Capítulo 17 - Ela veio!

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Em meu "exílio" na praia, imaginei que a morte de Ana Maria pudesse quebrar a dureza em que eu transformara o coração de Elizabeth. Nunca desejei que aquela perda inestimável trouxesse algum benefício para mim.

Por meio de Kelly, fiquei sabendo que em nenhum momento ela comentara sobre mim. Isso me deixou muito triste, pois, sabia que ela ainda tinha uma enorme mágoa para comigo.

Minha amiga me confidenciara que Elizabeth não estava mais com ninguém. Ela só tivera, como ela já havia mencionado antes a mim, apenas alguns encontros casuais, entretanto, ainda estava pura...

Apesar de sua pureza de corpo, contudo, lhe faltava algo na alma e não era Ana Maria. Ela ainda tinha muito rancor e raiva. Em seis anos, Kelly tentou extrair algo da amiga e lá só encontrou raiva, ódio, rancor e desprezo para comigo.

Foram apenas três tentativas arriscadas de saber se eu ainda era importante na vida dela, mas deixei de ser. Então, passou-se mais um ano e alguns meses, até que outra morte, desta vez trágica, nos abalasse completamente.

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Eu estava no trailer e tinha acabado de chegar de uma das tentativas de vender artesanato na praia. Como terapia contra a depressão, eu aprendi por livre e espontânea pressão, a fazer tricô e crochê.

Com isso, eu mesmo produzia alguns produtos para vender. No entanto, era inverno e só quando o sol parecia brilhar mais é que podia arriscar. Minhas contas eram pagas pelo benefício do governo, mas eu recebia ajuda de Gregório.

Amanda nunca exigiu pensão para Fábio, mas eu podia passar o mês com arroz e feijão para que não faltasse nada a ele, nem dinheiro. A minha vida era dura, é verdade, mas suportava por ele, que sempre precisava de mim e eu dele, é claro.

Então, um dia o telefone tocou e era Kátia.

— Regi, tudo bem? – perguntou.

Assenti que sim e a morena de olhos azuis, os quais emprestaram sua cor ao pequeno John, me dera uma triste notícia:

— Regi, o que eu tenho para te falar é triste, o Mark morreu... – disse.

O impacto que senti foi enorme, pois Mark era meu amigo e agora não estava entre nós. Minhas lágrimas caíram copiosamente. Ele partira para junto de Ana Maria, mas eu ainda não acreditava nisso.

— Kelly precisa de você! Ela está arrasada... – disse a morena.

Quando pensei em Kelly, comecei a chorar ainda mais forte, pois minha amiga perdera uma parte de si. Tentei me refazer com certo esforço e procurei explicar sobre Elizabeth, mas ela não queria saber. Entretanto, deu um sinal de que isso não seria um problema.

— Regi, ela está na Inglaterra e não dará tempo para chegar. Kelly me disse que ela não havia conseguido voo – explicou.

Então, diante disso, me prontifiquei em ir ao enterro no dia seguinte e iria de cara aberta. Kátia também iria e disse que me buscaria de carro, então, aceitei a carona da minha cunhada.

Ao desligar, liguei para Amanda:

— Amanda, tudo bem? – perguntei.

Ela respondeu que sim e eu continuei:

— Quero que você fique calma, tá?

Quando ela iria perguntar, eu mandei:

— O Mark faleceu.

Pude ouvi-la chorar do outro lado da linha e não consegui ficar imparcial, tomando o partido do coração e transbordando o oceano de lágrimas que havia dentro dele...

O que ela viu em mim? - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora