Capítulo 5 - Turno da noite

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Meus pensamentos e devaneios se acabaram quando Kelly chegou. Tinha um semblante de satisfação, pois sabia que a mãe de sua amiga logo estaria em casa. Aliviada, a ruiva chegou até mim e disse:

— Ela está bem e logo vai sair. A Li te contou né?

Respondi que sim e indiquei a saída para que pudéssemos voltar ao "castelo inglês". No caminho para o estacionamento eu não dissera nada, porém, quem iniciou a conversa fora ela.

— Reginaldo, queria te dizer algumas coisas...

Olhei-a e balancei a cabeça, concordando.

— Antes de tudo, queria pedir desculpas, pois hoje mais cedo, não me comportei bem diante de você.

Mirei-a com ar surpreso, mas na verdade eu não estava, perguntei:

— Como assim?

Nesse momento, paramos perto de uns carros, pois, não havíamos chegado até o Fusca. Aquela ruiva de olhos verdes muito claros e bonitos me encarou ao se aproximar.

— Te confesso que não tive uma boa impressão sua...

Antes que eu pudesse responder, Kelly adiantou-se:

— Mas foi um pecado de minha parte, o de julgar apenas pelo que eu vejo e não pelo que realmente é. Você está se mostrando um cara muito legal, até mais do que pode imaginar...

Eu não sorri ou esbocei reação, pois, eu sabia que ela continuaria:

— A forma como vocês se conheceram é realmente muito diferente do comum, contudo, isso não é o mais importante, mas sim aquilo que eu vi no espelho retrovisor...

Nesse momento um calor subiu pelo meu corpo. Sim, Kelly havia reparado em algo que Beth não havia visto. Parecia ter sensibilidade em notar os detalhes, embora não o tenha feito inicialmente, quando encontrou aquele cara "estranho" na casa de sua amiga.

— Posso não ter visto o que você é realmente por dentro, mas aquilo foi um sinal de que ela "pode" estar certa em seu caminho...

Continuei paralisado diante da sinceridade daquela ruiva.

— Então, se o que você sente é realmente verdadeiro e forte como parece ser, pode contar comigo para o que der e vier.

Balancei a cabeça concordando, mas ainda queria deixá-la dizer mais. Sim, sabia que vinha o outro lado da conversa, o lado B... Olhando-me com ar mais sério agora, porém, com calma, ela disse:

— Mas, Reginaldo, se você pisar na bola com ela saiba que irei contra você e isso não será nada agradável, você me entende?

Simplesmente concordei, pois, Kelly estava certa. Era sua melhor amiga e não deixaria nada acontecer com Elizabeth. Contudo, o destino mudaria o curso das coisas mais adiante e por duas vezes...

— Kelly, tenha certeza absoluta – frisei essa parte – que eu quero o melhor para Elizabeth. O que sentimos um pelo outro é realmente verdadeiro e você poderá comprovar isso, certamente.

A ruiva agora sorriu e aceitou meus argumentos. Entramos no Fusca e voltamos para a casa de Sir Joseph, porém, no caminho, ela perguntara se eu havia passado a noite no hospital. Não me lembro de Beth ter comentado isso com ela.

Não sei se na conversa entre as duas, naquela enorme cozinha, falaram sobre o assunto.

— Sim, eu passei a noite com ela no hospital. Não podia deixa-la ficar sozinha, pois, a mãe estava sedada e Beth nem havia comido...

Continuei:

— Até saí para comprar um lanche.

Não sei por que, mas omiti a parte estranha daquela noite. Talvez ela não entendesse como Beth entendera e começasse uma nova "situação" entre nós.

O que ela viu em mim? - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora