•Capítulo 15•

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- Como quiser - Grish solta a gravação das câmeras de segurança.

As imagens mostravam o momento que eu dei entrada na cela onde eu estava aprisionado. Não era Charles ou muito menos Grish que me seguravam, mas era Kai. Mas ele parecia assustado diante daquilo que ele estava fazendo. E por um longo momento ele saiu da cela, com as mãos na cabeça, parecendo estar realmente preocupado.

- Isso ainda não explica muita coisa - digo - Por que não explica você mesmo?

Charles toma o controle das mãos de Grish, pausando por um momento.

- Ele não queria que você se lembrasse do que aconteceu antes de você vir para a cela - diz ele - Nós estávamos te perseguindo depois que seu alterego surtou e quis matar todo mundo. Kai então se comprometeu a ir na frente e te salvar.

- E graças a minha audição apurada de vampiro, consegui descobrir as palavras que ele disse no momento que te capturou - complementou Grish - *Phasmatos veras nos ex malom. Terra mora vantis quo incandis por vasa quo errum signos.

- Resumindo - Charles explicava - Ele usou um feitiço de selagem em você, e fez você esquecer tudo que aconteceu antes do incidente.

- Que incidente? - pergunto inquieto - Eu matei pessoas inocentes?

- Explica pra ele, Grish - ordena Charles.

- Você morreu e renasceu numa missão no Afeganistão. Mas os soldados que estavam com você acabaram descobrindo e te chantagearam tanto, que o único sobrevivente foi Kai. Você não estava em si, ateou fogo em todos e escapou. Estava sem rumo quando descobrimos onde você estava.

Eu estava sem reação. Eu matei alguém. Eu sujei minhas mãos de sangue por conta de um alterego estressado e raivoso. Naquele momento, eu estava me sentindo a pior pessoa.

- Kai por proteção quis te ajudar a esquecer tudo isso - diz Grish - Talvez ele tivesse medo que esse alterego saisse do controle de novo e acabou fazendo isso.

- Mas ai que está a pergunta, Grish - interrompe Charles - Por que? Ele queria tomar o Cão do Inferno de Jordan talvez? Ou descobrir como passar ele para outro corpo e poupar seu amigo?

- Creio que seja bem pior meu caro coronel - ironizou Grish enquanto rodava o controle da tv entre os dedos.

- Kai sabe desde o principio da guerra que vamos travar entre o mundo sobrenatural. Ele não era idiota de te esconder visto que ele mal sabia te conter direito - riu Charles - Então ele não teve escolha.

- E resumindo - Grish levantou da cadeira batendo os pés de forma nervosa - Kai não tem um lado certo.

- Parem... - digo entre dentes - Kai está do meu lado, não foi a toa que ele sempre protegeu a mim e a Katherine.

- Se ele fosse um bruxo tão poderoso como diz, ele saberia como conter seu alterego, em vez de entregar você para nós - diz Charles - E provavelmente ele sabe o que aconteceu com detalhes naquele incidente. Aconselho conversar com ele. Por hoje você está liberado, Jordan - diz ele se levantando da cadeira - Grish irá te levar.

- Obrigado mas eu vou apé - respondo - Não sou idiota ao ponto de deixar Grish descobrir onde eu estou morando, principalmente por que vocês ainda querem a Katherine.

Naquele momento, Charles abriu um sorriso sincero, batendo em meus ombros, abrindo a porta da saída do quartel. Indo para casa, me certifico se não havia ninguem me perseguindo, e começo a pensar nas coisas que haviam dito para mim. Eu quero poder ouvir isso de Kai, que ele admita que isso não passa de uma mentira do Charles.

A poucos passos de casa, vejo a varanda movimentada. Carros parados em frente de nossa casa, e um som tocando ao fundo, ligeiramente alto. Ao norte do quintal, avistei Katherine bebendo e festejando com alguns rapazes em volta.

- Kath, onde está Kai? - pergunto tentando fazer com que ela me ouvisse.

- Ta no quarto dele - diz, virando outro copo de bebida - Vem curtir Jordan - dizia ela com uma voz bêbada.

Dou lhe um sorriso, dispensando-a. Sigo as escadarias que davam ao quarto do Kai, e bato na porta umas 2 vezes. Sem resposta, abro-a devagar, vendo que ele estava sentado, virado para a janela. Seu olhar distante me preocupava, e ao mesmo tempo eu estava torcendo para que não tivesse nada acontecendo.

- Eles te contaram, não contaram amigo? - sinto uma leve tristeza em seu tom de voz. Kai vira me encarando nos olhos. Seu semblante era notável de arrependimento.

- Contaram - digo, me sentando ao seu lado - Mas quero saber de você, amigo. O que realmente aconteceu?

- Tudo começou em 1900 no Afeganistão. As trincheiras estavam lotadas, ouvia-se tiros para todos os lados e pessoas caídas no meio de uma guerra. Uma bomba havia sido implantada e você era o único que sabia como desfazer ela. Mas por um descuido você explodiu junto. Eu estava com meus parceiros da linha de frente quando ouvimos o barulho da explosão. Saímos correndo tentando ver o que havia acontecido e você estava sem pulso, caído no chão.

- E como esse Cão do Inferno se apossou do meu corpo? - pergunto, o interrompendo.

- A explosão. Não era para você ter morrido. Ele te designou para uma missão, e creio que será a de parar essa guerra que Charles pretende começar - diz Kai.

- Mas e quanto a você? - pergunto - Por  que me levou para aquela cela? Não consigo entender.

- Por que eu queria salvar você. Eu sabia que la no fundo o meu amigo estava vivo, e sei que você jamais se perdoaria se soubesse o que seu outro eu fez. Também sei que esse alterego não iria te tomar por inteiro. Então eu corri, corri muito pra que eu pudesse te conter. E Charles me ajudou a entender como funcionava seu ser sobrenatural.

- Então você nunca esteve do lado deles? - pergunto calmo.

- Não. Tudo que eu fiz foi pra poder te manter vivo e bem. Eu não sabia como o Cão do Inferno se comportava - diz ele com a voz trêmula - Me desculpa amigo.

Kai não era do tipo que se debulhava a chorar, e vê-lo dessa forma me comoveu. Puxo-o para mais perto, o envolvendo num abraço reconfortante. Eu sabia que no fundo encontraremos um jeito de parar essa guerra.

Até que uma luz surge na minha cabeça.

- Kai - chamo-o - Tive uma idéia brilhante - digo eufórico.

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⏰ Última atualização: Jul 18, 2022 ⏰

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