Capítulo 9 - Um vislumbre do futuro

12 5 0
                                    

Seus olhos como que diziam: me salva! Sim, a voz familiar naquele sonho, não era de Elizabeth, era Amanda! Mas, salvar do quê? Comecei a me perguntar do que seria, quando rememorei aquele sonho estranho e lembrei-me de algo que realmente me gelou a espinha!

Quem estava de cinza e tinha os cabelos negros como breu? Sofia? Seria ela? Ela estava de vestido cinza no domingo. Àquela altura, eu eliminara a coincidência de meu vocabulário. A garota de olhos negros tinha tudo a ver e busquei na memória o ocorrido. Quando aconteceu? Domingo, 15 de junho!

Não pude acreditar. Era uma premonição! Tudo isso veio à minha mente enquanto dirigia, após deixar Beth em casa. Sofia só apareceu diante de mim na madrugada de 18 de junho. Além disso, minha mãe tivera um sonho ruim antes também.

Entretanto, ainda que tudo parecesse fantástico, eu não conseguia ver como isso afetaria minha relação com Beth. Eu já estava acreditando que nada poderia nos separar. Essa confiança na "força" se mostraria falha e seria minha ruína, por certo.

Os dias que se seguiram foram bons. Assim como Beth me recomendara, fui ao médico e ele me passou uma tomografia para saber se havia algum problema cerebral.

Naquela semana, liguei para Kátia contando que revelara a Beth que éramos parentes e que ela não tinha reservas quanto a isso. A morena de olhos azuis ficou feliz e confirmou que iria estar no dia da visita "oficial" de Elizabeth.

Também Beth me contara mais sobre seu primeiro relacionamento. Eu não pedi que ela fizesse isso, contudo, ela não queria arriscar outra situação como a de Kátia. Talvez ela quisesse se certificar de que, de algum modo, aquele primeiro fracasso não tivesse sido causal...

De minha parte, não encontrei nada que pudesse me ligar ao tal de "Gabriel". Parece que a "força" ainda não agia em nós. Eu não tinha certeza, afinal, pois não investigara a fundo a vida do primeiro namorado dela. Talvez a Grande Roda da Vida ainda estivesse inerte, talvez...

Ainda assim, tudo o que vivemos até ali já era prova suficiente de que algo agia em nosso favor e, infelizmente, também conspirava contra. Disso eu saberia na prática.

Conforme os dias foram passando, meu amor por Elizabeth só aumentava, na medida em que o dia de sua visita "oficial" se aproximava. Seria domingo, 29 de junho, contudo, na sexta que antecedeu a visita, alguém apareceu no escritório...

#

Eu estava em minha mesa, como sempre. Várias notas, certificados e formulários de entra e sai de mercadorias se espalhavam em sua superfície. Como fizera todos os dias daquela semana, eu estava ali contando os minutos para ir almoçar com minha Beth.

Naqueles dias de paz, fizemos muita coisa juntos. Comemos sushi, compramos um celular novo para ela, fizemos fotos com ele (um dos poucos que existam na época) e fomos até ver a tal loja que vende alianças próxima à praça. Sim, já estávamos com pensamentos futuros...

Tirando o pequeno incidente da segunda, tudo corria bem. Precisei de uma assinatura do Gregório, meu chefe, que ficava em sua sala, separada do restante do escritório. Com as mesas isoladas por divisórias baixas, eu não divisara quem estava com ele na sala.

Simplesmente levantei da minha cadeira e fui até lá, mas antes de olhar para o vidro da sala, Samir chamou minha atenção. Ele fizera um sinal com a mão, como que indicando algo no escritório de Gregório. Eu não entendi, então, dei de ombros e virei-me para entrar.

Aí, vi que tinha uma moça conversando com ele. Pensei comigo: Ué? É só uma mulher na sala. Bati levemente na porta. Gregório, sentado em sua cadeira de chefe, daquelas com encosto alto, inclinou-se para o lado e fez sinal para eu entrar.

O que ela viu em mim? - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora