THE HELLHOUND { REESCREVENDO }

•Capítulo 10•

    Caminhávamos sob a vasta rua de Illinóis, observando a paisagem que aquele lugar nos proporcionava. Ainda com meu corpo um pouco carbonizado devido as chamas, as pessoas me entreolhavam em volta, porém não dou muita importância. 

Chegamos até um edifício alto, com poucas pessoas naquele local. Katherine havia me dito que a maioria dos médicos ali faziam partes do mundo sobrenatural. Pegamos o elevador, permanecendo ainda em silêncio.

Chegamos até um andar deserto, com apenas uma porta a nossa esquerda. Na porta, Katherine me entrega uma blusa nova junto com uma calça, para que eu pudesse tirar aquelas roupas queimadas do meu corpo. 

Já com as roupas novas no corpo, lavo meu rosto e me livro daquelas roupas queimadas num lixo mais próximo. Me junto a Katherine, e ela abre a porta lentamente. O quarto era todo branco, com apenas alguns detalhes em preto, e no canto, Kai estava sedado, parecendo estar dormindo tranquilamente. Ayla nota a nossa presença, nos chamando para um canto longe dele.

- Como ele está, Ayla? - pergunto a ela, com uma certa preocupação na voz.

- Ele está melhor, e logo estará recuperado Jordan - respondeu ela, me tranquilizando - Ele acordou agora pouco, perguntando sobre vocês.

- Que bom - respondi tentando disfarçar a empolgação. Ver Kai bem era minha maior prioridade no momento.

- E o que deu com Grish e Charles? - perguntou ela - Você fez algo não fez, Jordan?

Katherine me entreolhou, com os braços cruzados, esperando alguma resposta.

- Não fiz nada com eles, apenas joguei uma labareda para que pudesse atrasá-los - respondi, enquanto olhava para Katherine - Não machuquei ninguém. 

- E você ? - Ayla perguntou apontando para Katherine - Como você nos achou? 

- Ela é uma banshee - respondeu uma voz fraca - Elas geralmente são as primeiras a saber quando alguém próximo está prestes a falecer ou morre de forma sobrenatural, avisando tal fato através dos gritos - disse Kai se apoiando na cama.

- Kai, você está bem? - disse ao vê-lo, indo até sua direção - Céus Kai, fiquei preocupado com você. Como que descobriram tudo?

- Grish desconfiou que eu estivesse praticando alguma magia quando o Cão do Inferno se manifestava - disse Kai cerrando os dentes - Charles ligou isso de alguma forma a Katherine e vinha me aprisionando desde então - dizia ele, enquanto olhava ao longe - Céus aqueles dias foram horríveis.

- Se acalme Kai - o confortei colocando uma das poltronas perto da sua cama - Todos nós estamos aqui seguros. Charles não irá nos encontrar mais.

- Eu não diria isso - retrucou Kai - Charles está planejando começar uma guerra com todos os seres sobrenaturais que ele prendeu. Entre vários experimentos, você - disse ele apontando pra mim - Foi um dos seres sobrenaturais mais fortes que ele já encontrou.

- Então eu iria ser usado como arma de guerra? - bufei, percebendo que meu tom de voz estava se alterando - Porque Charles é tão patético assim? 

Cambaleei de costas, sentindo uma grande onda de calor subindo pelo meu corpo. Não, eu não poderia me transformar agora. Meus pensamentos foram inundados com diversas torturas que Charles havia me feito passar. Já não estava conseguindo mais enxergar ninguém presente ali na sala. 

- Droga Jordan... Por que logo agora - pude ouvir a voz de Kai em minha mente - Me desculpe mas terei que fazer isso para te acalmar. - ''Gadyen nan balans, gadyen nan la foi. Se pou poucas sa sa fe''.

Minha visão havia ficado turva. Em poucos segundos, senti o impacto do meu corpo no chão, e por fim, só consegui enxergar a escuridão.

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Horas depois, acordo num sofá. Ayla estava conversando com Katherine e Kai estava de pé. 

- Ah você acordou - disse Kai, se aproximando do sofá onde eu estava, me dando um tapa na cabeça - Você ficou maluco? Queria colocar fogo nesse local? - exclamou Kai, rindo da minha expressão.

- Ai - disse, passando a mão sob a cabeça - Eu não tenho controle sobre essa coisa, Kai - disse a ele, revidando o tapa de forma amigável - O que você fez?

- Tive que usar um feitiço para que pudesse sedar seu corpo. E deu certo - disse ele dando uma piscadinha.

- Ainda sou acordado a tapas pelo meu amigo - resmunguei

- Não seja besta, Jordan Parrish - retrucou Kai - Vamos embora daqui. 

Nós 4 se dirigimos até a saída do hospital, decidindo que iriamos para o esconderijo de Kai. Ayla se despede de nós, desaparecendo na sombra da Kitsune, sem ser notada. Kai por sua vez, estava cochichando algo baixinho, enquanto Katherine passava um gloss, se olhando no espelho.

- Katherine, nós temos que conversar. - disse quebrando o gelo.

- Sobre o que? - respondeu ela voltando a atenção para mim.

- O que aconteceu comigo antes de - suspirei - você sabe, eu ir para a prisão. 

Katherine parou de andar, enquanto ela entreolhava para Kai. 

- Você não se lembra? - perguntou ela. Seu semblante havia mudado.

- Olha Jordan - disse Kai tomando frente da conversa - Você ainda não sabia muito bem controlar seus poderes, então você acabou machucando várias pessoas ao seu redor - suspirou Kai, enquanto colocava uma de suas mãos sob meu ombro - Katherine também se feriu muito na época, e Charles o descobriu, o sedando e levando embora. Eu escondi ela temendo o pior. Decidi me alistar para poder te tirar de lá, e descobrir o que Charles estava tramando. Ele então se sucumbiu a guerra. Determinado a isso, ele mesmo prometeu que te usaria como cobaia, estudando seus poderes e o que o Cão do Inferno tem de tão poderoso - completou Kai, enquanto abria a porta do esconderijo nos dando passagem.

- Charles é doente - exclamei, dando passagem para Katherine - E que obsessão é essa que ele tem por ela? 

- Katherine seria usada para o mesmo propósito que você - respondeu Kai - Seu grito seria estrondoso.

- Há algo que possamos fazer para deter isso? - perguntou Katherine se acomodando no sofá - Ele parece ser bem persistente. Isso me enoja - disse ela mostrando a língua.

- Nós pensaremos em um jeito - disse Kai - Temos que começar a viver nossas vidas normalmente, mas tomando cuidado. 

- Então eu posso voltar ao departamento do Xerife? - perguntei empolgado. Desde que eu havia me mudado para Illinóis, sempre quis ser policial.

- Poderá, portanto - completou Kai - Tente manter isso em segredo dos demais policiais. Eles adoram se meter em assuntos sobre algum incidente - disse Kai num tom de deboche

- Espero que essa indireta não seja para mim Malachai - retruquei estreitando os olhos. 

Rimos diante daquele momento, e percebo que estava feliz novamente. Estava reunido com meu melhor amigo e Katherine, e finalmente estava me sentindo seguro. Eu estava em casa novamente. Só precisamos achar um jeito de deter Charles antes que uma guerra se inicie.