Capítulo Trinta e Seis(Flashback 2)

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Porém os pequenos segundos de paz não duraram muito, antes de ouvir novamente sons se coisas quebrando, e depois gritos. Sem pensar muito, corri para a sala para ver o que estava acontecendo, e não pude deixar de me surpreender com a cena. Saeko-sama estava de um lado checando o pescoço da mãe de Mafuyu, ao mesmo tempo que evitava contato de ambas com aquele homem; que estava mais do que feliz do outro lado com um pedaço de vidro nas mãos que estava com pequenos vestígios de sangue. Eu não precisei pensar muito para descobri o que havia acontecido. Apenas nesse curto período de tempo, ele já conseguiu atacar ambas as duas de uma forma que nem eu seria corajoso o suficiente para fazer, diretamente nos pontos fracos.

- Aah, tão frágil, e ainda acha que pode defender alguém! Até mesmo aquele garoto estúpido conseguiria reagir bem depois de um ataque desses. -

Disse ele jogando o vidro para o lado e andando um pouco pelo local enquanto murmurava algumas coisas que não pude entender. Sem pensar muito, fui até Saeko-sama e Satou-sama. Ele apenas me seguiu com o olhar, mas após isso não fez mais nada.

- Ah, que susto! -

Saeko-sama disse em um pulo quando notou minha presença aqui. Satou-sama apenas relançou um olhar, como se estivesse sem mais energias para falar nada. De fato: ela acabou de explodir de raiva aqui mesmo, reagiu de uma forma que imagino nunca ter feito antes a julgar pela forma que todos ficaram chocados. É uma surpresa que ela ainda esteja perfeitamente de pé agora, porém imagino que seu piscicologico esteja um tanto abalado. Há tantas perguntas que quero e até mesmo preciso fazer, mas não é necessário muitas palavras para entender que não é o momento certo para isso.

- Inúteis, todos inúteis. E pensar que aturei aquela criança por tanto tempo... -

Sem muito esforço, pudemos ver que a expressão de Satou-sama mudou novamente. Eu e Saeko-sama demos um breve olhar, sentindo que teríamos que aguentar mais alguns minutos de discussão e coisas voando por ai.

- Não me olhe assim! Ele sempre, seeeempre foi estranho... Com aquela voz irritante, e aparência frágil... Não deve ser meu filho! -

Ele disse parecendo notar que Satou-sama se irritou, e disse isso para provocar ela mais e mais. Nem eu estou começando a aguentar mais isso, e de forma inconsciente revirei os olhos. Apenas não esperei que Saeko-sama tivesse a mesma reação que a minha, e até mesmo bufou.

- Vocês apenas discordam comigo por que não viveram com ele por tempo o suficiente. É irritante a forma como ele nunca sabe de nada, nem nunca fala algo útil, e a forma que ele fala. Completamente irritante! -

Supondo que ele estava falando comigo e com Saeko-sama, tive vontade de ignorar, porém não consegui ouvir até o final antes de revirar os olhos mais uma vez, decidindo finalmente falar algo.

- Por quanto tempo você viveu com ele mesmo? Pelo que eu me lembre, são só alguns poucos anos antes de você passar mais dez na cadeia, não é?* -

Assim que perguntei ironicamente, o mundo dele pareceu ter desabado, e todo o seu ar de ignorância e falsa autoridade foi por água abaixo. Saeko-sama encostou no meu ombro e suprimiu uma risada, e Satou-sama fez o mesmo. Ele pareceu ter ficado sem reação e gaguejou um pouco, foi quando Saeko Yoshida não aguentou e se apoiou na parede.

- Como se você já tivesse passado tanto tempo com ele! Você mal o conhece! -

Eu digo para ele por quanto tempo eu conheço o Mafuyu ou deixo um pouco da dignidade dele intacta? No final, decidi deixar de dar moral as suas palavras, e voltei minha atenção para as duas. Os pulsos de Satou-sama estavam com profundas marcas vermelhas, assim como a lateral direita de seu rosto estava. Em seu pescoço, uma linha de sangue na horizontal permanecia, e as vezes até mesmo ousava soltar para fora algumas gotas.

Lágrimas de Inverno(Given)Onde histórias criam vida. Descubra agora