Capítulo 19 - O amor vencera

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Não tive coragem de ir trabalhar naquele dia, pois, eu estava muito para baixo. Busquei logo dois comprimidos e pensei mais de uma vez em tomar todas as cápsulas. Como uma tentação, aquelas coisas coloridas pareciam à única solução. Bastava tomas umas 10 ou 15 e pronto.

Você dorme e não levanta mais, resolvido! Peguei todas elas e coloquei sobre um pires. Devia ter uns 40 comprimidos. Tinha de tudo, de relaxante muscular ao antidepressivo de tarja preta. Eu estava estranhamente confiante que aquilo tudo acabaria com minha dor.

Peguei um copo com água e coloquei ao lado. Tentei decidir se tomaria tudo de uma vez ou apenas a metade. Ponderei: "se não fizer efeito?" Eu não queria escapar. Tinha de ser direto e sem volta.

Então, o telefone tocou, mas pensei em não atender. Contudo, e se fosse Amanda? Eu queria me despedir dela e de Kelly. Decidi atender e era minha ex-mulher.

— Regi, você está bem?

Do outro lado, Amanda estava nervosa. Eu respondi:

— Sim, meu amor, eu estou bem. Vou ficar melhor, mas, onde está o Fabinho? Queria ouvir a voz dele.

Amanda disse:

— Sim, ele está aqui.

Ela colocou meu filho ao telefone e começamos a conversar. Eu gostava de ouvir o Fabinho falando.

— Papai, quando a gente vai fazer castelinho de areia?

Respondi:

— Em breve meu menino, em breve... O papai vai estar com você sempre! Em todo lugar...

De repente, eu ouvi um grito pelo telefone, que fez o Fabinho parar de falar. Perguntei a ele o que era e então respondeu:

— Papai, a mamãe tá gritando no celular...

Eu perguntei novamente:

— Fabinho, o que sua mãe tá fazendo?

Meu filho falou:

— Ela tá chorando...

Eu sorri estranhamente e disse:

— Fala pra ela que tudo vai ficar bem, viu? O papai a ama e a você também.

Fabinho começou a chorar e ela assumiu o telefone gritando:

— Regi! Pelo amor de Deus! Não faz isso, eu te amo! O Fabinho te ama!

Enquanto ela dizia tudo isso, uma tristeza profunda se abateu em mim. Falei de volta:

— Você foi a melhor coisa que me aconteceu. O seu amor é de verdade. Mas, eu vivo nesse mundo para ela, você sabe né?

Eu voltei a imitar um sorriso, mas eu não estava feliz. Então, continuei:

— Não se preocupa comigo, pois a dor vai passar.

Amanda:

— Não Regi, me espera que eu estou indo aí!

Ela chorava alto, como se algo atravessasse seu coração lentamente, mas despedi-me:

— Amanda, não chore. Eu te amo e também ao Fabinho, mas vou descansar...

Ainda pude ouvir os gritos dela antes de desligar o celular. Abri-o e retirei a bateria. Pronto, eu não seria mais interrompido em minha missão de arrancar de mim aquela dor.

Peguei um punhado daqueles compridos e joguei goela abaixo, sem pensar. Imediatamente verti todo o copo de água para não engasgar. Pronto, estava feito. Agora era só deitar na cama e partir. Quem sabe eu não encontrasse Ana Maria?

O que ela viu em mim? - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora