Capítulo 11 - Consulta

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Acordei por volta das 7h da manhã. Ainda estava absorto em minha tentativa de focar aquele quarto salmão, mas logo, minha memória me trouxe o acontecido da noite anterior.

Eu ficara muito mal, mas, refletindo sobre o ocorrido, outro "incidente" veio de um arquivo guardado em minha cabeça. Sim, não fora o primeiro beijo "não-Elizabetano" que eu levara recentemente. Sofia já tinha tido sua chance e lograra sucesso na empreitada.

Aquele era outro segredo que me atormentava, mas era diferente por algum motivo. Talvez porque aquela garota aparecia esporadicamente e eu não precisaria conviver com ela diariamente. Ela era apenas uma garota qualquer, que se deixou levar pela carência.

Ana Maria era diferente. A fiel esposa de Sir Joseph – sim, eu reitero isso, pois acreditei posteriormente no que ela falara e por que agira daquela forma – tinha uma visão maior. Ela estava disposta a fazer tudo para proteger o futuro da filha e da família.

Estranho como dois beijos tinham impactos diferentes em mim. Sentei na cama e fiquei me lembrando do dia anterior, de como Elizabeth e Kátia estavam felizes. Eu não sabia que elas se gostavam assim e, num determinado momento daquela visita, a morena me chamou de canto.

Sem que Beth pudesse perceber, Kátia me explicou rapidamente que elas pegaram uma boa amizade enquanto o namoro existiu e acabaram ficando muito próximas.

Minha cunhada revelou que não tinha muitas amigas e que já estava considerando Elizabeth como uma irmã, que ela nunca teve. Quando o namoro foi rompido, a jovem "inglesa" se afastou completamente e não atendia mais o telefone. Ela disse que minha amada chegou mesmo a ignorá-la duas vezes na rua.

Não deu para ela contar mais, pois Elizabeth aparecera. Minha namorada nunca me contou esses detalhes, mas não decidi cobrá-la por isso. Também não queria saber mais sobre o passado, pois o que me interessava era o futuro.

As duas estavam juntas novamente e isso era o mais importante. Mal sabia que as nuvens negras se aproximavam e que eu colocaria tudo em risco novamente... Ainda estava nesse pensamento, quando alguém bateu à porta.

— Oi, bom dia, meu dorminhoco... Você tá bem?

Beth tinha o poder de fazer qualquer dia ser uma maravilha. Seu sorriso era como o sol em um dia frio, que me aquecia. Acenei com a cabeça e movi os lábios confirmando meu estado emocional: feliz. Já estava sentado na cama, quando ela entrou e acomodou-se em meu colo, abraçando-me.

Nem esperou que eu fosse ao banheiro, me beijou assim mesmo.

— Nossa, eu nem fui ao banheiro, devo estar com bafo do sono...

Com aqueles olhos lindos, Beth disse:

— Eu não me importo. Nem que você não tenha tomado banho. O importante é que você está aqui comigo e tudo o que eu quero está aqui, com ou sem detalhe.

Cada vez que me lembro dessas e de outras palavras de carinho e amor, vindas da parte dela, a sensação de que Tanatos poderia ter me levado não era totalmente ilógica. No entanto, o perdão é mais poderoso. Eu nem tinha palavras para retribuir aquele amor, mas tentei.

— Minha vida, tudo o que quero é estar assim, sempre com contigo. Aqui ou em qualquer outro lugar.

Ela novamente beijou-me e com mais vontade. Parecia lutar consigo mesma, e estava! Senti sua respiração ofegante e logo percebi que Beth queria se livrar daquela promessa. O corpo era mais forte que a razão, que o compromisso.

Mas, eu me lembrei de outra pessoa e tive que detê-la. Não, eu tive que lutar comigo mesmo e com ela também. A minha mente tentava separar dois corpos que estavam indo para as vias de fato. Observara a mim mesmo, cedendo ao desejo, assim como Elizabeth.

O que ela viu em mim? - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora