido, atingindo e caindo de costas no chão.

- Saiam de perto dele, seus imprestáveis - repreendeu Kai - ou se não o próximo feitiço será para  causar dor em vocês - dizia, permanecendo com suas mãos fechadas em um punho.

- Eu tenho pena de você, Malachai - retruca Charles, se levantando da cadeira, indo ajudar Grish - você se acha um bruxo poderoso mas seu ''poderzinho'' não é NADA!

- Você está enganado coronel - brincou Kai, sorrindo maliciosamente erguendo a outra mão em direção de ambos - Phasmatos Pyrox Morsinus Illum.

Após proferir essas palavras, os dois caíram agonizando no chão, segurando suas cabeças, enquanto gritavam desesperados de dor.

- Vão embora. Não terá Katherine tão cedo - fala Kai - e se ainda tiver dúvidas, tenho certeza que a besta de Jordan cuidará dessa situação.

Charles e Grish saem da sala cambaleando, ambos sem olhar para trás enquanto davam passos largos para fora do departamento.

- Você está bem? - pergunta Kai, retirando a magia que havia lançado sob mim - ainda bem que cheguei no momento certo. Não imaginaria o estrago que eles poderiam fazer.

- Eu tô ótimo - respondo soltando a respiração, suspirando aliviado - eu achei que eles iriam me levar de novo. Mas o que eles tanto querem com Katherine? - pergunto

- Ela é importante para eles - falou - Katherine é uma banshee, Jordan. Tem noção do estrago que ela pode fazer? — indaga Kai.

Ela é poderosa — repito para mim mesmo. Nós precisávamos proteger ela a todo custo, se não a guerra iria começar cedo demais..



THE HELLHOUND { REESCREVENDO }Onde histórias criam vida. Descubra agora