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capítulo 16 • arco 3

KATSUKI BAKUGO

A LUTA ESTAVA literalmente me matando. Eu nunca usei tanto de mim para me proteger na vida quanto agora, além do dia da ilha.

Eu corria, esquivava, usava os poderes dele para ter apoio e ter onde pisar, e ainda atacava, tudo ao mesmo tempo. Se eu sobrevivesse, com certeza Aizawa me mataria depois.

Eu também estava ferido do dia da ilha, mas o que eu poderia fazer? Esperar ele só me matar? Ao menos eu tentaria morrer como herói.

Na verdade... Quero morrer como o herói dela.

Hyuna foi alguém que me salvou, e eu quero salvá-la de volta, nem que seja dando minha vida agora, no auge dos meus 18 anos. Eu quero proteger ela, até que não haja mais fôlego em meus pulmões.

Meus braços pareciam que iriam explodir junto com minhas explosões em massa. Lágrimas brotaram nos meus olhos, mas eu as ignorei, sentindo a adrenalina da luta tomar conta do meu corpo por completo. Por enquanto, isso seria o suficiente para me manter vivo até a morte desse homem nojento.

Olho para o redor enquanto tento correr dos ataques de Chisaki. A escola estava tombando aos poucos para a direita, as vidraças já explodiram todas, o poder de Dabi e Overhaul tomando conta. Os outros vilões lutavam com outros alunos da 3A. Os alunos da 2A evacuavam os alunos da 1A, e os professores também lutavam.

Continuo focado, eu iria acertar o rosto de Chisaki mais uma vez. Eu precisava acertar.

Quanto mais eu tentava focar, mas parecia que eu iria perder. Mesmo que eu não quisesse e eu fosse forte, muito mais forte que no primeiro ano, mesmo assim eu me sentia um perdedor.

—— Você irá morrer agora, não tenho tempo para você —— ele disse, suas palavras indo embora com o vento. Eu me arrepiei. Devo admitir, eu tinha medo do que viria a seguir.

De repente, uma massa concreta de cimento veio contra mim. A explosão de direita falhou, eu não conseguia esquivar e começava a cair.

Aquilo me acertou, e quando percebi, estava com a visão turva e escurecida, o mundo parecia girar. Estava no chão, sentia embaixo de mim um líquido viscoso se espalhar – sangue.

Aquele peso enorme sobre metade do meu corpo, desde o abdômen até os pés, me fazia querer vomitar, mas nem posição pra isso eu tinha. Meu cérebro tentava processar as coisas, a visão tentava se focar. Meu corpo inteiro estava dormente, e se mover de repente parecia ser uma habilidade que eu não tinha.

Chisaki apareceu em meu campo de visão – que era mais o céu cheio de fumaça e escurecido – e sorriu levemente, um sorriso que eu queria socar.

Então ele saiu. Simplesmente saiu.

Respirar parecia difícil. Tudo parecia difícil. Eu não conseguia focar em mais de uma coisa ao mesmo tempo, e meu corpo começava a sentir uma dor lancinante. A adrenalina de estar se movendo em luta acabou, a dormência e dor terrível permaneceu.

Inspirei, meus pulmões e garganta doíam, e eu me engasguei com a fumaça do fogo de Dabi. Eu sabia que não seria resgatado agora. Não me achariam nos escombros agora.

Na minha visão, então, apareceu meu padrasto. Eu poderia estar alucinando, mas eu tinha certeza que vi algo ou alguém. Então sinto um chute no topo da cabeça, isso doeu tanto que eu senti lágrimas surgirem novamente.

Eu
Não, talvez
Céu, ta escuro
Estou...            O que?
Fumaça. Dabi.
Alguém. Uma             Uma pessoa
Alguém importante,                                            alguém, alguém, alguém, alguém, alguém, alguém, alguém, alguém, alguém
Esse alguém
Quer vivo eu
Eu vou
Vida
Correr, correr, preciso
Oi? Tem alguém aí?
Hyu
Começa Hyu                 Hyu não pode...
Eu to sozinho
Sozinho, sozinho, sozinho, sozinho, sozinho, sozinho, sozinho
Dor e sangue, não
Ela não pode sofrer
Sofrer,          sofrimento
Quem é                       ela??????
Ela, ela, ela, ela...

Perdi.

HYUNA KAGAMI

Eu corria de novo, como eu estava fazendo desde que começou. Eu precisava achar Bakugo, os poderes de Chisaki sumiram e poderia ter acontecido de tudo com ele. Eu não quero vê-lo morto, tudo menos isso. Eu preciso dele.

—— Hyuna! É pra você ajudar na evacuação! Você não pode ir ainda... —— Midoriya disse, com a preocupação estampada no rosto. —— Por favor, por mim!

—— Tudo bem, Deku. —— o chamo pelo nome de herói, ele sorri melancólico e eu assenti, voltando a ajudar na evacuação. Eu sentia meu coração apertar.

YURI KAGAMI

—— GHOST! Você deveria estar do lado esquerdo! —— reclamou Himiko, mas eu não consigo prestar atenção.

—— Nós temos um acordo. Todos, menos a Hyuna. —— murmuro, irritado, procurando minha irmã pelo campus destruído. —— Toga, cadê a Hyuna e a turma 3A?

—— Do outro lado, eu já olhei. Ela está viva, Ghost.

—— Ah, meu deus! —— exclamei, ignorando ela, correndo até os escombros. Vendo sangue, me senti no impulso de ver quem era.

Uma cabeleira loira me chamou atenção, e eu vi toda a situação: o corpo de Bakugo estava quase que esmagado contra as pedras, sangue escorria pelos escombros. Seus olhos carmesim estavam perdidos, ele murmurava palavras sem sentido algum.

—— Uou... Ele é forte e é resistente. Está falando coisas até agora para não morrer. —— me impressiono.

—— Agora você decide entre deixar ele aí, ou tirar ele dos escombros e pedir ajuda.

—— Meu estômago vai adorar isso —— mordo o lábio inferior, analisando o rosto pálido dele olhando para o céu. —— Mas vamos lá.

Começou a tirar as pedras de cima dele, usando individualidade na maioria das vezes, vendo seu corpo todo ferido e repleto de sangue. Ele tremia levemente, como numa tentativa de se mover a todo momento, mas seu cérebro parecia concentrado em contar até dez e falar palavras aleatórias fora de ordem.

Quando ele estava sem nenhuma pedra sobre seu corpo, ignoro que Toga pegava um pouco do sangue dele para pôr em algum potinho e o pego com cuidado no colo, começando a levar ele até onde tinha maior concentração de alunos. O deixo caído em um cantinho, olho a loira que me seguia e nós decidimos correr.

Fiz minha parte, agora cabe à Hyuna encontrá-lo.